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Mari Rodrigues

Agradeço às pessoas trans por existirem

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

29/01/2021 04h00

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Esta sexta-feira, dia 29 de janeiro, é mais um momento de relembrar a visibilidade das pessoas trans, tão presentes e tão atacadas. E não poderia deixar de agradecê-las por existirem. Por resistirem. Por questionarem o establishment. Por fazer outras pessoas se questionarem sobre seus próprios conceitos de humanidade.

Poderia fazer como no ano passado e enaltecer histórias individuais, mas sinto que este ano são as histórias de coletividades, tão necessárias neste momento de ódio que vivemos, as que devem ser agraciadas.

Agradecimentos às pessoas trans que estão em cargos públicos, sejam eles políticos ou do funcionalismo. Muitas são pioneiras em suas repartições, e muitas abriram caminho para que outras pudessem trilhar novos sonhos e novas esperanças.

Agradecimentos às pessoas trans que estão nos bancos das escolas e das universidades. Pessoas que podem não ser o orgulho da família, mas são o orgulho de toda uma população que pode sonhar e que, com sua luta, vão tornar realidade o sonho dessa população.

Agradecimentos às pessoas trans que praticam esportes. Mesmo com a usurpação seletiva da ciência por pessoas que não se importam com a saúde das pessoas trans e fazem questão de excluí-las do convívio social, é a sua força interna, que nada tem a ver com questões hormonais, que move a sua busca por plena saúde.

Por que não agradecer também às pessoas trans que estão na prostituição? Em um país onde este é o destino de 90% da população trans feminina, buscar uma forma de sobreviver a este mundo maldito sem recorrer à criminalidade é uma vitória.

São tantas outras pessoas que poderia agradecer, mas é claro que esquecerei de alguém, não por deliberação, mas porque hoje pessoas trans somos tantas e tão diversas e em espaços tão distintos que fica difícil categorizar todo mundo aqui. Então, fica o meu muito obrigada por tornarem isso difícil. Sinal de que estamos ocupando todos os espaços e vamos continuar ocupando-os.

P.S.: Fica também o meu desejo de melhoras à cartunista Laerte, que enfrenta os efeitos perversos da covid-19. Ainda que discorde dela em algumas pautas, agradeço a ela por seu trabalho em desmistificar a existência das pessoas trans e em ironizar o ódio a nós imposto.

P.S. 2: Outra que precisa de nossa solidariedade é Carolina Iara, covereadora de um mandato coletivo na câmara municipal de São Paulo, cuja casa foi alvo de um ataque covarde de gente que não tem o que fazer a não ser espalhar o medo e o ódio. Que a justiça seja feita! Não vão nos calar!