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Eduardo Carvalho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Iniciativa reúne conteúdos para mundo corporativo ser mais plural

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

17/11/2021 06h00

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O ano é 2021, e frente às muitas mudanças ocasionadas nos últimos tempos, uma delas foi a chegada - para sempre - da urgência em se ter diversidade em todos os âmbitos. Estabeleceu-se então uma dinâmica que, para aqueles que são situação, invisibilizados no dia a dia mesmo sendo maioria, se convencionou a ser 'comum' para o coletivo: o teste do pescoço. Não o conhece por esse apelido? É a simples ação de mover para os dois lados sua cabeça, analisando calmamente os atores que compõem o círculo familiar, social e por sua vez, o de trabalho.

Neste, a importância da diversidade tornou-se ainda mais obrigatória, já que figura como ator de mudança significativa ao potencializar, ou não, pessoas ou grupos até então "esquecidos". Não houve empresa que não se atentasse a esse pleito ocasionado de fora para dentro nesta década, influenciada por movimentos da expressão cada vez maior da luta LGBTQIA+ e de pessoas com deficiência; o movimento negro - em grande parte, pela morte de George Floyd, nos EUA e no Brasil, o escandaloso genocídio diário; e as mulheres, não restringindo a pauta apenas ao mês de março, dedicado à elas.

Entendendo que o clamor vai muito além do que as efemérides simbólicas, mas que passavam para baixo do tapete nos outros tantos dias do ano, o mundo corporativo se propôs a criar estratégias de inclusão, a fim de mitigar as desigualdades fortalecidas sobre raça, gênero e classe social. Para um país como o Brasil, antes tarde do que tarde.

Ainda assim, lacunas são sentidas ao passo desses movimentos, e para isso, é preciso atenção. Para contribuir de maneira cirúrgica e propositiva, numa espécie de "vamos abrir a roda, enlarguecer", o Olabi, uma organização social que desde 2014 trabalha por ampliar a diversidade nas áreas de tecnologia e inovação, reuniu numa série de conteúdo um compilado de dicas e orientações ''sobre como criar políticas de acolhimento e retenção de pessoas nas equipes, além de experiências e desafios de empresas que já trilham este caminho''.

O material foi lançado no início deste mês, com a participação de gigantes do mercado como Accenture, Google, Microsoft, Schneider Electric e ThoughtWorks (TW). Lideranças e consultorias brasileiras que se dedicam à causa também chegaram junto, como a Carambola, Indique Uma Preta e Instituto Identidades do Brasil (ID_BR). "Estamos plantando uma semente. Queremos incentivar empresas a construir a diversidade em seus locais de trabalho, não como um discurso, mas como uma política permanente", comenta Sil Bahia, codiretora executiva do Olabi. "Ao mesmo tempo, estamos trazendo a público políticas internas e boas práticas de organizações que já estão trilhando este caminho no Brasil e no mundo".

Para Tom Mendes, diretor do Instituto Identidades do Brasil, as possíveis falhas no processo de contratação e continuidade dos prestadores se dá pela falta de diagnóstico. "Não há dados. Porém, mesmo que o levantamento não seja tão aprofundado, é preciso ter minimamente alguns dados, partir de algum lugar".

Ao mesmo tempo, a busca por melhoria não pode parar. "É necessário rever as práticas e resultados de diversidade e inclusão todos os anos. Sempre descobrimos coisas novas, repensamos esses aprendizados nas nossas práticas, tanto de recursos humanos, quanto em nossos produtos", pontua Flávia Garcia, head de diversidade, equidade e inclusão do Google para América Latina e Canadá.

Entender as atuais dificuldades para se ampliar a pluralidade de pessoas dentro e fora das empresas se tornou missão. Tão importante quanto a criação de mais políticas que não deixem ninguém para trás, é preciso criar mecanismos que assegurem a continuidade desses indivíduos dentro dos quadros. Leva tempo, sabemos, mas com disposição, a estrutura muda. É pra isso que trabalhamos.