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JAC lança caminhão leve T140 e vê mercado automotivo estável

O chinês T-140 em uma de suas configurações de trabalho - Divulgação
O chinês T-140 em uma de suas configurações de trabalho Imagem: Divulgação

Alberto Alerigi Jr.

Em São Paulo (SP)

22/01/2013 15h47

A JAC Motors do Brasil anunciou nesta terça-feira (22) sua entrada no mercado de caminhões leves com o T140, apostando no segmento de VUCs (veículos urbanos de carga), que tem crescido com as restrições à circulação de veículos comerciais de grande porte nas principais cidades do país.

A marca chinesa, que deve iniciar a operação de sua primeira fábrica no país apenas no segundo semestre de 2014, espera vender nos próximos seis a oito meses um lote inicial de 500 caminhões leves de até 3,5 toneladas, importados. A produção local deve ocorrer somente quando a fábrica da empresa na Bahia ficar pronta.

Segundo o presidente da JAC, Sergio Habib, a intenção do grupo é produzir na unidade baiana modelos de até 10 toneladas, que dividirão a instalação com a produção de automóveis que a marca está desenvolvendo para o mercado nacional. A capacidade de produção da unidade será de 10 mil caminhões por ano, além dos 100 mil automóveis previstos. O investimento total na empreitada é de R$ 1 bilhão.

"A JAC estava analisando o mercado brasileiro de caminhões há tempos, mas com o (novo regime automotivo) Inovar-Auto, não dá para vender caminhão no Brasil sem fabricar no país", disse Habib, acrescentando que chegou a negociar com a indiana Tata Motors uma produção local de caminhões antes do regime ser aprovado pelo governo em 2012.

O empresário afirmou que o novo regime "elevou" o patamar de atuação de novas marcas no país ao cobrar mais investimento em produção nacional, fator que pesa no caso de caminhões, pois é necessária uma rede nacional de atendimento, diferente de automóveis, onde a rede de concessionárias pode se concentrar inicialmente em algumas capitais.

PESO LEVE
O modelo apresentado pela JAC, o T140, tem cabine basculante, motor Cummins a diesel, de 2,8 litros e 140 cv e três anos de garantia. O caminhãozinho disputará mercado com modelos como Hyundai HR, Kia Bongo e Iveco Daily, líderes do segmento. Segundo a JAC, o mercado brasileiro de veículos urbanos de carga (VUC) a ser atingido pelo T140 teve vendas de 23,5 mil unidades em 2012.

A apresentação ocorreu pouco tempo depois da também chinesa Rely anunciar sua chegada ao país via importador nacional, a Venko Motors, que distribuirá os comerciais leves da marca no Brasil.

SEGURANÇA
Habib afirmou que o lote inicial do T140 foi importado antes da mudança na legislação que obriga os modelos da categoria a virem equipados com airbags a partir deste ano. Enquanto isso, a montadora trabalha para conseguir adaptar a cabine do veículo de modo que o volante fique em uma posição mais frontal em relação ao motorista.

Atualmente, o volante fica numa posição mais vertical, impedindo a instalação do equipamento, pois o acionamento nesta posição faria com que a bolsa de ar fosse inflada de baixo para cima e não em direção ao motorista, em caso de impacto. Habib não informou qual o investimento para permitir a adaptação.

MERCADO
O lançamento da JAC ocorre num momento em que as montadoras nacionais se mostram mais otimistas, após as vendas de caminhões despencarem quase 20% em 2012, em meio à fraqueza da economia, restrições de financiamentos e mudanças de legislação que obrigaram a instalação de motores mais limpos, e mais caros.

A expectativa da associação de montadoras instaladas no Brasil, Anfavea, é de que as vendas de caminhões no país deverão crescer entre 7% e 7,5% em 2012. Habib disse que espera uma expansão entre 7% e 10%.

Para o mercado de automóveis e comerciais leves, a previsão de distribuidores de veículos representados pela Fenabrave é de crescimento de 3% em 2013, para 3,74 milhões de unidades. Já para o empresário, o segmento não vai crescer este ano, ficando estacionado em 3,635 milhões, para avançar a 3,8 milhões de unidades somente em 2014.

"Não vai crescer este ano porque, apesar da expectativa de expansão maior da economia e da base de comparação fraca com 2012, há fatores de restrição como aumento nos preços dos carros, antecipação de consumo no ano passado por causa do desconto no IPI, crédito ainda restrito e concorrência de financiamentos com o mercado imobiliário", disse Habib.

O empresário afirmou que as vendas de janeiro estão se mostrando mais fortes que o esperado para o mês tradicionalmente fraco, em parte porque os distribuidores estão vendendo estoques de veículos ainda com o desconto maior no IPI, e também porque o "início do ano passado foi muito ruim".

Segundo a Fenabrave, as vendas de automóveis e comerciais leves na primeira quinzena de janeiro cresceram 26,7% na comparação com o mesmo período de 2012. Sobre dezembro, houve queda de 16,7%.