Usado no Monza? De onde vem o motor 'veterano' da nova Chevrolet Spin
O lançamento da Chevrolet Spin renovada ressuscitou uma dúvida: seria o motor 1.8 derivado daquele usado no Monza e em outros modelos da marca no Brasil?
A resposta sucinta é não. O antigo propulsor usado nos clássicos do fabricante é da Família 2, um quatro cilindros que saiu de linha há anos na S10, quando chegou aos 2,4 litros de capacidade.
Isso quer dizer que o motor da Spin é de uma nova geração? Não exatamente. Embora tenha passado por contínuos aperfeiçoamentos, o propulsor é derivado da Família 1.
Para entendermos melhor o que representa cada uma das linhagens mecânicas, o Família 2 foi lançado no Brasil com o Monza há cerca de 42 anos, em 1982, pouco depois do lançamento do quatro cilindros. A sua primeira versão tinha 1.6 litro, litragem que foi subindo aos poucos. A primeira expansão veio com o 1.8, somente depois viria o 2.0 e, posteriormente, o 2.4 e companhia.
A diferença entre ambos está no fato que o Família 1 foi pensado para baixas litragens, embora tenha chegado a 1.8 litro. Já o Família 2 nasceu para "cilindradas" maiores, não foi por acaso que cresceu até os 2.4. Ele foi descontinuado apenas com a chegada dos Ecotec, cujas evoluções incluíam bloco e cabeçote feitos em alumínio.
Moderna para a época, a motorização Família 1 trazia bloco de ferro e cabeçote de alumínio, o que a deixava à frente dos antigos propulsores do Chevette e demais. Somado a isso, foram adaptados cabeçotes mais modernos, incluindo aí os 16 válvulas.
O 1.8 da Spin é da mesma linha usada pelos antigos 1.0 e 1.4, substituídos pelos 1.0 e 1.0 turbo de três cilindros, respectivamente, do Onix e da trupe. Além da minivan, equipou também o Cobalt.
"É um motor capaz e resistente, só é mais antigo. Os outros mais novos têm turbo e outras peças que podem ser mais complexas na hora do reparo. Se você mantiver a manutenção em dia, não há porque dar problemas. E os preços de peças e de consertos não assustam", explica José Ferreira, mecânico que está habituado a lidar com as famílias 1 e 2.
Ao longo dos anos, foram aplicadas várias atualizações no 1.8. Segundo a Chevrolet, as alterações diminuíram o consumo do Spin em 11%, além de prometer mais agilidade nas acelerações e retomadas. Somado a isso, o propulsor também passou a atender os novos critérios de emissões.
Atualmente, o 1.8 está na sua fase SPE/4 (Smart Performance Economy, em inglês, ou performance inteligente de economia). O número quatro da sigla fica por conta do número de cilindros. Outras mudanças foram aplicadas no passado, do número de válvulas ao sistema de altíssima taxa de compressão, inovação introduzida na linha Econo.Flex.
Está certo que um novo motor turbo poderia trazer mais vantagens, especialmente nas acelerações e retomadas com o carro cheio, situações nas quais o torque em baixo regime é essencial.
No entanto, o 1.8 tem agilidade em baixa, um mérito das oito válvulas - são duas por cilindro, o que facilita a entrega em rotações baixas e médias. Em uma comparação direta com o novo 1.0 turbo, seus números não são ruins. São 111/106 cv (etanol/gasolina) e 17,7/16,8 kgfm a 2.600 rpm. Já o três cilindros rende 116 cv - independentemente do combustível usado) e 16,8/16,3 kgfm de torque a 2.000 giros.
Se compararmos o desempenho da Spin 1.8 ao do Tracker 1.0 turbo, a minivan ganha em aceleração, com 10,2 segundos, contra 10,9 s do SUV. Não é um resultado ruim para um quatro cilindros "veterano".
A adoção do três cilindros exigiria mudanças mais profundas, o que aumentaria o custo, e, claro, diminuiria a rentabilidade do carro em si, lembrando que é uma faixa de mercado em que o número de vendas nem sempre estimula mudanças profundas, uma vez que é um nicho de mercado. Não é por acaso que a Spin é um facelift.
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