Plano Diretor: por que trânsito de SP tem tudo para ficar ainda pior
Aprovada na Câmara Municipal de São Paulo nesta segunda (26), a revisão do PDE (Plano Diretor Estratégico) vai permitir prédios mais altos próximos a estações de trem e de metrô.
A revisão também prevê um aumento de oferta das vagas de garagem para apartamentos de mais de 30 metros quadrados próximos ao transporte público. Essa facilidade para atrair donos de carros pode piorar ainda mais o trânsito da cidade, segundo urbanistas.
Para Margareth Matiko Uemura, diretora-executiva do Instituto Pólis, o PDE permite maior número de carros circulando em uma mesma área que hoje já está sobrecarregada de trânsito com veículos particulares e provocando trânsito onde hoje não existe.
"A revisão intermediária do PDU teria que corrigir o que foi proposto, a partir dos estudos que foram feitos pela própria prefeitura e pelos especialistas. No entanto, agravou o problema para atender à solicitação do mercado imobiliário", afirmou.
Meli Malatesta, doutora e professora de Mobilidade Ativa, concorda com ela. Para a especialista, as mudanças vão afetar até o meio ambiente.
"Vai causar uma verticalização, ao meu ver, descontrolada e mais prédios com vagas. Você vai ter a atração de mais carros nas ruas já adensadas. Com mais carros nas ruas, você vai causar um impacto no meio ambiente. A maioria da nossa frota ainda é movida por derivados de petróleo, então vai continuar poluindo e afetando a saúde da população, sobrecarregando o SUS (Sistema Único de Saúde)".
"Além dos problemas respiratórios, as pessoas deixam de fazer coisas importantes porque ficam presas no trânsito e isso também afeta a saúde psicológica. O aumento do congestionamento impacta na qualidade de vida das pessoas no entorno", explicou.
Outros afetados, segundo Meli, serão ciclistas e pedestres, que ficarão em risco com a piora do trânsito em ruas que até então eram mais tranquilas. "Carros também causam acidentes. Para quem atravessa a rua ou divide a rua com o tráfego motorizado, o risco aumenta", afirmou. "Mesmo dando prioridade para o transporte coletivo, pois a malha deixa a muito a desejar. É insuficiente."
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