Por que Onix roubou liderança do HB20 e voltou a ser o carro mais vendido

Em 2021, quando ficou cerca de cinco meses sem ser fabricado por causa da falta de componentes, em plena pandemia, o Chevrolet Onix deixou de ser o automóvel mais vendido do Brasil.

Na ocasião, o hatch compacto cedeu o posto, que mantinha de forma consecutiva durante os seis anos anteriores, para o Hyundai HB20. A situação se repetiu em 2022, mas agora o jogo está virando.

No período acumulado de janeiro a abril de 2023, o Onix se consolidou na ponta do ranking de carros de passeio, com 28.902 emplacamentos - seguido pelo sedã Onix Plus (23.686) e pelo HB20, na terceira posição.

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Vale destacar que, desde 2021, a picape Fiat Strada segue firme na liderança geral, somando 31.823 unidades emplacadas nos primeiros quatro meses deste ano. Mas os números indicam que, dentre os automóveis, será difícil algum rival desbancar o Onix.

Para entender essa retomada, UOL Carros consultou especialistas do setor automotivo e aponta a seguir os motivos da virada de mesa do Chevrolet Onix.

Confira.

Produção normalizada

É verdade que muitas montadoras têm promovido paralisações na respectiva produção, mas isso tem acontecido sobretudo devido às baixas vendas de automóveis novos.

A falta de peças, sobretudo de componentes eletrônicos, já não está mais afetando a indústria automotiva como aconteceu ao longo de 2021 e também durante parte de 2022.

Essa constatação vale para a General Motors, que fabrica Onix e Onix Plus em Gravataí (RS) e, no passado recente, foi bastante afetada pela chamada "crise dos semicondutores".

Claramente, os problemas de semicondutores enfrentados até meados do primeiro semestre de 2022 foram sanados e a produção, regularizada", Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da consultoria Jato do Brasil

Rede robusta de concessionárias

Com a produção estabilizada, a rede de concessionárias Chevrolet, com cerca de 600 unidades, foi fundamental para a retomada da liderança do Onix, segundo especialistas.

A título de comparação, a concorrente Hyundai tem menos de 300 pontos de venda.

O tamanho e a capilaridade da rede autorizada da marca, portanto, representam uma vantagem importante.

"A rede de concessionárias Chevrolet é muito forte, uma das maiores do Brasil. A prioridade da marca é se valer dessa força para trabalhar as vendas no varejo, pois é um mercado muito mais lucrativo do que o das vendas diretas, para locadoras e frotistas", avalia Cassio Pagliarini, sócio da consultoria Bright Consulting.

Promoções agressivas no varejo

Cassio destaca que a direção da General Motors, dona da Chevrolet, tem sabido tirar proveito da sua robusta rede de distribuição.

Com produto disponível para vender, a fabricante tratou de atrair os consumidores.

"A GM usou toda a máquina que tem à disposição para vender mais, incluindo descontos e outros incentivos e muito investimento em comunicação. A empresa mantém uma campanha publicitária muito forte na TV, de forma contínua", diz Pagliarini.

O produto é bom

Para Milad, a normalização na produção fez o consumidor buscar o Onix pelas características que o fizeram ser líder por seis anos seguidos, de 2015 a 2020.

"O Onix sempre vendeu muito bem no Brasil. É um carro bem acertado para o mercado brasileiro, trazendo equipamentos fartos, projeto moderno, design chamativo e preço competitivo para o consumidor local", opina o executivo da Jato do Brasil.

Seu colega Pagliarini concorda.

"O Onix é um grande produto e faz jus a essa participação no mercado".

Facelift do HB20

O HB20 também traz qualidades que agradam o consumidor local, segundo os dois especialistas, e isso explica sua permanência na lista dos cinco carros mais vendidos.

Pagliarini avalia que, apesar dos seus muitos predicados, o compacto da Hyundai tem um ponto desfavorável que está dificultando a manutenção da liderança.

Ele se refere ao visual polêmico da segunda geração, bastante criticado e que nem o facelift lançado pela Hyundai em meados de 2022 conseguiu corrigir completamente.

"Essa último facelift corrigiu parcialmente as críticas relacionadas ao design polêmico. Mesmo com as mudanças no visual, o HB20 atual não conseguiu atingir aquela aprovação quase unânime que teve sua primeira geração", diz Cassio.

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