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Vorax: como o único supercarro do Brasil foi da promessa ao esquecimento

Rossin-Bertin Vorax foi apresentado com pompa e circunstância no Salão do Automóvel de São Paulo em 2010 - Eugênio Augusto Brito / UOL
Rossin-Bertin Vorax foi apresentado com pompa e circunstância no Salão do Automóvel de São Paulo em 2010 Imagem: Eugênio Augusto Brito / UOL

Do UOL, em São Paulo (SP)

22/02/2023 04h00

A história do único supercarro brasileiro que quase foi lançado é recheada de ambição e fragilidade.

Era para ser, ao mesmo tempo, um carro inspirado em vários outros, mas que também fosse único.

O problema é que, quanto mais os empreendedores "injetavam" dinheiro para fazer o projeto acontecer, mais ficavam dependentes de fatores externos.

O carro em questão é o Rossin-Bertin Vorax, apresentado com pompa e circunstância no Salão do Automóvel de 2010, em São Paulo, mas que nunca foi comercializado e teve pouquíssimos exemplares fabricados - nenhum deles seria totalmente funcional.

O projeto levava os sobrenomes dos seus criadores: Fharys Rossin, ex-designer da GM nos EUA e responsável pelo desenho, e Natalino Bertin Jr., que iria bancar todo o processo.

Este último, inclusive, era proprietário da finada Platinuss, empresa que já importou alguns dos superesportivos mais caros no Brasil.

Para falar da história do Vorax e contar como ele foi da empolgação ao esquecimento, UOL Carros conversou com William Raphael, testemunha da saga.

Ele é fundador do canal "Exclusivos no Brasil" no YouTube, além de ser um dos apresentadores do "Amigos por Carros".

Como o Vorax foi concebido

Mock-up do Rossin-Bertin Vorax em local desconhecido - Reprodução / Internet - Reprodução / Internet
Mock-up do Rossin-Bertin Vorax em local desconhecido
Imagem: Reprodução / Internet
  • A estrutura do carro seria feita de alumínio e fibra de carbono
  • O conjunto mecânico viria do BMW M5: motor V10, com 5 litros e 507 cv.
  • Se tudo tivesse dado certo, ganharia uma versão biturbo de 750 cv, feita pela preparadora alemã G-Power
  • A transmissão seria semi-sequencial de sete marchas
  • A lista de equipamentos previstos incluía direção eletro-hidráulica, freios com discos cerâmicos ventilados nas quatro rodas teto de vidro, seis airbags e sensores de estacionamento
  • Quanto ao design, o Vorax era inspirado em ícones como Porsche Carrera GT, Ferrari F430, Lamborghini Murciélago, BMW M6, Ferrari F50 e Pagani Zonda
  • Tampouco que a unidade branca (do Salão do Automóvel) era a mais completa, e que as outras que já foram avistadas em possível estado de abandono (entre elas, a prata e a vermelha) são apenas as "cascas" que seriam usadas durante o processo de homologação - o que nunca ocorreu
  • A última vez que WIlliam teve notícias da unidade branca, ela estava na propriedade da família Bertin em Lins, no interior de São Paulo
  • Era justamente essa que tinha o interior parcialmente completo e que trazia muitos componentes do BMW M6

Por que projeto não deu certo

Outro mock-up, na cor vermelha. Possivelmente em estado de abandono - Reprodução / Internet - Reprodução / Internet
Outro mock-up, na cor vermelha. Possivelmente em estado de abandono
Imagem: Reprodução / Internet

Segundo William, em 2010, o motor escolhido para equipar o Vorax estava saindo de linha na Europa por não mais atender a legislação referente a emissões.

Logo, nem valeria a pena dar início aos dois ou mais anos de testes até a sua homologação.

William Raphael levanta questionamentos sobre a viabilidade real de se produzir o carro no Brasil - a fabricação aconteceria em Blumenau (SC).

O youtuber pondera se não seria melhor fabricar o Vorax na Alemanha, já que boa parte dos componentes vira do país europeu.

Aí está, segundo ele, o primeiro motivo do o fracasso do projeto.

Raphael também menciona o insucesso do grupo Bertin em outros negócios, como a infrutífera tentativa de se tornar importadora oficial da Lamborghini no Brasil, sem contar iniciativas falhas no setor de frigoríficos e de usinas.

Esses fatores foram agravados pela crise econômica do Brasil e pela alta carga tributária, acrescenta.

A pá de cal foi o fim da Platinuss, que tinha muitos custos com as importações caríssimas e estava sem vender por mais de ano.

Por fim, o Vorax foi mais um projeto frustrado da indústria automotiva nacional, como tantos outros.

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