Vorax: como o único supercarro do Brasil foi da promessa ao esquecimento
A história do único supercarro brasileiro que quase foi lançado é recheada de ambição e fragilidade.
Era para ser, ao mesmo tempo, um carro inspirado em vários outros, mas que também fosse único.
O problema é que, quanto mais os empreendedores "injetavam" dinheiro para fazer o projeto acontecer, mais ficavam dependentes de fatores externos.
O carro em questão é o Rossin-Bertin Vorax, apresentado com pompa e circunstância no Salão do Automóvel de 2010, em São Paulo, mas que nunca foi comercializado e teve pouquíssimos exemplares fabricados - nenhum deles seria totalmente funcional.
O projeto levava os sobrenomes dos seus criadores: Fharys Rossin, ex-designer da GM nos EUA e responsável pelo desenho, e Natalino Bertin Jr., que iria bancar todo o processo.
Este último, inclusive, era proprietário da finada Platinuss, empresa que já importou alguns dos superesportivos mais caros no Brasil.
Para falar da história do Vorax e contar como ele foi da empolgação ao esquecimento, UOL Carros conversou com William Raphael, testemunha da saga.
Ele é fundador do canal "Exclusivos no Brasil" no YouTube, além de ser um dos apresentadores do "Amigos por Carros".
Como o Vorax foi concebido
- A estrutura do carro seria feita de alumínio e fibra de carbono
- O conjunto mecânico viria do BMW M5: motor V10, com 5 litros e 507 cv.
- Se tudo tivesse dado certo, ganharia uma versão biturbo de 750 cv, feita pela preparadora alemã G-Power
- A transmissão seria semi-sequencial de sete marchas
- A lista de equipamentos previstos incluía direção eletro-hidráulica, freios com discos cerâmicos ventilados nas quatro rodas teto de vidro, seis airbags e sensores de estacionamento
- Quanto ao design, o Vorax era inspirado em ícones como Porsche Carrera GT, Ferrari F430, Lamborghini Murciélago, BMW M6, Ferrari F50 e Pagani Zonda
- Tampouco que a unidade branca (do Salão do Automóvel) era a mais completa, e que as outras que já foram avistadas em possível estado de abandono (entre elas, a prata e a vermelha) são apenas as "cascas" que seriam usadas durante o processo de homologação - o que nunca ocorreu
- A última vez que WIlliam teve notícias da unidade branca, ela estava na propriedade da família Bertin em Lins, no interior de São Paulo
- Era justamente essa que tinha o interior parcialmente completo e que trazia muitos componentes do BMW M6
Por que projeto não deu certo
Segundo William, em 2010, o motor escolhido para equipar o Vorax estava saindo de linha na Europa por não mais atender a legislação referente a emissões.
Logo, nem valeria a pena dar início aos dois ou mais anos de testes até a sua homologação.
William Raphael levanta questionamentos sobre a viabilidade real de se produzir o carro no Brasil - a fabricação aconteceria em Blumenau (SC).
O youtuber pondera se não seria melhor fabricar o Vorax na Alemanha, já que boa parte dos componentes vira do país europeu.
Aí está, segundo ele, o primeiro motivo do o fracasso do projeto.
Raphael também menciona o insucesso do grupo Bertin em outros negócios, como a infrutífera tentativa de se tornar importadora oficial da Lamborghini no Brasil, sem contar iniciativas falhas no setor de frigoríficos e de usinas.
Esses fatores foram agravados pela crise econômica do Brasil e pela alta carga tributária, acrescenta.
A pá de cal foi o fim da Platinuss, que tinha muitos custos com as importações caríssimas e estava sem vender por mais de ano.
Por fim, o Vorax foi mais um projeto frustrado da indústria automotiva nacional, como tantos outros.
Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.