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Lateral x cortina: como diferença no airbag do carro pode salvar sua vida

Peugeot 208 no Latin Ncap - Divulgação
Peugeot 208 no Latin Ncap Imagem: Divulgação

Julio Cabral

Do UOL, em São Paulo

07/07/2022 04h00

Nem todos airbags laterais são do tipo cortina, há diferenças técnicas e de segurança entre eles. A primeira aplicação de airbags laterais dianteiros surgiu em 1995, no Volvo 850. Em 1998, a BMW lançou os airbags de cabeça para os passageiros laterais, mas o primeiro carro a usar bolsas tipo cortina foi o Volvo S80. São todos modelos caros e de tecnologia de ponta, mas ambos equipamentos começaram a ser aplicados em carros mais baratos, algo que desceu de degrau em degrau.

Não é por acaso que os veículos compactos estão passando a vir com os airbags de cortina de série. É o caso do renovado HB20, modelo que tinha apenas bolsas infláveis laterais e passa a ter seis. Vale ressaltar que a legislação obriga os carros a terem apenas airbags frontais, mas é a força de testes como os do Latin NCAP que ajudam a acelerar as mudanças.

A grande diferença entre eles é a área de cobertura. Ao invés de proteger apenas os ocupantes frontais, os de cortina também dão essa segurança a todos os passageiros, com exceção do central traseiro.

"O airbag lateral é para proteger a região das costelas, tórax e, eventualmente, cabeças. Eles são instalados nas laterais dos bancos e protegem o motorista e o carona. Já os do tipo cortina ficam nas colunas e protegem as cabeças dos ocupantes da frente e da traseira", explica Marcus Vinícius Aguiar, vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).

"Nas batidas laterais, o seu corpo tende a bater com a cabeça nos vidros, na porta ou na coluna. O airbag cortina vai amortizar o deslocamento do seu pescoço para o lado e formar um colchão capaz de proteger também contra os cortes de cacos de vidro", completa.

Ainda há exceções. A despeito de compartilhar sua base com o Volkswagen Nivus, que tem seis airbags, o Polo não oferece airbags de cortina, sendo assim equipado apenas com bolsas laterais dianteiras. Elas protegem uma parte da cabeça, contudo, a adoção dos airbags extras deve vir apenas na reestilização.

O Fiat Argo passa por algo semelhante, pois o SUV derivado dele tem quatro bolsas, contra duas do hatch. A ironia é que o modelo chegou a ter bolsas laterais no passado. Quem sabe isso muda com o seu primeiro facelift?

Em um mercado em que até o Renault Kwid, carro mais barato do Brasil, oferece airbags laterais de série, encontrar hatches que não contam sequer com essa opção é complicado. Por exemplo, o Fiat Mobi não traz o recurso que o rival tem de fábrica.

Ter o item de segurança apenas em versões top é comum. O Peugeot 208 só oferece bolsas laterais frontais de série nas versões que vão até a Griffe, dado que a sua configuração top de linha é a única a ter seis airbags.

Sem os seis airbags, os carros testados pelo Latin NCAP não são submetidos ao teste de impacto contra o poste. O Latin NCAP faz críticas aos modelos que não passam por esse tipo de avaliação. O próprio Alejandro Furas, secretário-geral do Latin NCAP, lamenta pelos veículos globais que contam com essa proteção extra no exterior, mas que deixaram de trazê-la ou oferecê-la em mais versões no Brasil.

É mais interessante pegar o Peugeot 208 como exemplo de aplicação dos protocolos atuais. O modelo foi avaliado na versão com apenas quatro airbags e conseguiu apenas duas estrelas.

"É surpreendente que uma plataforma global relevante como o 208 tenha eliminado equipamentos de segurança padrão importantes de sua versão original como os airbags laterais para a cabeça. O Latin NCAP incentiva a Peugeot a atualizar o equipamento do veículo para oferecê-lo como padrão o mais rápido possível e então reavaliar para demonstrar seus benefícios aos consumidores", afirma Furas.

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