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Comprar carro blindado usado pode ser uma roubada; previna-se

Carro blindado de segunda mão pode apresentar uma série de problemas que farão você se arrepender do negócio - Divulgação
Carro blindado de segunda mão pode apresentar uma série de problemas que farão você se arrepender do negócio Imagem: Divulgação

José Antonio Leme

do UOL, em São Paulo (SP)

19/09/2021 04h00

Levar um carro usado blindado para casa poder ser uma opção para quem busca mais segurança para a família e para os ocupantes a um preço mais acessível. Contudo, é preciso ter cuidado para não cair em uma roubada ao adquirir um exemplar problemático, que vai exigir gastos adicionais.

De acordo com João Claudio Bourg, vice-presidente da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem) e diretor comercial da Totality, existe um check-list de itens a ser verificados antes de fechar negócio, que você confere a seguir.

Antes disso, vale lembrar que no Brasil o nível máximo de blindagem permitido para carros civis é o III-A. Essa blindagem resiste a disparos de armas 9 mm, submetralhadoras e Magnum .44, por exemplo.

A blindagem dos veículos é composta de aço balístico, que é utilizado basicamente nas colunas A e B; aramida, que é a malha usada para revestir o restante da carroceria; e os vidros à prova de balas.

Procedência de blindadora

Para trabalhar, uma blindadora tem que ter cadastro e autorização da DFPC (Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados), do Exército, que controla insumos como mantas balísticas e aços blindados.

Portanto, pedir a nota fiscal do serviço de blindagem e avaliar se a empresa está inscrita no DFPC já é um começo para avaliar o veículo pretendido. De acordo com Bourg, hoje existem 99 blindadoras liberadas pelo Exército para trabalhar.

Revisão de blindagem

Uma das dicas para quem quer comprar um blindado usado é investir na revisão da blindagem. A maioria das blindadoras do mercado oferece esse serviço, que permite fazer um levantamento do estado da proteção e criar um relatório detalhado com fotos para o comprador.

Você pode escolher a empresa da sua preferência para fazer essa revisão ou escolher a companhia responsável por instalar a blindagem específica daquele automóvel que você pensa em adquirir.

Procure por sinistros

Veja se o carro tem história de batidas, pois isso pode afetar a blindagem. Um reparo mal feito pode deixar alguma área sem proteção, o que a indústria da blindagem chama de "gap". Então, além de procurar saber se houve algum acidente e qual o nível dele, é importante saber se o reparo foi efetuado e onde.

"A pessoa pode ter batido o carro no acidente de trânsito e a empresa que fez o serviço ter deixado buracos ou pedaços sem a recolocação adequada da manta, por exemplo, e um tiro passar por ali.", diz Bourg.

Vidros

Mesmo quem não é escolado em blindagem já viu um carro na rua com os vidros delaminados, com o surgimento de bolhas entre as respectivas camadas. Além de prejudicar a visibilidade, podem não oferecer a proteção adequada.

"Geralmente, os vidros que usam policarbonato no reforço é que geram essas bolhas com o passar do tempo. Eles tem, em média, garantia de no máximo cinco anos antes da delaminação. Já outros tipos de construção do vidro, sem policarbonato, mas com a mesma resistência, têm garantia de dez anos", conta.

O cuidado com os vidros não se resume a verificar se eles delaminaram ou não.

"Não é comum, mas já houve casos de má-fé nos quais os vidros blindados foram trocados por vidros normais e o comprador não sabia que estava desprotegido", diz Bourg.

Blindagem mal feita

Um carro blindado que aparenta estar rebaixado em relação ao mesmo modelo sem proteção pode indicar que recebeu uma blindagem já defasada ou mal feita.

Isso porque, em geral, as blindagem mais recentes alteram o peso do carro em cerca de 200 kg. Não é pouco, mas é muito menos do que a proteção já acrescentou ao peso total do veículo no passado.

Se o carro exibir essa característica, é possível que a blindadora tenha usado aço balístico, que tem um custo menor, para blindar as áreas que deveriam usar mantas - como os painéis laterais, as portas e a parede corta-fogo.

Além de aumentar muito o peso do carro, o que pode afetar a dirigibilidade, o uso de aço balístico nas regiões não adequadas acelera o desgaste de componentes, já que o peso está muito acima do adequado e pode comprometer amortecedores, molas e, principalmente, a capacidade de frenagem.

Bourg diz que apenas uma condição atípica de uso do veículo pode acelerar o desgaste de componentes, caso a blindagem seja de qualidade: utilizar prolongadamente, 365 dias por ano, a carga máxima do veículo.

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