Cupê, manual e custando R$ 180 mil, Civic Si brilha em nicho de esportivo
Chegando à pista de testes da Honda, a surpresa: para experimentar o Civic Si 2020, seríamos desafiados em três exercícios, com tempo cronometrado.
O primeiro era simples, aceleração de 0 a 100 km/h. Controle de tração desligado, tecla Sport acionada. Em um passe de mágica, esse botãozinho perto do câmbio deixa a suspensão mais firme, o ronco sobe o tom e a direção fica mais afiada. Mas o que importa neste momento é que as respostas do acelerador são mais sensíveis.
Elevo um pouco a rotação do motor e solto o pé da embreagem, dosando o da direita entre o cuidado para não irritar os pneus e a ânsia de velocidade. O câmbio manual tem engates curtos e precisos a ponto de nos fazer acreditar até no impossível: como é ser piloto de verdade.
Lembro então o que dissera a Honda minutos antes sobre a relação do diferencial, que agora está 6% mais curta. A marca não divulga dados de desempenho, mas jura de pés juntos que romper os 100 km/h num Civic Si ficou mais rápido.
A embreagem desacopla um tanto brusca, o giro sobe linear até por volta de 6.500 rotações até que uma luz brilha no painel. É hora de chamar segunda, a terceira que não vacila. Os 100 km/h já passaram, mas você quer esticar a terceira até ela esgoelar lindamente para a quarta, que entra rápido.
Agora tem que pisar no freio. É sensível e morde forte. No fim de três tentativas, fico só com o terceiro tempo do dia. Parece bom, mas é ruim: havia cinco competidores.
Segundo desafio: slalom. Aquela prova em que o zigue-zague mais rápido vence. Entro a 60 km/h, a direção aponta rápido para onde mandei. Equilibro, a traseira leve obedece, inclino à direita. A direção é bem calibrada, mas já pareceu mais sensível. Enfim, nada adiantou. Fui lento no vai e vem e freei como um medroso.
Minha esperança era o tal pro solo. Ou pro-solo, nunca sei. Para não ficar contando vantagem, vou encurtar a história e só dizer que fiz o melhor tempo. Prefiro deixar os louros com o Si, que mostrou equilíbrio da carroceria e energia do motor 1.5 turbo de 208 cv e 26,5 kgfm de torque.
Pena que faltou uma volta pelo cotidiano. Porque estradas e ruas, supermercado e shopping, trabalho e lazer são o habitat deste carro que se proclama versátil. Certas perguntas precisam de resposta: a embreagem cansa no anda e para? A suspensão sofre muito com buracos? Vou sentir saudade do meu Subaru WRX com câmbio CVT?
Para diferenciar o Civic Si 2020, a Honda inseriu uns apliques no para-choque, na cor da carroceria, próximos aos faróis de neblina (que agora são em LED), e inseriu mais vermelho no acabamento interno, como no painel e nos bancos (de tecido, acomodam muito bem as costas e também as pernas dos passageiros da frente).
Custa R$ 179.990 e até agora não lembrei de nenhum carro novo genuinamente esportivo, manual, cupê, relativamente bem equipado (tem sistema de recarga de celulares sem fio) e com mais de 200 cv nessa faixa de preço.
Só tem uma coisa: as únicas cores disponíveis são branca, preta e vermelha.
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