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VW T-Cross 1.0 TSI promete levar cinco pessoas e ser ágil; só esqueça malas

Volkswagen T-Cross: opção urbana e com muito conforto para pessoas, não para bagagens - Divulgação
Volkswagen T-Cross: opção urbana e com muito conforto para pessoas, não para bagagens
Imagem: Divulgação

Leonardo Felix

Do UOL, em Munique (Alemanha)

13/07/2018 04h00

UOL Carros tira suas primeiras impressões da versão de entrada, a bordo de protótipo na Alemanha

Depois da apresentação técnica e dos primeiros detalhes do inédito Volkswagen T-Cross -- SUV que completa a família de Polo e Virtus, será mostrado no Salão de São Paulo (novembro) e fabricado em São José dos Pinhais/PR (a partir de janeiro de 2019) -- vamos falar agora sobre o comportamento dinâmico.

UOL Carros conseguiu experimentar uma unidade da fase de desenvolvimento do T-Cross (ou seja, ainda um protótipo) por ruas e estradas de Munique (Alemanha), em trajeto de cerca de 60 quilômetros. Não é muito e a experiência a bordo certamente terá variações sobre o modelo a ser vendido no primeiro trimestre aí no Brasil. Ainda assim, vale por adiantar o que a Volkswagen prepara para finalmente entrar num segmento que ignorou por tempo demais.

Vale também ficar de olho no que a imprensa europeia falou do T-Cross: por lá, o modelo será menor e voltado a um público mais jovem. Aqui no Brasil, terá também de agradar quem busca um uso mais familiar, daí o entre-eixos maior.

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Como anda

Unidade avaliada estava equipada com o motor 1.0 turbo de 115 cavalos só a gasolina (configuração 200 TSI), por câmbio automatizado DSG (dupla embreagem, sete marchas), bem ao padrão do Polo europeu. No Brasil, vale dizer, o T-Cross de entrada usará o motor 1.0 turboflex, com 117/128 cv (gasolina/etanol) e 20,4 kgfm (ambos), junto ao câmbio automático de seis velocidades.

Experiência agradou bastante e mostrou que a Volkswagen está em um bom caminho. O T-Cross 200 TSI roda suave e com bastante agilidade, característica tipicamente urbana. Não espere elasticidade abundante do 1.0 turbo, porque é perceptível que falta potência final a um veículo desse porte (peso por volta dos 1.200 kg), mas o torque de quase 20,5 kgfm é bom e desempenho fica na medida.

É claro que a transmissão de dupla embreagem ajuda nessa percepção. Para o Brasil, podemos esperar por um T-Cross mais "amarrado" nas arrancadas por conta do sistema com conversor de torque da Aisin, mas ainda assim o torque entregue logo a 1500 giros será um trunfo frente à concorrência -- só o mexicano Chevrolet Tracker é turbinado nesse segmento e ainda assim só com motor 1.4, configuração que será rival do T-Cross 250 TSI. Para o 1.0 TSI, ainda não há quem faça frente diretamente neste quesito.

Suspensões trabalham com suavidade e silêncio. Direção está aparentemente precisa, embora leve demais no protótipo -- a VW garante que esta não será a calibração final para a caixa eletricamente assistida. Infelizmente, o som do motor invade por demasiado a cabine, principalmente acima de 3 mil rpm.

Freios também precisam ser ajustados para exigir menos pressão dos pés sobre o pedal, mas a boa notícia é que o T-Cross usará discos nas quatro rodas em todas as versões a serem vendidas no Brasil, não apenas nas mais caras.

Trunfo da base MQB A0 é a posição de dirigir bastante correta. Além disso, a régua de botões que ativam/desativam controle de tração, start-stop, modos de condução e outros itens migraram para o centro do painel, acima dos comandos do ar-condicionado. Polo e Virtus trazem esses mesmos comandos ao lado da manopla de câmbio, uma posição não tão intuitiva, nem fácil de se achar com o veículo em movimento.

A bordo da cabine

Nível de espaço interno é bom e vai comportar até quatro adultos com tranquilidade na configuração brasileira. Engenheiros afirmam que o T-Cross brasileiro terá um túnel central (sob os pés de quem viaja atrás, na posição central) mais baixo que o do europeu -- aqui, o duto mais alto é exigência do padrão elevado de absorção de impactos --, o que garantirá também espaço satisfatório para uma criança ou adolescente na posição central.

Bancos do protótipo experimentado são confortáveis nas duas fileiras, e UOL Carros torce para que essa qualidade não se perca na versão tupiniquim.

Algo certamente não deve mudar para Polo e Virtus, infelizmente: os painéis simplórios. O protótipo ainda não contava com texturização completa, mas pode-se esperar a predominância de plástico rígido com um ou outro elemento macio. Ou seja: a VW faz questão de salientar a existência do painel de instrumentos digital (que acaba sendo opcional no hatch e no sedã -- e isso deve ser mantido no SUV), mas o acabamento tem tudo para ser um dos dois pontos mais "vacilantes" do T-Cross. 

Console central é igualmente pouco criativo. Diferentemente do Honda HR-,V que criou uma faixa elevada a fim de facilitar o acesso aos comandos, no SUV da Volkswagen o desenho será mais convencional. Isso inclui a alavanca de freio de estacionamento, manual em vez de elétrica por redução de custos.

Como também é vacilante o porta-malas de 345/390 litros (a depender da inclinação do encosto lombar traseiro).

Por ter um balanço traseiro bem curto, o que é bom para a dirigibilidade, o "suvinho" da VW abriu mão da carga, com seu bagageiro pouco profundo. Com volume declaradamente abaixo do que Honda HR-V, Nissan Kicks, Hyundai Creta e Renault Captur oferecem, só conseguimos guardar ali três mochilas e uma capa protetora do painel (do tamanho de um cobertor de casal, aproximadamente). No seu uso, não vai caber muito mais do que duas malas de porte médio ou uma grande ali.

Ar-condicionado digital de duas zonas estava presente no protótipo, mas o T-Cross será fabricado no brasil com zona única, embora de ação automática. Ponto alto está na conectividade: duas entradas USB destinadas aos passageiros da fileira dianteira, localizadas acima do porta-celular, e outras duas na parte de trás do habitáculo, junto às saídas de ar traseiras, nas costas do baú central. Podemos esperar ainda serviços digitais (o Virtus tem manual do proprietário virtual, por exemplo).

Quem senta atrás terá também direito a dois apoia-braços muito bem projetados nas portas, encostos de cabeça e cintos de três pontos em todas as posições, e ganchos para fixação de cadeirinhas infantis. E essa sensação completa de espaço para pessoas (físico) e conforto premium (sensorial) serão os trunfos do T-Cross.

* Viagem a convite da Volkswagen do Brasil