Nova família do Chevrolet Onix será mesmo global? Entenda planos
UOL Carros conversou com engenheiros ligados ao projeto que dará origem à próxima família de compactos da fabricante
A General Motors já confirmou o desenvolvimento de uma nova plataforma modular de carros para a América do Sul, atualmente conhecida como GEM e desenvolvida em parceria com a chinesa SAIC. Os primeiros produtos dessa matriz ganharão as ruas da China em 2019 e em 2020 no Brasil.
Entre eles estarão as próximas gerações (ou substitutos, caso haja mudança de nome) dos Chevrolet Onix e Prisma, além de um sedã compacto-médio para o lugar do Cobalt, pelo menos três SUVs/crossovers e uma picape compacta para substituir a Montana, além de outros potenciais produtos.
UOL Carros visitou na semana passada o centro de design da matriz da companhia, em Detroit (Estados Unidos), e conversou com um grupo de engenheiros brasileiros que participa do desenvolvimento de alguns projetos.
É claro que todos mantiveram enorme suspense sobre quais modelos vêm por aí, até porque há muito segredo industrial em jogo. Apesar disso, foi possível captar alguns "spoilers" aqui e acolá. Por exemplo, durante toda a conversa os engenheiros se preocuparam em enfatizar o caráter "global" dos modelos, mas o que isso significa? É o que vamos interpretar.
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Unificando tudo
Vejamos a atual geração do Onix. Produzida em Gravataí (RS), é exportada a outros seis países (Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia, Peru e Paraguai). Só que não é considerada global, pois é produzida e comercializada em apenas uma região, a América do Sul.
Já o seu substituto e também o do sedã Prisma devem ser comercializados também em continentes como Ásia, América Central e África, pois farão parte de um processo de unificação com outros modelos compactos da GM vendidos em diferentes mercados.
Um compacto único para atender a dezenas de países, sim, mas não sem receber adaptações específicas para cada região. "É preciso conhecer e entender a realidade e as necessidades de cada mercado", defendeu Ricardo Fanucchi, chefe de desenvolvimento de produtos da GM em Detroit.
É aí que entra a questão da modularidade da plataforma. Ao invés de criar um modelo idêntico para todo mundo (caso dos Ford Ka e EcoSport), ou três que atuam em segmentos parecidos, mas nada têm a ver um com outro (a própria GM vive essa realidade com os Chevrolet Onix, Sonic e Spark), por que não ter num mesmo produto a possibilidade de promover variações visuais, de entre-eixos, largura, equipamentos e acabamento?
"O grande desafio num projeto global é manter um padrão, mas, ao mesmo tempo, atender às demandas locais: motores diferentes, equipamentos diferentes, acabamento diferente... Se há pressão para que se simplifique o projeto por conta da relação entre os custos de produção e o preço a ser cobrado, como fazer isso sem tirar do cliente a percepção de que é um produto global e de qualidade?", questionou Alexandre Guimarães, diretor global de entretenimento e telemática da companhia.
Global até que página?
Sendo assim, temos um cenário em que o carro pode até ser o mesmo em sua base, porém capaz de agregar características bastante particulares a depender do mercado, inclusive em relação à insígnia que estampa a grade. Trata-se de um "pulo do gato" muito similar ao que a Volkswagen vem praticando há alguns anos com a matriz MQB.
Entretanto, há uma distinção importante ao compararmos a estratégia da GM com a da concorrente alemã. Assim como toda a gama de veículos derivados da base GEM, os próximos Onix e Prisma não serão oferecidos em mercados tecnológicos mais maduros, caso dos Estados Unidos -- na Europa a GM já não atua desde a venda da Opel para a PSA.
"Um carro é global quando é vendido em diferentes regiões e continentes, mas isso não significa que ele estará presente em todos os países onde a fabricante atua", ponderou Fanucchi. Assim temos, então, o resumo do que será essa próxima família Onix: global, sim, mas não de alcance mundial.
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