Crise? Associação diz que setor prefere vender menos carros e manter lucro
"Aparentemente chegamos ao fundo do poço". Foi com essa frase que a consultora econômica da Fenabrave (associação dos concessionários), Tereza Fernandez, analisou o balanço de vendas do setor automotivo em junho e também no acumulado de janeiro a junho de 2015 -- o pior semestre desde 2007. Nem por isso os preços de carros deverão cair -- solução que seria uma das saídas para atrair novamente o comprador.
Os dados da entidade são basicamente os mesmos divulgados na última quarta-feira (1º) pelo colunista de UOL Carros Joel Leite: tombo de 19,76% no comparativo com 2014, para um total de 1.269.853 unidades. Considerando apenas junho, queda de 18,35% para 2014, e de 0,16% ante maio, com 204.627 emplacamentos.
"A boa notícia é que, muito provavelmente, as vendas não vão mais cair até o final de 2015. Seguirão abaixo de anos anteriores, mas devem manter patamar próximo a esse de junho, talvez até um pouco acima", explicou Fernandez. Ainda assim, nem mesmo a Fenabrave acredita recuperação antes de 2016, mesmo com promoções, feirões e campanhas de financiamento e consórcio.
Preços menores?
Mas e a margem de lucro? É possível reduzir os valores cobrados? Uma das regras básicas de Economia, a "Lei da Oferta e Procura", diz que, quando a procura cai, as etiquetas devem ser reajustadas para baixo para reestimular a demanda. Só que, segundo Tereza Fernandez, as fabricantes não acompanham essa lógica.
"Num momento como esse, para as montadoras vale mais reduzir vendas e operações para manter um negócio saudável, que gere lucro, do que diminuir demais os preços e tomar prejuízo só para segurar o volume", explicou.
Segundo cálculo da agência Autoinforme, o preço do carro zero-quilômetro subiu 4,4% nos cinco primeiros meses do ano, em comparação com 2014.
Premium sem crise
Outro fenômeno interessante é a sustentação de vendas nos segmentos superiores, onde os carros custam mais e oferecem mais conteúdo. O Toyota Corolla, por exemplo, que custa entre R$ 70 mil e R$ 100 mil, emplacou 5.811 unidades em junho, mais do que o Fiat Uno, hatch de entrada da Fiat que custa de R$ 29 mil a R$ 42 mil.
Outro exemplo é o Honda HR-V, recém-lançado e já reajustado para algo entre R$ 72 mil e R$ 91 mil: o SUV tem filas de espera, e só não vende mais do que as 5.229 unidades emplacadas no último mês por limitações na produção.
Segundo a consultora econômica da Fenabrave, a corda arrebentou primeiro do lado mais fraco. "A chamada nova classe C é quem mais vem sofrendo com falta de crédito para financiamento e insegurança em relação ao futuro", apontou.
Além disso, brasileiro não gosta de dever: "As vendas despencaram, mas a taxa de inadimplência segue baixa e estável. Na dúvida, a pessoa prefere não comprar".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.