Suzuki Jimny, agora brasileiro, dá show longe da estrada
Talvez cansada de ser mera coadjuvante no mercado automotivo nacional, a Suzuki (0,2% de participação em 2012, em 20º lugar) vem fabricando carros no Brasil desde o final do ano passado, tomando emprestada a linha de produção da Mitsubishi em Catalão (GO). Na verdade, vem fabricando um carro: o jipinho Jimny, outrora conhecido como Samurai, que chega ao modelo 2013 com uma gama mais completa e com públicos-alvo bem definidos.
São quatro versões, todas com tração 4x4 sob demanda e reduzida (marcha de força), motor de 1,3 litro a gasolina em alumínio e transmissão manual de cinco velocidades. Veja:
4All é o Jimny para guiar na cidade -- R$ 55.990
4Sun acrescenta teto solar, parar atrair surfistas e aventureiros leves -- R$ 59.990
4Sport tem vocação off-road e pode ir a trilhas desafiadoras -- R$ 61.990
4Work é para o trabalho pesado, feito a partir da Sport -- (preço sob consulta)
Não são valores acessíveis, e os preços não diminuíram com a produção nacionalizada -- segundo a Suzuki, o modelo importado recebia subsídios para anular o efeito das idas e vindas tributárias do Inovar-Auto. A produção do Jimny nacional deve ficar em torno de 7 mil carros por ano -- se vender todos, literalmente dobra seus emplacamentos na comparação com 2012.
O conteúdo do Jimny comum a todas as versões é bem magrinho. No ano-modelo atual ele não oferece airbags ou freios com ABS, itens que serão obrigatórios em 2014. Direção hidráulica e ar-condicionado garantem o mínimo de conforto. Foi adotada nova padronagem de tecido para os bancos e portas, e o conjunto de som inclui rádio AM/FM, CD player com MP3, WMA, USB e Bluetooth. As rodas de liga leve (aro 15") têm acabamento em tom grafite. E é só.
Trata-se de falha que os vendedores da Suzuki certamente tentarão varrer para baixo de um surrado, mas eficaz tapete argumentativo: "A proposta do carro é outra".
No caso da versão 4Sport, não há dúvida quanto a isso. O Jimny com para-choques dianteiro e traseiro de ferro, mais altos e que podem receber engates à frente e atrás, é feito para andar na lama e na buraqueira, ambientes em que o conforto a bordo fica mesmo em segundo plano. Mas nas versões 4All e 4Sun, um recheio com mais mimos aos ocupantes seria desejável.
DESCOMPLICADO
O grande trunfo do Jimny (que já está em seu 43º ano de vida) é manter a simplicidade de projeto, adequando forma à função. A estrutura é de carroceria sobre chassis, e todos os componentes da plataforma (motor, transmissão, diferencial, suspensões) podem ser "desencaixados" separadamente, facilitando eventual manutenção de emergência.
As rodas do Jimny ficam nas extremidades da carroceria, gerando balanços diminutos e ângulos de ataque e de saída respeitáveis (45 e 51 graus, respectivamente). Isso permite que ele vença obstáculos que carros maiores não enfrentariam sem estragos.
O entre-eixos é curto, de 2,25 metros (em 3,67 metros de comprimento total, incluindo o estepe na porta traseira) e também contribui na briga do Jimny com valetas, facões e outros desafios típicos de uma boa trilha. A regra é: quanto mais próximos estiverem os pneus dianteiros e traseiros, menor é a chance de enganchar o assoalho do carro.
As suspensões apostam na robustez, com eixos rígidos e molas helicoidais (e não feixe de molas) à frente e atrás. É uma solução adequada para o off-road, onde as molas se esfalfam (e estalam), mas em asfalto de boa qualidade o conjunto não consegue "ler" o solo de modo sutil. O Jimny, então, dá os seus pulinhos.
DOIS CARROS DIFERENTES
UOL Carros experimentou uma unidade da versão 4All e outra da 4Sport, a primeira em pista fechada, piso de terra e estrada; a segunda, num circuito off-road "natural", que os engenheiros da Suzuki juraram não ter sido montado (apenas sinalizado).
A experiência com o Jimny urbano foi previsível. O motor 1.3 de 85 cavalos e 11,2 kgfm não é exatamente um show de performance. Tem funcionamento áspero e um câmbio com relações de marcha muito longas. O jipinho demora a embalar, e quando o faz sua altura de 1,7 metro sempre pede uma frenagem cautelosa muito antes de tangenciar qualquer curva. Resumindo: viajar com o Jimny pode ser cansativo.
Com o 4Sport, tudo muda. Até a conversinha do vendedor, de que "a proposta é outra", ganha ares de verdade. O para-choque de plástico e envolvente das versões 4All e 4Sun é substituído por peças de ferro que deixam os pneus praticamente descobertos. Estes, na unidade que testamos, eram específicos para lama (opcionais). Assim configurado, o Jimny vira bicho.
Usando a reduzida, que deve ser engatada com o jipinho parado, parece não haver o que detenha esse SUV. Não chegou a subir pelas paredes, mas superou obstáculos -- numa fazenda de Mogi Guaçu (SP), em área usada normalmente para pasto de gado -- que provavelmente barrariam (ou engoliriam) modelos da Land Rover e talvez até mesmo o Jeep Wrangler, herdeiro do jipe original que, por sua vez, é inspiração assumida do próprio Jimny.
SUVs de luxo, daqueles grandes e dotados de sistemas eletrônicos de ponta, dariam marcha à ré e sairiam de fininho.
É bom notar que estamos falando do Jimny 4Sport, e com pneus especiais. As versões urbana e de lazer do jipinho não sairiam ilesas dessa trilha. Para-choques, talvez as caixas de roda, quem sabe um dos pneus -- alguma coisa arrebentaria, amassaria ou rasgaria. Mas o Jimny 4Sport terminou o sacolejante passeio sem sequer um risco na pintura. Impressionante.
Viagem a convite da Suzuki
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