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Honda CR-V muda de geração e tenta se aproximar do Civic

Essa não é exatamente a situação comum de uso do CR-V, mas mesmo assim não é suficiente para acabar com a calma a bordo; crossover chega renovado e mais agressivo ao modelo 2012 - Divulgação
Essa não é exatamente a situação comum de uso do CR-V, mas mesmo assim não é suficiente para acabar com a calma a bordo; crossover chega renovado e mais agressivo ao modelo 2012 Imagem: Divulgação

Rodrigo Lara

Do UOL, em Indaiatuba (São Paulo)

16/03/2012 12h21

As maiores críticas aos utilitários esportivos se concentram em duas principais frentes: falta de agilidade e dirigibilidade comprometida tanto pelo alto centro de gravidade quanto pelo tamanho do carro. A indústria automotiva, de maneira geral, vem adequando esses veículos justamente para atender ao seu perfil de uso: ao invés de estradas e caminhos de terra, quem compra um SUV vai utilizá-lo, na maior parte do tempo, dentro da cidade.

Surgem aí os crossovers, veículos que misturam características de diversos segmentos. Exemplos mais diretos são o Mitsubishi ASX, o Land Rover Range Rover Evoque e o Volkswagen Tiguan. O que une os três citados? Dirigibilidade e estabilidade de carro de passeio, altura elevada em relação ao solo, disposição para encarar pequenos trechos off-road e boa oferta de espaço. E é nessa lista que figura o recém-renovado Honda CR-V.

Líder do seu segmento, o Honda chega à sua quarta geração tentando reforçar justamente o seu lado crossover, característica que ficou mais aparente a partir da terceira geração do carro lançada em 2007. E a principal inspiração do CR-V está dentro da própria Honda: o sedã Civic. Não seria exagero dizer que o sonho do CR-V é ser um Civic, só que mais espaçoso e mais alto.

COMO VEM E POR QUANTO
São duas versões principais do CR-V 2012, sendo que a de entrada, LX, agora tem uma variante com câmbio manual, novidade em relação à última geração vendida por aqui. Confira abaixo o que cada uma delas traz e o seu preço:

- Honda CR-V LX 4x2 MT: a versão de entrada do carro é inédita ao oferecer câmbio manual de seis marchas. De série, traz ar-condicionado; freios ABS (antitravamento) com EBD (equalizador da força de frenagem); alarme; sistema de som com entrada USB; piloto automático; sistema Econ (que programa parâmetros do carro para que ele se comporte de maneira mais econômica); rodas de 17 polegadas; faróis com acendimento automático; central multimídia i-Mid; e airbag duplo. Custa R$ 84.700.

- Honda CR-V LX 4x2 AT: traz o mesmo pacote da versão manual, com a adição do câmbio automático de cinco velocidades. Sai por R$ 87.900.

- Honda CR-V EXL 4x4 AT: embarca o conteúdo da versão LX automática, adicionando a tração 4x4 sob demanda; ar-condicionado de duas zonas; maçanetas das portas cromadas; farol de neblina; central multimídia com navegador e Bluetooth; bancos de couro; airbag duplo; lateral e de cortina; teto solar; sistema de auxílio de partida em ladeiras; teto solar; e controle de estabilidade e de tração. A Honda pede R$ 103.200 por essa versão.

O QUE MUDOU?
A Honda afirma que o CR-V passou por uma reforma completa. E uma breve olhada no exterior do carro é suficiente para notar as diferenças, em especial nos conjuntos ópticos dianteiro e traseiro. Na frente, o carro ganhou faróis mais agressivos e pontiagudos. A receita angulosa se repete na traseira. A ideia, clara, é tornar o veículo mais jovial e tentar baixar a faixa etária dos compradores do carro, que atualmente situa-se em 40 e 49 anos. Na prática, é improvável que isso mude, até porque o novo desenho do carro não simboliza uma ruptura, mas sim uma evolução natural do seu antecessor.

O interior mantém a oferta generosa de espaço da geração anterior do carro, com uma boa dose de conforto que deve agradar igualmente condutor e passageiros. O painel tem formato orgânico e engloba também a alavanca de câmbio. Na versão manual, essa posição da alavanca se mostrou muito prática para a troca de marchas. A ressalva fica para a localização do conta-giros, à esquerda dos mostradores e sem o devido destaque.

Em termos mecânicos, a principal alteração sofrida pelo CR-V está no motor. O 2.0 a gasolina agora rende 155 cavalos de potência a 6.500 rpm e tem torque de 19,4 kgfm aos 4.300 rpm. Pelos números, o torque máximo aparece em uma rotação alta, porém a Honda calibrou o propulsor para oferecer uma curva de força mais plana, o que dá disposição ao carro nas baixas rotações. Mérito do coletor de admissão variável, que atua em conjunto com o sistema i-Vtec, de que controla a abertura das válvulas.

ANDA NA LINHA?
UOL Carros avaliou a nova geração do Honda CR-V em um curto test-drive realizado pela fabricante no autódromo da Fazenda Capuava, em Indaiatuba, interior de São Paulo. Mesmo não sendo o cenário ideal para avaliar um crossover, conduzir o CR-V em uma pista como essa faz com que algumas de suas características fiquem evidentes.

Se a Honda queria aproximar o CR-V do seu sedã Civic, cabe dizer que o trabalho, ao menos dinâmico, foi bem realizado. O crossover não tem a estabilidade de um esportivo, mas inclina pouco em curvas e passa segurança para quem está no comando, que tem a percepção de estar em um veículo menor. Esse aspecto se reforça ainda mais se considerarmos a versão 4x4, que conta com controle de estabilidade. Não há mais desculpa para que os filhos cheguem atrasados na escola porque você está dirigindo um SUV que não faz curva. Só não exagere, ok?

Gosta de dirigir? Então considere adquirir um CR-V com câmbio manual. Ainda que soe como um contrassenso oferecer essa opção em um veículo do segmento, a caixa de transmissão manual permite ao motorista ter controle total sobre o veículo. Sabe aquele ex-dono de sedã que reluta em comprar um carro com pegada familiar? Pois é, a mira dessa versão está sobre ele.

Por fim, os ocupantes vão andar tranquilamente tanto no banco da frente quanto no de trás. O CR-V realmente carrega três ocupantes atrás -- mérito do assoalho plano. O espaço para os joelhos de quem vai nessa posição é ótimo, mesmo que pessoas altas ocupem os bancos dianteiros. Por fim, o porta-malas leva 589 litros (cerca de 30 a mais do que o da geração anterior), volume que chega aos 1.146 litros com os bancos rebatidos, e tem fácil acesso para acomodar bagagens.

Bom de guiar e confortável, é difícil imaginar que o CR-V perderá seu posto de líder de mercado na atual geração. Trata-se, claramente, de um carro que joga pelo todo e tenta conquistar não apenas o motorista, o passageiro da frente ou os de trás. Na base do "tem para todo mundo", o CR-V deve continuar a ser o queridinho das famílias no Brasil.