O Brasil recebe em 2012 o Toyota Prius, o carro híbrido (com motores elétrico e a combustão) mais bem-sucedido do mundo, já com o facelift a ser apresentado na 42ª edição do Salão de Tóquio, que abre para a imprensa nesta quarta-feira (30).
Os retoques na grade dianteira e nas lanternas traseiras deram um quê de agressividade ao modelo, compatível com a proposta de dirigibilidade instigante (e não apenas ecologicamente correta) adotada pelo modelo na atual geração, lançada mundialmente em 2009.
O problema é que, ao menos por ora, o preço no Brasil também será agressivo (nos Estados Unidos o Prius parte de US$ 21.400).
Nas atuais condições de tributação, o Prius certamente custará mais de R$ 100 mil. A Toyota já decidiu que vai vendê-lo no Brasil pelo preço que tiver de cobrar, mas vem conversando com autoridades para obter algum tipo de incentivo à compra do híbrido.
No nível federal, as negociações envolvem ao menos três ministérios (Fazenda, Indústria e Comércio e Ciência e Tecnologia) e miram principalmente o IPI. No âmbito estadual, há a expectativa de mexer no ICMS e no IPVA dos híbridos. Na cidade de São Paulo, a Toyota sonha em ver o Prius livre do rodízio veicular. São propostas similares a medidas tomadas em diversos mercados -- em Londres, por exemplo, híbridos estão livres do pedágio urbano cobrado na zona central da cidade.
A boa vontade oficial poderia baixar o preço do Prius no Brasil para perto dos R$ 80 mil. Isso mudaria os planos da Toyota de vendê-lo no país inicialmente como "carro de imagem" (caro e voltado a quem deseja se diferenciar), já que por esse valor o Prius poderia disputar mercado no andar de cima dos hatches médios convencionais quase imediatamente. Por ora, a estimativa preliminar é vender 100 Prius por mês.
Mas a Toyota acredita que chegará a um acordo com as autoridades. "Está maduro", garante Ricardo Bastos, diretor de relações públicas e governamentais da empresa no Brasil. Por isso, ela já acalenta planos de encomendar à matriz japonesa um motor convencional bicombustível para fazer par com a unidade elétrica. O atual, de 1,8 litro, bebe apenas gasolina.
Outros players na negociação pelos carros híbridos e elétricos são a General Motors, que estuda a viabilidade do
Chevrolet Volt no Brasil; e o grupo Renault-Nissan, cuja estratégia global aposta fortemente nos modelos elétricos "puros", como o
hatch médio Leaf. Bastos não confirma uma eventual ação conjunta (em bom português, lobby) dessas marcas, em curso ou em discussão.
SANTO DE CASA
O Prius é o Gol do Japão: é hoje o carro mais vendido no país do sol nascente, e, a exemplo do modelo Volkswagen no Brasil, mantém sua geração anterior (agora denominada EX) em produção. São 2,3 milhões de unidades emplacadas em todo o mundo desde 1997, sendo 1 milhão delas nos Estados Unidos, onde também estreou como "carro de imagem" e hoje virou táxi em metrópoles como Nova York.
DETALHES DO PRIUS 2012

Lanternas do Prius ganharam filetes vermelhos; na dianteira, grade inferior ficou trapezoidal

No painel, diagrama digital mostra quem está movendo o Prius: no caso, a bateria (dir.) envia energia ao motor elétrico (centro), que traciona as rodas dianteiras; o motor a combustão (no alto) está desligado, pois a velocidade é baixa

Bateria fica atrás do banco traseiro e ocupa pouco espaço; estepe é acondicionado abaixo do assoalho para permitir 445 litros no porta-malas
Fabricado na planta da cidade de Toyota, perto de Nagóia, e dali exportado para cerca de 90 países, o Prius é também uma espécie de "híbrido clássico".
Tem um motor a combustão movido a gasolina e um motor elétrico alimentado por bateria de níquel, a qual é recarregável por gerador (que atua em conjunto com o motor a gasolina) e pela energia cinética liberada nas frenagens. O câmbio automático passa a sensação de ser um CVT, já que no modo elétrico não há marchas (ou há: uma à frente e uma à ré) e no gerenciamento do motor a gasolina as trocas são suaves. A potência combinada é de 138 cavalos.
A depender da carga na bateria, o Prius pode rodar apenas com o motor elétrico até a velocidade de 40 km/hora. Nesta situação, não emite ruídos. Depois, entra em ação o motor convencional (que é ruidoso).
Essa característica faz do Prius um carro interessante para a cidade. Devido ao anda-e-para do trânsito urbano, ele frequentemente opera na faixa de velocidade que permite a propulsão elétrica; como há muitas frenagens, a bateria recupera a carga sem precisar do motor a combustão.
VAI LONGE
UOL Carros participou nesta terça-feira (29) de um test-drive do Prius num autódromo de pequeno porte na cidade litorânea de Gamagori, no Japão. Numa única volta com o Prius, à velocidade média de 45 km/h e freando para as tomadas de curva, foi possível aproveitar quase somente o motor elétrico, e com isso chegar à marca de 36 km/litro.
A atual geração do Prius permite ao motorista selecionar, por meio de teclas, alguns modos de condução: Eco (contenção de consumo e emissões), Power (ênfase no desempenho) e EV (priorização do modo elétrico).
UOL Carros pegou o Prius com a bateria "cheia" e apostou no modo EV. O consumo foi o melhor entre os obtidos pelos 18 jornalistas que fizeram o teste.
Numa
apresentação inicial do Prius à imprensa brasileira, realizada em outubro,
UOL Carros obteve média bem mais modesta, entre 11 km/l e 12 km/l -- no caso, a condução foi principalmente em rodovias.
O Prius que será vendido no Brasil não é plug-in, também apresentado nesta terça-feira (
saiba mais aqui) . Sua bateria não pode ser recarregada ligando o carro numa tomada. A vida útil da peça é de cerca de dez anos, ao cabo dos quais é preciso substituí-la (o descarte deve ser ecológico, com entrega da bateria a um concessionário). Seu valor é estimado em 5% do preço total do veículo.
Note-se que a variação plug-in do Prius, já à venda no Japão, custa quase o dobro do híbrido "comum". Há também o Prius Alfa (station wagon) e, em breve, o Aqua, versão hatchback compacta do modelo.
VIDA APÓS O TSUNAMIA fábrica de onde sai o Prius, denominada Tsutsumi e localizada na cidade de Toyota, perto de Nagóia, é considerada modelo de ação ambiental e paradigma para todas as unidades da Toyota ao redor do globo.
A área construída de 20 mil metros quadrados é entremeada por diversos bolsões verdes, muitos deles plantados e cuidados em mutirões que envolvem a comunidade local. Num córrego artificial, que representantes da Toyota afirmam conter água usada nos processos industriais, nadam cardumes de carpas. Numa espécie de terrário, criam-se escaravelhos.
Porém, por dentro a fábrica de Tsutsumi, inaugurada em 1970, é parecida com qualquer outra que UOL Carros já tenha visitado. A congestionada linha de produção, que finaliza mais de mil carros por dia, tem ênfase na gama do Prius, mas de vez em quando avistam-se modelos da Scion (exportados para os EUA) e outros carros da própria Toyota, como o sedã médio Premio e o grande Camry.
Mas essa fábrica simboliza o estoicismo dos japoneses diante da tragédia do terremoto/tsunami de março último. Não houve danos físicos diretos à unidade, mas a produção foi afetada devido à falta de componentes, e a linha fechou durante dez dias -- ou seja, ao menos 10 mil carros deixaram de ser feitos ali.
A produção de carros voltou ao volume normal em junho, e em agosto começaram as horas extras para compensar o que se perdeu no pós-tsunami. A Toyota tem outros três complexos industriais por aqui.Viagem a convite da Toyota do Brasil
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