Nova Chevrolet Montana ganha alma do Agile por R$ 32 mil
A General Motors apresentou, durante este final de semana (dias 25 e 26), em Porto de Galinhas (PE), a nova geração da Chevrolet Montana, originalmente lançada em 2003. Como linha 2011, a picape compacta abandona a linhagem da família Corsa e passa a ser derivada do Agile.
Ao adotar esta nova identidade, a Montana fica um pouco mais cara e mais bem equipada (dependendo do pacote escolhido), partindo de R$ 32 mil (a geração anterior começava em R$ 30 mil), embora perca opção de motorização. Mas, diferente do hatch fabricado em Rosário (Argentina), a renovada picape é feita no Brasil, na unidade de São Caetano do Sul (SP).
São duas versões: a LS, mais básica, é oferecida em quatro diferentes configurações, sendo que a primeira delas é totalmente voltada ao uso comercial ("pé-de-boi", traz o básico para rodar); e a Sport, completa, feita para agradar ao público jovem interessado em veículos versáteis. Os preços e itens oferecidos são os seguintes:
- Chevrolet Montana 2011 LS R9L - rodas aro 14 de aço, aquecedor com display digital, banco do motorista com ajuste de altura, protetor de caçamba e de cárter: R$ 31.990
- Chevrolet Montana 2011 LS R9N - o mesmo do anterior, mais direção hidráulica e computador de bordo: R$ 34.435
- Chevrolet Montana 2011 LS R9P - o anterior, mas com rodas aro 15 de aço e ar-condicionado manual com display digital: R$ 37.653
- Chevrolet Montana 2011 LS R7Q - o anterior, mais alarmes, vidros e travas elétricas, freios com ABS e airbags frontais: R$ 39.933
- Chevrolet Montana 2011 Sport R6A - o anterior, acrescido de rack de teto, detalhes de carroceria na cor do veículo, faróis e lanternas escurecidos, rodas aro 15 de alumínio, adesivos da versão, sensor crepuscular, faróis de neblina, rádio CD/MP3 com conexões USB/iPod e Bluetooth para telefonia e áudio e piloto automático (controle de cruzeiro): R$ 44.040
Em qualquer versão ou configuração, o motor é sempre o 1.4 Econo.flex, capaz de gerar 97/102 cv máximos a 6.000 giros, com torque de 13,2/13,5 kgfm a 3.200 rpm, e velocidade máxima de 168/170 km/h, com gasolina/etanol. Não há mais, ao menos a princípio, a opção do motor 1.8. Quando questionados, os técnicos e engenheiros da GM alegam a questão do custo de projeto como justificativa.
A CARA DO AGILE
Conforme UOL Carros havia apontado no sábado, a Montana 2011 traz a mesma frente do Agile, bem "caruda", com sua indelével grade frontal em forma de escudo seccionado por barra horizontal e gravata dourada, faróis grandes e esticados e capô alto. Mas há novidades.
O para-choque da picape difere do utilizado no hatch, com as laterais (onde se alojam os nichos dos faróis de neblina) mais pronunciadas, formando uma espécie de mandíbula, que acaba dividindo o foco de atenção, antes totalmente voltado à grade. Primeiro, estranha-se; depois, fica claro que a solução deu mais equilíbrio ao conjunto visual, fora um certo arrojo. Há ainda um sobressalto no centro do teto, que começa logo atrás da antena e morre no brake-light, aparentemente sem função física, já que sequer foi citado na apresentação e também passa despercebido para quem viaja no interior da cabine.
Ressaltos também existem na lateral, desta vez na forma de trapézio estilizado, abrigando os novos e maiores "step-side" e as caixas de rodas pronunciadas, bem como no para-choque traseiro, que é metálico. Vale notar que estes prolongamentos dos para-choques são os pontos mais vulneráveis da Nova Montana e, em mais de um exemplar visto, apresentavam riscos e descascados (há também a possibilidade de maior suscetibilidade da pintura a arranhões, como reportado por alguns donos de Agile). Portanto, tome cuidado ao manobrar e/ou aposte no sensor de estacionamento, opcional.
Novidade também na chamada cor de lançamento, chamada verde Jásper, vindo num tom ainda mais chamativo que o do Agile hatch, e que estará disponível para algumas unidades e por um tempo reduzido (sempre a depender a aceitação de público). Além dela, há ainda as tradicionais preta, prata, branca, chumbo, marrom e dois tons de vermelho.
Visual à parte, a GM destaca a força de trabalho da nova Montana, frisando a todo momento ter o produto com maior capacidade de carga do mercado. Com 4,51 m de comprimento, 1,70 m de largura e 1,58 m de altura, a picape conta com uma caçamba de 1,63 m de comprimento e 1,32 m de largura, dez ganchos de amarração e capaz de carregar 758 kg de carga. Falando em volume, são 1.100 litros no compartimento, embora a fabricante goste de afirmar que pode chegar aos 1.180 litros -- bastaria tirar o protetor de caçamba, o que forçaria o comprador a pedir para ter um veículo saindo de fábrica sem um dos itens de série...
Na cabine, chamada pela marca de "max cabine" por conta de um prolongamento (não se pode dizer que seja estendida, porém), há espaço para outros 164 litros de carga, acomodados atrás dos bancos. Como no Agile, ainda há uma boa dose de porta-objetos e, nas costas do banco do carona rebatido, surge ainda uma mesa de trabalho, destacando a vocação operária do modelo.
Com este novo modelo, a GM espera melhorar sua capacidade de enfrentar as rivais Fiat Strada, Volkswagen Saveiro e a decana Ford Courier, bem como a novata Peugeot Hoggar. O diretor de marketing, Gustavo Colossi, fala em crescimento de 15% na participação de vendas do segmento, vendendo 3.500 unidades ao mês, durante o ano inicial de lançamento. A princípio, até 20% destas deverão ser da versão Sport, mais voltada para o uso urbano e de lazer e mais cara, segundo a fábrica; mais tarde, com a consolidação do produto, a participação da versão LS tende a aumentar, acredita o executivo.
IMPRESSÕES DO DIRIGIR
Os engenheiros da GM frisaram a boa dirigibilidade da nova Montana, sobretudo quando calçadas com rodas de liga leve aro 16 (algo curioso, por se tratar de equipamento opcional para qualquer uma das versões). Com a "orientação", UOL Carros partiu, a bordo de uma Montana Sport branca com rodas de 16 polegadas e capota marítima (que tem o mesmo mecanismo de trava da Montana anterior), para 70 quilômetros (no total, ida e volta) de teste em estrada de mão-dupla, diversos buracos, muitos trechos em obras e outro tanto com trânsito pesado de treminhões de cana-de-açúcar, que liga a área à beira-mar de Porto de Galinhas ao Porto de Suape.
Normalmente evitamos indicar acabamento ou cor específica, mas neste caso vale a dica: a cor branca é a que melhor abriga o "porte" visual da nova Montana, formando um conjunto mais equilibrado: os detalhes exclusivos ficam mais evidentes, ao mesmo tempo em que a enorme frente é minimizada e a traseira, mais conservadora que a da Montana anterior, fica menos "retrô" (nos exemplares de cor mais escura, a "antiguidade" das lanternas verticalizadas fica mais explícita).
Do ponto de vista do motorista, a Montana 2011 é quase que totalmente um Agile: a posição de direção é mais alta do que no modelo anterior, sobretudo pela possibilidade de ajuste de altura do assento do banco, e permite uma melhor visibilidade. A amplitude da área envidraçada lateral e traseira, os 17 cm de altura livre para o solo e o recorte da tampa traseira, mais baixa que a borda da caçamba, ampliam esta sensação de controle visual do ambiente. E, no modelo completo, a oferta de equipamentos proporciona uma boa habitabilidade e ótima sensação de controle. Esta percepção só n]ao é plena por conta do posicionamento de coluna de direção, pedais e câmbio: enviesados, levemente tortos para a direita, causam desconforto após um certo tempo, sobretudo com a sequência de troca de marchas e movimentos do volante.
A cabine tem comprimento para acomodar bem a motoristas mais altos, mas mesmo os mais magros vão se sentir apertados, sobretudo se estiverem com um carona, quando não escaparão de encostar no companheiro de viagem durante as trocas de marchas. Mas isso é apenas uma característica do segmento de carros compactos brasileiros. (E pensar que, durante a apresentação da picape, a equipe da GM mostrou, entre imagens aleatórias, a foto de uma picape australiana derivada do sedã grande Omega...)
Em movimento, a Montana se mostrou esperta, com saídas e retomadas ligeiras e respostas bastante diretas. A suspensão traseira foi retrabalhada, ficando mais rígida. Na prática, o carro está ligeiramente menos assentado que o da geração anterior, mas a sensação talvez se deva, justamente, ao uso das rodas aro 16, já que colegas jornalistas que dirigiram unidades equipadas com rodas de 15 polegadas não perceberam grande variação. Comparando com rivais, a nova Montana parece menos suave que a Saveiro, mas mais acertada que a Strada.
Mas, definitivamente, a nova Montana se ressente do pouco fôlego do motor 1,4: devido à propensão ao transporte de carga, a GM retrabalhou a relação de marchas, que estão mais curtas: o resultado é que o carro grita mais, e mais cedo, por volta das 4.000 rpm, aumentando a sensação de incômodo para os ocupantes da cabine. Sobe também o consumo, que embora seja apontado como sendo de 13,6 km/l com gasolina e 9,7 km/l com etanol, na média combinada (urbano/rodoviário), não passou de 6,1 km/l em nosso teste.
Viagem a convite da GM do Brasil
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