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Porsche Cayenne S Hybrid faz bonito quando o assunto é tratar bem o meio ambiente

SUV da Porsche conta com auxílio de motor híbrido e consegue ser rápido e econômico - Divulgação
SUV da Porsche conta com auxílio de motor híbrido e consegue ser rápido e econômico Imagem: Divulgação

Da AutoPress

Especial para o UOL

07/08/2010 10h00

É bem provável que a versão híbrida não venha a ser a mais popular da Cayenne. Mas ainda bem que a Porsche deixou a configuração em evidência no lançamento da nova geração do utilitário esportivo de luxo. Afinal, o Cayenne S Hybrid não é apenas o primeiro híbrido da marca como o mais inovador membro da sua linha -- pelo menos em termos tecnológicos.

Em relação ao modelo anterior, a nova Cayenne está mais moderna e, sobretudo, mais elegante. Ela também ficou maior: 4 cm a mais no entre-eixos, chegando a 2,89 m; 5 cm no comprimento, 4,85 m no total; e 1 cm na largura, alcançando1,96 m. A altura foi mantida em 1,67 m. Isso acarreta em óbvios benefícios no espaço interno. Os bancos traseiros agora também contam com a versatilidade de serem rebatidos e podem correr sobre trilhos para redimensionar a área de bagagem ou o espaço para os ocupantes. A capacidade do porta-malas varia entre 580 e 1.690 litros.

O design interior também evoluiu. Adotou soluções vindas do cupê de quatro portas Panamera. Quanto aos equipamentos, nada do essencial foi deixado à parte, mas a lista de opcionais continua a ser praticamente interminável -- e os preços praticados confirmam a exclusividade do fabricante. O Cayenne parte dos 65.900 euros -- equivalentes a R$ 150 mil -- mas só a unidade testada, por exemplo, tinha quase 30 mil euros -- algo em torno de R$ 68 mil -- em opcionais.

O motor a combustão é um V6 3.0 litros sobrealimentado por um compressor mecânico com intercooler, dotado de 24 válvulas e comando variável, capaz de render 333 cv e 44,86 kgfm. Entre o V6 e a caixa de velocidades foi instalado um módulo híbrido que inclui uma embreagem e um motor elétrico com 47 cv e 30,59 kgfm, impulsionado por uma bateria de 38 kW a 228 V, escondida sob o piso do porta-malas. No total, o Cayenne S Hybrid oferece 380 cv a 5.500 rpm e 59,14 kgfm de torque a 1.000 rpm -- valores dignos de uma variante V8, daí a inclusão da sigla S na designação.

Para gerir o funcionamento do sistema, foi desenvolvido o Hybrid Manager, capaz de realizar a sua tarefa em 0,3 segundo. E não são poucas as competências do dispositivo: além do sistema start/stop, o Cayenne S Hybrid também possui a capacidade para desligar o motor a combustão em desaceleração aos 156 km/h. O motor elétrico funciona em três situações diferentes. Como gerador para recarregar a bateria, como auxiliar do motor a combustão e até como única força motriz, desde que abaixo dos 60 km/h e em uma distância menor que 2 km. No modo E-Power, o funcionamento do sistema é otimizado para retardar ao máximo a entrada em funcionamento do V6 e diminuir o consumo e a emissão de poluentes.

Mas nem só dos motores vive o Cayenne S Hybrid. A caixa de velocidades automática é adaptativa e conta com oito velocidades, sendo as duas últimas longas para reduzir em 20% a rotação do motor. O sistema de tração integral PTM é 33 kg mais leve que o anterior e dotado de diferencial autoblocante -- com proporção de 60/40. A suspensão -- 66 kg mais leve -- pode ser regulada em três níveis de altura e ser dotada do sistema PASM, com controle ativo de amortecimento. São três modos de regulagem: Confort, Normal e Sport. No total, o novo Cayenne está 111 kg mais leve que o antecessor.

O merecimento da sigla S na denominação deste híbrido é mais convincente ainda quando comparado com o Cayenne S com motor V8 a gasolina com 440 cv e 51 kgfm de torque. O peso do híbrido é 175 kg maior, mas perde apenas 16 km/h na velocidade máxima -- 242 km/h -- e 0,6 segundo no zero a 100 km/h -- 6,5 segundos. No consumo, a vitória muda de lado. O Hybrid tem média de 12,2 km/l enquanto que o S fica com 9,5 km/l. A emissão de poluentes fica em 193 g/km e 245 g/km respectivamente. Isso significa que o Cayenne S Hybrid merece o título de modelo ecologicamente mais eficaz de toda a gama Porsche. (por António de Sousa Pereira, do Auto Motor/Portugal, de Lisboa/Portugal)

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Porsche Cayenne S Hybrid

Depois da teoria, restava saber qual o resultado prático de tanta tecnologia. Desde o princípio, é importante dizer que esta versão se comporta como qualquer outro Cayenne. Por outro lado, na cidade percebeu-se que é impossível chegar sequer perto do consumo divulgado pela Porsche. As melhores medições apontavam 8,7 km/l, o que não deixa de ser bom para um carro com estas dimensões, peso e rendimento, mas fica claramente aquém dos alardeados 12,2 km/l.

Na estrada, o Cayenne S Hybrid convence. As reações são ótimas, a direção -- agora mais direta e com assistência variável -- é um primor e os freios cumprem a sua função de parar as mais de 2,2 toneladas do modelo. Portanto, o SUV pode ser considerado um utilitário rápido graças à estabilidade que demonstra nos traçados mais sinuosos -- com grande contribuição do sistema de suspensão ativa. A única crítica fica por algumas hesitações do sistema que controla o motor elétrico, que parece ficar indeciso sobre qual momento correto para entrar em operação.

Por fim, mesmo que essa não seja principal vocação do Cayenne, nem da maioria de seus clientes, no fora de estrada o SUV se portou muito bem, mesmo sem grande parte dos opcionais que deixam essa tarefa mais fácil. E até sem os pneus apropriados. Em relação ao posicionamento comercial deste híbrido, ele fica mais caro que a versão a diesel, mas se torna uma boa alternativa ao Cayenne S, já que pouco perde em termos práticos e tem preço 20 mil euros -- R$ 46 mil -- a menos, suficientes para enchê-lo de opcionais.

Frente à concorrência, o diferencial do preço em relação ao Lexus RX 450h não é grande. A grande vantagem fica quando comparado ao X6 ActiveHybrid, que custa 140 mil euros -- R$ 320 mil. Seja como for, quem optar por viver com menos peso na consciência ou, na pior das hipóteses, com uma aura de consciência ambiental, terá uma bela opção na briga dos utilitários esportivos de luxo. (por António de Sousa Pereira, do Auto Motor/Portugal, de Lisboa/Portugal)