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Punto ganha o fôlego que faltava, mas câmbios esperam ajustes

Fiat Punto Essence: motor E-torq finalmente posiciona hatch como (quase) esportivo - Divulgação
Fiat Punto Essence: motor E-torq finalmente posiciona hatch como (quase) esportivo Imagem: Divulgação

Ricardo Panessa

Especial para o UOL, em Curitiba (PR)

01/07/2010 20h13

Coração novo, vida nova. Lançado no Brasil em 2007 com motor de 1,4 litro, o Fiat Punto arrebatou corações pelo seu visual moderno e esportivo, mas decepcionou muita gente com o modesto desempenho do motor de apenas 85 cavalos de potência. Agora, equipado com a nova família de motores E-torq 1.6 e 1.8, o Punto 2011 ganhou fôlego renovado.

Por fora foi mantido o mesmo desenho arrojado -- inspirado no esportivo Maserati --, mas debaixo do capô as duas novas opções de motores colocaram o Punto no seu devido lugar: o de hatch (quase) médio com um toque esportivo.

Lançado oficialmente na quarta-feira (30) em Campo Largo, no Paraná, junto a nova fábrica de motores da FPT (Fiat Powertrain Technologies), o Punto com as duas novas motorizações agradou à imprensa especializada. Primeiro, provamos a versão 1.6 16V, com câmbio manual. De cara, logo na primeira acelerada já é possível notar a diferença -- positiva -- em relação ao Punto "antigo". O motor disponibiliza 117 cv de potência máxima (com etanol) aos 5.500 rpm. O torque, de 16,2 kgfm a 4.500 rpm, sugere melhor desempenho em altas rotações.

MAIS IMAGENS DO PUNTO

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Avaliado dentro do Autódromo de Curitiba (PR) e fora dele, em percurso urbano, o modelo apresentou boa dirigibilidade, com respostas precisas da direção e boa relação entre firmeza e maciez das suspensões. Estas, com rodas semi-independentes, travessa de torção e molas helicoidais na traseira, e do tipo McPherson com rodas independentes, barra estabilizadora e molas helicoidais na frente, são silenciosas e absorvem as irregularidades do piso quase sem transmitir trepidações ao volante e para dentro da cabine.

No autódromo, em alta rotação, o Punto 1.6 apresentou melhor desempenho. Rodando sempre acima de 3.000 giros, apresentou respostas rápidas tanto no acelerador quanto na direção, além de estabilidade exemplar, mesmo andando no limite de segurança. No trânsito urbano, porém, deixou a desejar nas saídas e retomadas de velocidade abaixo das mesmas 3.000 rpm, demorando para "encher" o motor.  Embora a caixa de câmbio manual apresente relação de marchas longas, como convém a um veículo que visa o equilíbrio entre desempenho e economia, o enorme curso da alavanca entre um engate e outro chega a incomodar.

Segundo a montadora, essa versão acelera de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos e atinge velocidade máxima de 182 km/h, quando abastecido com álcool e 180 km/h utilizando gasolina. O consumo, ainda segundo a Fiat, é de 8,1 km/l (12 km/l com gasolina) na cidade e 10,8 km/l (16,1 km/l com gasolina) na estrada.

 
POTÊNCIA DE SOBRA
A bordo da versão com motor de 1,8 litro, 16 válvulas e câmbio robotizado Dualogic (que a Fiat insiste em chamar de automático), como não poderia deixar de ser o desempenho é nitidamente superior. O novo propulsor oferece 132 cv de potência máxima aos 5.250 rpm e torque total de 18,4 kgfm somente a partir de 4.500 rpm.

Como na versão 1.6, o Punto 1.8 tem relação de marchas bastante longa (a 5ª é praticamente overdrive) e apresenta as melhores acelerações e retomadas a partir de 3.000 rpm. O câmbio, que dispensa a utilização do pedal de embreagem, exige adaptação do motorista e ainda apresenta pequenos solavancos, principalmente em baixas rotações. Quando abastecido com etanol, o Punto 1.8 E-torq acelera de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos (10,1 s com gasolina) e atinge velocidade máxima de 191 km/h (189 km/h com gasolina). O consumo com etanol, segundo a Fiat, é de 7,8 km/l (11,8 km/l com gasolina) na cidade e 10,6 km/l (15,9 km/l com gasolina) na estrada.

Com a mesma calibragem das suspensões que a versão de motor menor, o Punto 1.8 tem na estabilidade e conforto de rodagem um de seus pontos fortes. O volante da direção e o banco do motorista oferecem regulagem de altura, proporcionando a posição ideal de conduzir a motoristas de qualquer estatura.

CONFORTO... À FRENTE
Bancos confortáveis, boa ergonomia, posição de dirigir ao gosto do freguês e baixíssimo nível de ruído interno ampliam o conforto dentro da cabine do Punto... para o motorista e o passageiro da frente. Atrás, dois passageiros já não desfrutam do mesmo privilégio, e três seguramente viajam desconfortavelmente. A distância do banco da frente é muito pequena, principalmente quando está recuado ao máximo. Além disso, pessoas altas encostam a cabeça no teto.

O acabamento interno é muito bom, principalmente nas versões 1.8, mas nenhuma delas oferece um item básico de conforto e segurança interna: não existem alças de apoio nem para o passageiro da frente e nem para os de trás.

Todas as versões saem de fábrica com um respeitável pacote de equipamentos de série. Mas só terá aerofólio na tampa traseira, chave tipo canivete com telecomando para abertura e fechamento de vidros e portas, ABS e airbag duplo, rádio CD MP3 e rodas de liga leve aro 16" de fábrica quem pagar pelas versões Sporting ou T-Jet (esta ainda tem sensor de estacionamento de série). De toda forma, mesmo nas versões mais caras, para ter ar-condicionado digital e teto solar elétrico -- que são opcionais -- será preciso pagar a mais.

Viagem a convite da Fiat do Brasil