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Hyundai é criticada ao usar tentativa de suicídio em comercial; veja mais casos

Anúncio mostra homem tentando cometer suicídio com gases do escapamento do ix35 - Adland/Reprodução
Anúncio mostra homem tentando cometer suicídio com gases do escapamento do ix35 Imagem: Adland/Reprodução

26/04/2013 11h31Atualizada em 26/04/2013 12h40

A Hyundai do Reino Unido afirma ter retirado do ar um anúncio online que mostrava um homem tentando cometer suicídio dentro de um ix35, em sua garagem, usando os gases do escapamento do veículo. O suposto humor inglês estava no fato do SUV ser de uma versão movida a célula de hidrogênio, que expele apenas vapor d'água pelo escapamento.

Em comunicado, a Hyundai pediu "desculpas sinceras pelo vídeo ofensivo que se tornou viral". Apesar da afirmação da filial da empresa coreana, o vídeo ainda podia ser localizado através de mecanismos de busca e assistido na manhã desta sexta-feira (26).

No comercial, um homem se tranca dentro da garagem de sua casa, liga o motor do carro e fecha os olhos aguardando que os gases produzidos pelo veículo ponham um fim a sua vida. Com um corte de câmera, segue outra cena do exterior da casa para marcar a passagem de tempo. Por fim, já é noite quando a porta se abre e o homem sai da garagem com ar de frustração e volta para casa. Um letreiro surge para afirmar que o "novo ix35 tem 100% de emissão de água" -- indicando que os gases produzidos pelo modelo não poderiam representar uma ameça à saúde.

A  Hyundai europeia anunciou recentemente planos de produzir 1.000 unidades do ix35 a célula de hidrogênio nos próximos meses.

  • Adland/Reprodução

    Final da propaganda mostra retorno do homem para casa: humor inglês mal-sucedido

ENOJADA
Holly Brockwell, moradora do Reino Unido, cujo pai cometeu suicídio dentro de um carro em 1990, escreveu em seu blog sobre o quanto ela se sentiu "vazia" e "enojada" com a propaganda. O texto do blog foi lido por milhares de pessoas e escrito em forma de uma carta aberta à Hyundai e à agência publicitária Innocean, responsável pela produção do comercial.

"Quando seu comercial começou a passar, eu comecei a tremer, tremi tão forte que tive de deixar de lado a bebida que tinha nas mãos, se não eu a derramaria. Então, comecei a chorar", afirma o texto de Brockwell, que acrescenta que "surpreendentemente, quando cheguei ao final do vídeo, quando nós vemos que o homem na verdade não morre, graças às emissões não-poluentes da Hyundai, eu não parei de chorar".

"Eu não senti subitamente que minhas lágrimas eram justificáveis por sua divertida mensagem. Só me senti vazia. E enojada. E queria meu pai de volta", escreveu Brockwell, que curiosamente, é consultora criativa de publicidade, mas acrescentou que "nunca cruzaria minha mente chegar a esse ponto".

A agência publicitária Innocean afirmou que a intenção do vídeo era "usar uma hipérbole para dramatizar uma vantagem do produto, que leva a um desfecho positivo". A empresa afirma ainda ter cometido "um erro e pedimos desculpas sinceras."

IDEIA VELHA
Estão não é a primeira vez que uma fabricante usa o tema do suicídio para promover um lançamento de carro, de uma nova tecnologia de motores ou até de ações promocionais. A própria ideia de alardear um nível menor de emissões de gases poluentes através de "hipérbole", como classifica a agência publicitária da Hyundai do Reino Unido, é uma ideia antiga e já foi vista, por exemplo, em comercial da Citroën sobre uma versão da minivan Xsara Picasso.

De acordo com o site americano "AutoBlog", o efeito da propaganda da marca francesa foi o mesmo -- muita polêmica e pedidos oficiais de desculpas --, o que prova que a agência da Hyundai não fez a lição de casa antes de bolar a peça. O mesmo pode ser dito da Audi, que mostrou um executivo enfurecido após não conseguir se matar a bordo de um carro a diesel.

Há também exemplos em que o humor é melhor explorado: no caso da Volkswagen, um comercial americano antigo mostra que um rapaz disposto a pular do alto de um prédio desiste ao ser informado que a marca faz promoção com três de seus modelos, todos vendidos a menos de US$ 17 mil. Em outro vídeo americano, da GM, um robô entra em depressão ao saber da garantia de 100 mil quilômetros dos carros da fabricante.

A Hyundai também já causou polêmica na Holanda, ao citar a morte na propaganda do cupê Veloster: por não ter porta traseira do lado esquerdo, o passageiro não consegue descer pelo lado da rua (na posição em que o carro estava parado) e escapa de ser atropelado. O passageiro de um Ford Focus, no entanto, não tem a mesma "sorte" e é levado por uma materialização da morte típica de histórias de terror infantis. (Com Redação de UOL Carros)