Com atraso e sem liderança, Suzuki lança novo Burgman i

Em 2005, a Suzuki inovou o mercado de duas rodas ao lançar o seu scooter de baixa cilindrada, o Burgman 125 cc. Em São Paulo, maior cidade da América Latina, tornou-se comum ver este veículo circulando pelas ruas. Eram empresários de paletó, mulheres de salto e recém habilitados disputando as ruas com as outras milhares de motocicletas que transitam pela metrópole.
A cor amarela do Burgman 2005 predominava na cidade e se tornou tendência. Como acontece na Europa, parecia que a Suzuki tinha conseguido, por meio do Burgman 125, disseminar a cultura do scooter. Ainda mais em uma cidade do tamanho da capital paulista.
Resumindo, o Suzuki Burgman 125 e o Yamaha Neo CVT dominavam o mercado e, juntos, venderam 51 mil unidades entre janeiro de 2008 e julho de 2009. Foi então que a Honda contra-atacou e lançou o Lead 110. Alimentado por injeção eletrônica de combustível e freios combinados, o scooter Honda nasceu para abocanhar a fatia de mercado conquistada pelos seus concorrentes, principalmente o Burgman 125.
Também em 2009, entrou em vigor a terceira fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares, o Promot 3. A nova lei de emissões de gases fez o mercado de scooters se transformar. Sem um projeto que atendesse a esta nova legislação, o Burgman 125 foi perdendo espaço. A reviravolta foi tamanha, que hoje o Lead 110 detém 68% do segmento.
FICHA TÉCNICA: Suzuki Burgman i
Motor: | Quatro tempos, monocilíndrico, duas válvulas, OHC, 124 cm³, refrigeração a ar forçado. |
Potência máxima: | 9 cv a 7.500 rpm. |
Torque máximo: | 0,95 kgfm a 6.000 rpm. |
Câmbio: | CVT. |
Suspensão: | Dianteira telescópica. Traseira com balança articulada, de monoamortecimento hidráulico, mola helicoidal, com ajustes. |
Freios: | Dianteiro com disco. Traseiro a tambor. |
Pneus: | 90/90-10 50J (dianteiro)/ 100/90-10 56J (traseiro). |
Dimensões: | 1.840 mm (comprimento), 650 mm (largura), 1.100 mm (altura); 1.230 mm (entre-eixos); 730 mm (altura do assento); 125 mm (altura mínima do solo). |
Capacidade do tanque: | 6,4 litros. |
Peso: | 110 kg em ordem de marcha. |
POR QUE A DEMORA?
Segundo a assessoria da Suzuki no Brasil, “o novo modelo foi desenvolvido, testado e aprovado agora. Não foi em função do Promot 3 que a Suzuki perdeu mercado para a Honda. Foi por falta de produto em quantidade.”
Com essa resposta burocrática, a Suzuki explicou a demora de forma oficial. Entretanto, nas entrelinhas do lançamento, que foi realizado para a mídia especializada em fevereiro na cidade de Jundiaí (SP), o discurso se alongava um pouco.
“Tempo de projeto. A Suzuki fica cinco anos com um modelo e todo o desenvolvimento é feito no Japão, por isso a demora”, relatou Jefferson Pavan, engenheiro de certificação da Suzuki. Difícil de entender, já que o Burgman i 2011 podia ser visto no CIMAMotor 2010 -- salão de motos que aconteceu em outubro na cidade chinesa de Chongqing. O modelo é produzido pela chinesa Hao Jue, que fabrica ainda outros modelos Suzuki. Primo-irmão do Smart 125, da Dafra, o novo Burgman i foi lançado e está totalmente novo, para, quem sabe, recuperar o mercado.
Outro scooter O scooter Suzuki Burgman i 2011 é totalmente novo. A começar pelo nome, que traz a letra i, mostrando que o novo modelo agora é alimentado por injeção eletrônica de combustível. E é na alimentação que as diferenças começam. “A mistura de combustível está mais equilibrada, o que gera uma economia muito maior”, explica Pavan. O novo sistema faz o Burgman i atender todas às exigências do Promot 3.
Mas as mudanças não param por aí. Olhando o Burgman 2011 e o modelo anterior de frente, o conjunto óptico já chama a atenção. Antes, o farol era posicionado na mais para baixo no escudo frontal do scooter, separado da grande entrada de ar por dois parafusos. Já no novo modelo, o farol fica mais alto, a entrada de ar, mais discreta e as setas saíram da carenagem do guidão para se juntar ao escudo frontal do novo Burgman.
Com as setas abaixo do conjunto óptico, o Burgman 2011 não traz nenhum outro sistema de iluminação na carenagem do guidão. Destaque ainda para os novos retrovisores, que agora estão mais encorpados e pintados na cor da moto.
O paralama dianteiro também deixou de existir. No Burgman i o ‘bico’ da carenagem frontal se prolonga e funciona também como paralama. O ponto negativo é que em caso de algum impacto, toda a força será transmitida ao escudo frontal, composto por uma peça só. No modelo anterior era o paralama que absorvia parte desses choques. No anteparo do painel frontal, há um porta-luvas e também um gancho para pendurar sacolas ou bolsas, entre as pernas do piloto.
As diferenças continuam em todo o modelo. A garupa agora tem pedaleiras retráteis. Na versão antiga, a Suzuki disponibilizava apenas um suporte para os pés que era muito desconfortável.
A lanterna traseira do novo Burgman ficou mais moderna, porém maior. E o bagageiro de série teve seu desenho atualizado, mas continua bem semelhante ao do modelo anterior.
As rodas dianteira e traseira, de liga leve e aro 10 polegadas, foram redesenhadas para criar harmonia no Burgman i, que sem dúvida ficou mais moderno. O painel ainda foi todo reformulado, trazendo as mesmas informações do Burgman lançado em 2005. Além do desenho, a grande novidade fica por conta da luz de injeção eletrônica -- hodômetro, setas, luz alta e marcador de combustível completam o painel.
O tanque de gasolina não segue a tendência de ir para o console que suporta os pés e continua debaixo do banco. Com isso, o espaço sob o banco é reduzido e comporta apenas um capacete aberto pequeno. Para terminar as comparações, o novo Burgman perdeu o contra peso na extremidade do guidão, agora escondido na parte interna do guidão.
PILOTAGEM
O local escolhido pela Suzuki para testarmos o novo modelo, permitiu-nos apenas produzir as fotos e ter as primeiras impressões de pilotagem do Burgman i 2011. Logo se nota que a aceleração do Burgman i está mais linear. O uso da injeção eletrônica de combustível oferece ao piloto uma progressão contínua e sem falhas ao acelerar. O propulsor de quatro tempos, 125 cm³, duas válvulas, OHC, monocilíndrico e refrigerado a ar é muito silencioso. Mas para atender às restrições antipoluição, o desempenho do motor diminuiu: agora produz 9 cavalos de potência máxima a 7.500 rpm e torque máximo de 0.95 kgf.m a 6.500 -- o antigo Burgman 125 carburado tinha 12,3 cv e 1,1 kgfm. Ou seja, o novo Burgman i está mais fraco que o anterior, porém o desempenho comedido deve resultar em economia de combustível.
A transmissão automática tipo CVT (transmissão continuamente variável) por correia em “V”, continua funcionando bem e passa conforto ao piloto, que não precisa se preocupar com a troca de marcha. É ligar, acelerar e rodar!
Os freios não puderam ser avaliados em situações reais de uso urbano, entretanto podemos garantir que o trem dianteiro -- disco simples ventilado mordido por pinça deslizante de pistão único -- está de acordo com sua proposta urbana. Na traseira, foi mantido o sistema de freio a tambor.
Para um piloto de 1,90 m, como eu, os joelhos atrapalham a pilotagem do scooter. Para mudar de direção, minhas pernas ‘brigavam’ com o guidão o tempo todo.
Todavia, este é um veículo “urbanóide” e para se locomover entre carros em uma velocidade razoável a ciclística se mostrou bem acertada. Enquanto eu pilotava e a fotógrafa Flávia Fontes “clicava” o Burgman i, um funcionário de uma churrascaria, próxima ao local onde fizemos a seção de fotos, veio conversar comigo.
“Queria comprar um desse pra minha esposa. Ela tem 28 anos, é pequena, só anda aqui em Jundiaí e com um litro roda a cidade toda”, disse João Overbeck, manobrista da Churrascaria da Fazenda. Sem querer, João resumiu toda a praticidade do novo modelo. É exatamente esse o intuito da Suzuki. Oferecer um produto barato, com baixo consumo de combustível e que proporcione uma condução funcional para qualquer piloto.
CONCORRÊNCIA
Antes líder do segmento, agora correndo atrás do prejuízo. É assim que o Burgman i 2011 chega às concessionárias da Suzuki no Brasil nas cores preta, prata, vermelha, branca e amarela. Uma de suas principais armas para recuperar espaço é o preço público sugerido de R$ 5.990.00, abaixo da maioria dos concorrentes. O Honda Lead 110, líder, está tabelado em R$ 6.062,00. O Yamaha Neo CVT, ano/modelo 2010, está sendo comercializado por R$ 6.459,00. Somente o Dafra Smart 125 está mais em conta que o novo scooter da Suzuki: custa R$ 5.490,00. (por André Jordão)
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