Paula Gama

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Perito: Porsche estava a mais de 130 km/h quando atingiu motorista de app

O Porsche que atingiu e matou motorista de aplicativo em acidente no último fim de semana, em São Paulo, estava a mais de 130 km/h. É o que aponta análise feita pela equipe técnica de Rodrigo Kleinubing, perito especializado em análises de sinistros, que avaliou o ocorrido a pedido da coluna,

De acordo com o software utilizado (Niewtun), o 911 Carrera GTS estava a, pelo menos, 132 km/h quando atingiu o Renault Sandero. O acidente aconteceu em uma via de 50 km/h, na região de Tatuapé, zona leste de São Paulo.

"Esse cálculo é bem conservador, ou seja, a velocidade real pode ser maior. 132 km/h é um nível de velocidade, fisicamente falando, altíssimo, em termos de energia, força e distância de parada", opina o especialista.

Durante depoimento à Polícia Civil, Fernando Sastre de Andrade Filho, o condutor do Porsche que causou o acidente, assumiu que estava "um pouco acima do limite de velocidade, mas não muito" quando atingiu o outro veículo.

O perito consultado pela coluna explica que, em casos como esse, a velocidade do veículo é fundamental para a apuração da responsabilidade do condutor, pois ela torna o acidente inevitável para todos os envolvidos.

"A alta velocidade aumenta muito a gravidade do acidente, a distância de reação e de parada são muito maiores. Tornando o acidente inevitável, não permite reação nenhuma da vítima, que recebe uma carga por trás, e nem do condutor, que vai ter um tempo de reação muito reduzido". Para se ter uma ideia, de acordo com o software utilizado na análise da cena, o Porsche percorreu 3,66 m em apenas 0,1 segundo.

Quem era a vítima?

Ornaldo da Silva Viana foi atingido enquanto trabalhava, como motorista de aplicativo
Ornaldo da Silva Viana foi atingido enquanto trabalhava, como motorista de aplicativo Imagem: Reprodução/Facebook

Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, que estava trabalhando como motorista de aplicativo no momento do acidente e morreu por politraumatismos, era natural do Maranhão, mas vivia em Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele era conhecido na região de Soberana por sua simpatia.

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"Era uma pessoa alegre, onde chegava, brincava com todo mundo. Ficou um vazio imenso", comentou um de seus amigos nas redes sociais.

Ornaldo era membro da Igreja Universal do Reino de Deus e, mais do que praticante da fé, era evangelizador, participando como voluntário de encontro de oração dentro da comunidade cristã. Também era avô e pai de três filhos, entre eles, uma menina de 13 anos.

Em entrevista ao Balanço Geral, o filho da vítima, Lucas Moraes, que também é motorista de aplicativo, suplicou que a sociedade não deixe a morte de seu pai ficar impune.

"O que aconteceu com ele foi muito sério. Ele não merecia essa crueldade. Quero que tudo seja esclarecido; o carro estava em uma velocidade absurda, ele acabou com a traseira do carro do meu pai. Ele não teve nem tempo de ver o cara", lamenta.

Lucas contou ainda que não foi procurado pela família do causador do acidente. "Ele acabou com uma família. Eu quero respostas. Como acontece um acidente desses? Por que ele não fez o bafômetro? Por que liberaram ele? Eu não entendo muito de Lei, mas como que libera o cara? Eu quero apoio para que esse crime não fique impune, eu tenho medo que nada aconteça", afirmou o filho do motorista.

Quem causou o acidente?

Fernando Sastre de Andrade Filho conduzia o Porsche que colidiu contra o carro da vítima em São Paulo
Fernando Sastre de Andrade Filho conduzia o Porsche que colidiu contra o carro da vítima em São Paulo Imagem: Reprodução/TV Globo
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A morte de Ornaldo foi causada por Fernando Sastre de Andrade Filho, engenheiro civil formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. No momento do acidente, Fernando estava acompanhado por Marcus Vinicius Machado Rocha, de 22 anos, em um veículo avaliado em mais de R$ 1,3 milhão.

O condutor é filho de Fernando Sastre de Andrade, proprietário de empresas do ramo imobiliário. A mãe, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, esteve no local do acidente logo após a batida e retirou o engenheiro da situação, alegando levá-lo para atendimento médico no Hospital São Luiz.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, quando os agentes foram até ao hospital para fazer o teste do bafômetro no condutor e colher sua versão do acidente, foram informados que ele nunca deu entrada no local. Após 38 horas, Fernando Andrade Filho se apresentou à polícia na presença de advogados, que afirmaram que ele estava em "estado de choque".

Andrade Filho está sendo investigado por "homicídio culposo e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, além de fugir do local do acidente". A Polícia Civil já pediu a prisão temporária de Fernando, inicialmente negada do Judiciário. Já a SSP disse que "analisará a dinâmica da ocorrência" para apurar possíveis erros que possibilitaram a fuga do suspeito.

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