Paula Gama

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Motor sem ronco? O que vai mudar nos novos carros da Porsche

O Porsche Macan - carro mais vendido da montadora no mundo - consolida polêmicas desde que "nasceu". Ele foi o segundo SUV da marca, o que, para os puristas, era uma verdadeira heresia, já que, até então, a montadora era especializada em esportivos. Agora, será o segundo "sem ronco", ou seja, elétrico. Mas isso não significa, nem de longe, que não honra o DNA esportivo de seus antecessores. Inaugurando uma nova plataforma, ele chegará ao mercado em 2024, mas nós já conhecemos de perto.

O Macan totalmente elétrico é baseado na Premium Platform Electric (PPE) desenvolvida em conjunto com a Audi - na marca das quarta argolas, ela será a base do Q6, também do grupo Volkswagen. A PPE dará à Porsche a oportunidade de comercializar modelos de grande volume com elevados padrões técnicos e, assim, eletrificar mais uma parte importante do portfólio.

O foco está na autonomia e carregamento rápido, mas não deixa de lado a alta potência. Ainda não dá para estimar o preço, mas a título de comparação, o Macan GTS da atual geração - que é menos potente e tecnológico - parte de R$ 710 mil.

A traseira tem estilo cupê
A traseira tem estilo cupê Imagem: Divulgação

Spoilers moderados

Durante um workshop na fábrica de Leipzig, na Alemanha, planta que vai produzir a nova geração do Macan, nós tivemos acesso ao veículo, mas a Porsche reservou detalhes para outro momento. Explico: o carro foi apresentado e pudemos até circular dentro dele, mas no banco do carona e com diversos adesivos disfarçando o design do modelo.

Ainda assim, foi possível detectar a pegada de SUV cupê. Mesmo sem um exemplar da geração atual ao lado, que mede 4,72 m de comprimento, 1,9 m de largura e 1,6 de altura, já deu para perceber que a novidade será um pouco maior.

Na traseira, o conjunto óptico, apesar de camuflado com adesivos, lembra o Taycan, o primeiro elétrico da marca. Foi possível pescar alguns detalhes, como faróis interligados, como a geração atual, saídas de escape falsas - já que modelos a bateria não têm escapamento-, aerofólio e rodas de 22 polegadas.

O interior terá até três telas: no painel, no centro e para o passageiro
O interior terá até três telas: no painel, no centro e para o passageiro Imagem: Divulgação
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A Porsche já divulgou uma imagem do interior sem disfarces e mostrou que o Macan terá três telas: uma para o carona, outra central e a terceira será um display curvo de 12,6 polegadas, totalmente digital, posicionado diretamente na linha de visão do motorista.

A tela central é sensível ao toque de 10,9 polegadas com qualidade full HD. O display passageiro (10,9 polegadas) será opcional, e utiliza uma tecnologia especial que evita que o motorista veja o que está na tela enquanto dirige. Assim, o conteúdo de vídeo, por exemplo, pode ser exibido exclusivamente para o passageiro. Haverá também um head-up display com realidade aumentada.

O que mais interessa

Quando o assunto é Porsche, apesar da tecnologia, design e conforto serem importantes, é sobre o conjunto motor que todo mundo quer saber. O que sabemos é que a plataforma PPE permite uma ampla gama de modelos com tração traseira e integral e vários níveis de desempenho. Inicialmente, o Macan será lançado nas variantes básica e topo de linha.

A mais equipada, de fato, vai impressionar. Com dois motores, serão 611 cv de potência e mais de 100 kgfm de torque. Para se ter uma ideia, a versão mais potente à venda atualmente tem 446 cv e 56 kgfm. Pode-se esperar uma sensação completamente diferente de dirigir, uma vez que, em carros elétricos, a entrega de torque é quase imediata, fazendo a aceleração inicial ser muito mais rápida. A marca, no entanto, ainda não anunciou em quantos segundos chegará de 0 a 100 km/h.

O Macan terá 611 cv e mais de 100 kgfm de torque
O Macan terá 611 cv e mais de 100 kgfm de torque Imagem: Divulgação
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A Porsche desenvolveu para o Macan o que chama de "Performance Rear End", ou "traseira esportiva", em tradução livre. Na prática, o motor mais potente fica no eixo traseiro, resultando em um equilíbrio de peso ligeiramente voltado para a traseira, com uma proporção de peso de 48% na frente e 52% atrás. A estratégia garante agilidade nas acelerações e nas curvas, ou seja, mais esportividade.

Apesar de ter afirmado que têm autonomia como uma das prioridades, ainda não se sabe quantos quilômetros o Macan vai percorrer com uma recarga. Mas, com esse discurso da Porsche, não se espera nada menos do que 450/500 quilômetros. O Macan é equipado com bateria de íons de lítio na parte inferior da carroceria com capacidade total de cerca de 100 kWh, são 12 módulos que abrigam 180 células. Se a estação de recarga funcionar com 400 volts, a bateria pode ser carregada de 10 a 80% em menos de 22 minutos.

Experiência a bordo

Gostaria de dizer que acelerei o Macan na pista de teste da fábrica de Leipzig, mas seria mentira. Pelo menos, pude acompanhar, dentro do carro, as acelerações de um piloto profissional. A primeira reação, mesmo conhecendo a dinâmica de um esportivo elétrico, é tomar um susto quando o corpo é empurrado para trás na primeira aceleração. Nesse momento, a gente entende claramente o que significa "torque quase imediato" de um carro elétrico. Em milissegundos o veículo tem acesso a toda a sua força, tornando os primeiros instantes viscerais.

O elétrico é capaz de enfrentar imersões e inclinações de até 80%
O elétrico é capaz de enfrentar imersões e inclinações de até 80% Imagem: Divulgação

Confesso que as duas voltas passaram tão rápido que não foi possível prestar a atenção em detalhes, mas ficou claro a esportividade brutal do veículo, mesmo com todo peso das baterias no assoalho. Espero ter mais tempo com o veículo para entender as nuances de todas inovações tecnológicas empregadas nesse chassi.

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Também enfrentei, no banco do passageiro, um percurso off-road de seis quilômetros. Entre os desafios, imersão em 100 metros de água e uma inclinação lateral de quase 80% da carroceria, além de pisos irregulares, lama, depressões e pedras.

O Macan passou de forma tão fácil por todos os obstáculos que deu até pena de pensar que a maioria das unidades vendidas nunca passarão por nada parecido. O conforto se manteve a bordo, e mostrou que, quando houver infraestrutura de carregamento suficiente, ele poderá, sim, enfrentar os desafiadores terrenos brasileiros.

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