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Fernando Calmon

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Passado, presente e futuro em 70 anos da VW no Brasil

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

05/07/2023 11h37

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Ao comemorar sete décadas de atuação no Brasil a VW relembrou o início modestíssimo, em 23 de março de 1953. Apenas 12 funcionários montavam carros importados da Alemanha num galpão rua do Manifesto, bairro paulistano do Ipiranga. Em quatro anos produziram apenas 2.268 Fuscas e 552 Kombis. A fábrica em São Bernardo do Campo (SP) que iria se tornar a maior do Brasil em um só terreno, começou a produzir a Kombi com 50% de índice de localização em 2 de setembro de 1957. Foi a primeira instalação fabril da marca fora do país de origem.

Em 3 de janeiro de 1959 o Fusca começou a ser produzido à margem da Via Anchieta. Até 1986 foram 3,1 milhões de unidades, o que nenhum modelo no País havia alcançado até então. Depois, mais três unidades: Taubaté (SP), em 14 de janeiro de 1976; São Carlos (SP) exclusiva para motores, em 12 de outubro de 1996 e São José dos Pinhais (PR), em 18 de janeiro de 1999. Até maio passado a VW produziu 25 milhões de unidades, das quais vendeu internamente 21 milhões e exportou 4 milhões.

Foram 34 modelos em quatro décadas, em ordem cronológica: Kombi; Fusca, VW 1600, Variant, VW 1600 TL, SP 1/SP 2, Brasília, Passat, Variant II, Gol, Voyage, Parati, Saveiro, Santana, Quantum, Apollo, Logus, Pointer, Golf (nacional), Polo, Polo Sedã, Fox, CrossFox, SpaceFox, up!, Saveiro Cabine Dupla, cross up!, Jetta (por breve tempo), Polo II, Virtus, T Cross, Golf GTE (importado), Nivus e Taos. Serão lançados 15 produtos (incluindo versões de modelos existentes, híbridos flex e elétricos) até 2025, dos quais sete já estão nas ruas.

A marca foi uma das primeiras a ter engenharia própria no Brasil, seguida pelo centro de desenvolvimento, pesquisa e design (1965), além de laboratórios de segurança veicular (1971), de emissões (1977), de realidade virtual e aumentada (2018). O presente está ligado ao Way to Zero Center (Centro Rumo ao Zero de emissões), inaugurado ano passado e focado em tecnologias de baixa emissão de CO2 como híbridos flex e plugáveis e mais para frente, elétricos.

O futuro começou a se delinear agora. Na festa dos 70 anos no Ginásio do Ibirapuera, na capital paulista, apresentou os elétricos SUV ID.4 e monovolume ID. Buzz inspirado no furgão Kombi original. Serão comercializados ainda neste trimestre apenas por meio de assinaturas e preços a anunciar.

A VW, na Alemanha, traçou uma meta de aumentar as vendas em 40% no Brasil até 2027. Já a penetração total de mercado dos veículos elétricos a bateria (VEB) aqui foi estimada pela matriz em cerca de 4% em 2033, o que me pareceu previsão cautelosa, mas realista. No entanto, a filial brasileira pretende crescer aqui mais rápido do que o mercado no segmento de VEB.

BYD faz aposta de peso no mercado brasileiro

Depois de algum mistério alimentado por vários meses, a BYD confirmou investimento de R$ 3 bilhões no município baiano de Camaçari. Os planos contemplam a produção de automóveis híbridos, numa primeira fase, e depois elétricos a bateria (data em aberto). A capacidade inicial será de 150.000 unidades ao ano (fala-se em 30.000 apenas, no primeiro ano). As primeiras unidades deixarão a linha de montagem até o final de 2024. Índice de localização deverá ser muito baixo: pouco mais do que uma operação CKD, a partir de veículos desmontados.

Persiste, no entanto, a dúvida se a BYD comprará ou não a fábrica que pertence à Ford, onde produziram-se EcoSport e Ka até janeiro de 2021. Desde o início das tratativas comentei que o acordo não tinha sido fechado e o cenário continua o mesmo. A matriz da Ford, nos EUA, é que tomará a decisão e isso implica, possivelmente, um jogo com nuances de geopolítica.

A marca chinesa, claro, tem a opção de construir novas instalações no mesmo município a partir de um greenfield (terreno desocupado). O cronograma ficaria apertado, mas podemos lembrar que a Honda construiu a fábrica de Itirapina (SP) em um ano com capacidade nominal de 120.000 unidades/ano em dois turnos. Para facilitar, o governo da Bahia cedeu o porto marítimo de Aratu, também já usado pela Ford.

Os planos do mais novo fabricante a se instalar no Brasil incluem produção de chassis para ônibus e caminhões elétricos. E ainda uma unidade para processamento de lítio e ferro fosfato, matéria-prima para baterias que atenderá o mercado externo. Nada adiantou sobre produção local de baterias.