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Baixo Augusta: Wilson Simoninha exalta papel do bloco no Carnaval de SP

Flávio Ismerim

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/02/2023 04h00

O tradicional bloco paulistano Acadêmicos do Baixo Augusta volta para as ruas neste domingo (12) e o seu diretor musical Wilson Simoninha festeja seu crescimento e a ascensão do Carnaval de rua de São Paulo.

"São Paulo é uma cidade muito dura. Diferente do Rio, Salvador e Recife que já têm uma tradição nesse Carnaval de rua, São Paulo não tinha uma tradição dessa forma. O Baixo Augusta foi um dos blocos responsáveis por esse começo dessa história", afirmou o puxador do bloco.

O carioca de 58 anos contou ao UOL que se emociona ao ver as pessoas invadindo as ruas de São Paulo e fica feliz de saber que o Baixo Augusta tem um papel preponderante nesse processo.

As pessoas tomando as ruas, as ruas fechadas com as pessoas se divertindo. Hoje parece uma realidade, mas no momento em que percebi que isso estava realmente acontecendo, eu fiquei muito emocionado. Eu senti que estávamos trazendo alguma coisa de especial e de positivo para a cidade. Simoninha

Carnaval é em São Paulo. O Baixo Augusta desfila tradicionalmente no domingo de pré-Carnaval, partindo da esquina da rua da Consolação com a avenida Paulista rumo à praça Roosevelt, na região central de São Paulo. Esse ano, a saída está marcada para as 14h.

A data de desfile do bloco foi escolhida porque, na época, os paulistanos fugiam da cidade para passar a folia em outras praças.

"Como não dava para competir com o Carnaval do Rio, a gente começou a fazer a nossa festa uma semana antes, porque as pessoas saíam de São Paulo. São Paulo ficava vazia. Hoje não, as pessoas vêm para São Paulo no Carnaval", afirma ao lembrar a trajetória de expansão do Carnaval de rua na capital paulista.

Para Simoninha, o Carnaval precisou resistir para suportar esses dois anos sem desfile. "Esse momento foi muito difícil, não só pela Covid-19, mas também pela situação política do Brasil. O Carnaval também sofreu, era como se déssemos um passo para trás. Resistimos e agora voltamos com o público, com a expectativa de botar de novo essa alegria, de botar de novo essa festa, de botar de novo essa emoção para fora."

Homenagem para Gal Costa. Esse ano, o Baixo Augusta desfila com o tema "Atentos e Fortes", em referência à canção "Divino, Maravilhoso", imortalizada na voz da cantora Gal Costa, que faleceu em novembro do ano passado.

Para Simoninha, esse tema reflete o momento que o Brasil atravessa e aponta para um novo país em que as manifestações artísticas podem ser respeitadas e fomentadas.

"É o que queremos dizer nesse momento, diante de tudo o que vivemos, de tudo o que passamos, agora num novo momento com mais esperança, em que a gente está buscando um recomeço, principalmente no universo das artes", explica.

A homenagem para Gal Costa não se resume apenas ao tema, já que durante o cortejo do Baixo Augusta haverá um tributo com as cantoras Céu, Tulipa Ruiz e Marina Sena, além da atriz Sophie Charlotte, que deu vida a Gal Costa no filme "Gal Fatal".

Mistura com o Olodum. Quem também estará presente —e durante todo o cortejo— é o tradicional bloco afro Olodum. Simoninha conta que a ideia da mistura de carnavais surgiu quando o presidente do Baixo Augusta, Ale Natacci, e Alê Youssef, ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo, foram visitar um dos ensaios do bloco, em 2020.

"A gente começou a ter esse namoro e convidamos eles pro desfile de 2021 para fazer esse mesmo formato de ter uma apresentação no final do bloco como a gente fazia até aquele momento", relatou Simoninha.

Até então, o Baixo Augusta separava sempre o trecho final de cada desfile para receber uma atração especial, como Maria Rita, Nação Zumbi e Legião Urbana. Para o desfile desse ano, o bloco prepara uma novidade: o Olodum não vai tocar só no fim do cortejo, ele vai descer a rua da Consolação inteira com o trio do bloco paulistano.

"Estamos com uma expectativa muito grande, porque nunca fizemos um desfile desse. Tem a retomada do Carnaval com um desfile diferente com a participação do Olodum descendo com a gente a Consolação inteira", disse.

Preparação para o Carnaval. Ciente da responsabilidade que é puxar um bloco por tantas horas, Simoninha revelou que redobrou os cuidados com a saúde e tenta não perder nenhum treino para se manter em forma.

"Ontem (6/02) eu estava em Brasília, hoje (7/02) eu cheguei às 8h de viagem e às 9h30 estava na academia treinando exatamente para não deixar a peteca cair. Eu normalmente gosto de correr uns 6, 7, 8 km antes de ir ao nosso ponto de encontro no dia do desfile para manter o corpo bem, a mente bem, para poder dar o máximo ali no nosso desfile", explica.

Apesar da correria de shows e ensaios, Simoninha também tenta poupar a voz para garantir que vai estar 100% pronto no dia do desfile. E, mesmo com todo esse esforço, ele confidenciou ao UOL que acordou com febre no dia do desfile de 2020, que homenageava Elza Soares naquele que seria seu último Carnaval em vida. "Acontece de tudo", afirma.

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