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Xiaomi na mira: EUA põem empresa em lista de "empresas comunistas chinesas"

Fãs da Xiaomi durante inauguração de loja física em São Paulo - Gabriel Francisco Ribeiro/UOL
Fãs da Xiaomi durante inauguração de loja física em São Paulo Imagem: Gabriel Francisco Ribeiro/UOL

Bruna Souza Cruz

De Tilt, em São Paulo

15/01/2021 12h14

O governo de Donald Trump incluiu a fabricante chinesa Xiaomi, popular no Brasil por seus smartphones e pulseiras fitness, em sua lista de "empresas militares comunistas chinesas". Com isso, a companhia é considerada ameaça à segurança nacional e fica sujeita a uma nova proibição de investimentos nos EUA.

A decisão foi divulgada pelo Departamento de Defesa norte-americano nessa quinta-feira (15). Ao todo, nove empresas fazem parte dessa lista. A fabricante de aviões Comac também é uma delas.

Com a decisão, investidores americanos ficam obrigados a vender participações nas empresas listadas até novembro de 2021 caso a ordem não seja alterada, destacou a agência de notícias Reuters. Além disso, eles não podem mais comprar ações da companhia.

Em resposta, a Xiaomi rebateu as acusações em seu perfil no Twitter. A companhia afirmou em nota que não sofre influência do exército chinês e que trabalha em conformidade com leis e regulamentos dentro das jurisdições onde possui seus negócios.

"A empresa reitera que fornece produtos e serviços para uso civil e comercial", afirmou.

As ações da Xiaomi despencaram 10% na manhã de hoje na Bolsa de Valores de Hong Kong. A empresa chegou a faturar US$ 11 bilhões no 3º trimestre de 2020, ao embarcar 47,1 milhões de smartphones. Os números representam um crescimento de 45% sobre igual período do ano anterior.

A polêmica envolvendo a Xiaomi, terceira maior fabricante de celulares do mundo, é parecida com a que envolve a também chinesa Huawei, mas neste caso há mais um agravante.

Desde 2019, a Huawei enfrenta duras restrições nos Estados Unidos após ser acusada de roubar segredos comerciais, violar sanções contra o Irã e vender equipamentos que podem ser usados pela China para espionagem. A empresa nega tudo.

Em junho de 2020, ela foi enquadrada pela FCC (Comissão Federal de Comunicações, em tradução livre), órgão regulador da área de telecomunicações, como empresa que leva riscos à segurança nacional. A partir de então, a Huawei ficou impedida de expandir seus negócios no solo norte-americano. Apesar disso, a companhia ainda mantém o posto de segunda maior fabricante de celulares no mundo.

"O governo Trump expandiu o conceito de segurança nacional, abusando do poder do Estado e aplicando repetidamente ações duras e sem razão contra as empresas chinesas", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian.

Lei de Defesa

Em 1999, os Estados Unidos passaram a funcionar com uma lei que exige que o Departamento de Defesa organize listas de empresas pertencentes ou controladas por militares chineses. Nesse ano, o Pentágono adicionou 35 organizações a esse catálogo, que inclui a empresa de petróleo Gnooc e a SMIC, principal fabricante de chips da China, de acordo com a Reuters.

No caso da Xiaomi, a empresa divide essa nova regra com outras oito companhias de setores industriais, como aviação, construção naval, química e telecomunicações.

Em novembro de 2020, o governo Trump divulgou um decreto que proibia investimentos de norte-americanos em empresas da China que apoiassem militares chineses. O Departamento de Estado também diminuiu a concessão de vistos a executivos de organizações chinesas. Funcionários de governo e militares também foram impactados, segundo informações da AFP.