Coça os olhos com frequência? Saiba por que você deve parar já

Você é do tipo de pessoa que tem mania de coçar os olhos? Seja por acordarem grudentos, ficarem muito secos, com sensação de areia dentro deles, ou ainda devido a quadros alérgicos? Pois saiba que esfregá-los frequentemente, embora pareça benéfico e inofensivo à saúde, não é. E se você colocar muita força e coçá-los toda hora, a ponto de ficarem irritados, é ainda pior.

Quem tem o hábito tende a intensificá-lo sobretudo no inverno e na primavera, por causa de:

Baixa umidade do ar, que fica mais denso e sujo no frio

Ácaros presentes em roupas guardadas por muito tempo

Pelos de animais de estimação, como de cães e gatos

Contato com pólen das flores, perfumes, poeira, mofo

A vontade de coçar olhos, assim como nariz, garganta e ouvidos, surge em razão de reações exageradas do sistema imunológico a algum alérgeno.

Já quando tem a ver com o simples acordar é porque como os olhos ficam fechados e sem uso enquanto dormimos, as lágrimas (muco, água e gordura ocular) produzidas para sua lubrificação ressecam, originando a remela.

Mas os olhos também podem ficar ressecados e levar à vontade de coçar por outros motivos:

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Passar muito tempo em ambientes fechados ou com presença constante de ar-condicionado

Longa permanência em frente a telas, como de celular, computador e televisão

Uso de alguns medicamentos: antidepressivos, diuréticos, anticolinérgico, betabloqueadores

Presença de doenças crônicas: diabetes, Parkinson, artrite reumatoide, lúpus

Retina pode se descolar e córnea deformar

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Imagem: iStock

Por serem muito sensíveis, os olhos, quando coçados ou esfregados, especialmente com muita intensidade, podem sofrer danos, imediatos, ou que se desenvolvem e se agravam com o tempo e com a repetição desse costume.

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De forma aguda são observados sintomas como ardência, dor, vermelhidão, hipersensibilidade, lacrimejamento e vasos sanguíneos inflamados.

Com a tração e o repuxamento dos olhos, a membrana fina, flexível e delicada que reveste a superfície interna do globo ocular (retina) também pode se descolar, provocando visão turva e embaçada, sombras centrais ou periféricas, flashs luminosos, sensação de "moscas" volantes, e caso isso tudo se estenda e a condição não seja tratada, pode levar à degeneração e cegueira.

Outros problemas sérios, decorrentes de se coçar muito os olhos e que comprometem a visão são a ceratite (lesão da córnea, tecido transparente que protege a frente do globo ocular) e a ceratocone. Nessa última, a córnea se projeta para fora, em cone. Esse defeito pode facilitar o desenvolvimento de grau elevado de astigmatismo, miopia e até exigir transplante de córnea.

Contaminação, infecções e alergias

Coçar os olhos com as mãos sujas, ou seja, sem que estejam higienizadas com água e sabão, e principalmente após tocarem superfícies e objetos compartilhados, ainda oferece o risco de contaminação da região interna como ao redor da zona ocular com micro corpos estranhos (ciscos) e agentes nocivos (bactérias, vírus), causadores de inflamações, infecções e alergias.

Em disparada aparecem os hordéolos, mais conhecidos como terçóis, que se manifestam como bolinhas dolorosas nas linhas das pálpebras, provenientes do entupimento ou infecção de suas glândulas. Eles podem estar associados ainda à blefarite (inchaço quente e avermelhado da borda da pálpebra) ou ao calázio (formação de um nódulo inflamado, na borda da pálpebra).

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Já no próprio olho a inflamação mais comum costuma ser a conjuntivite, afetando a membrana transparente e fina que reveste sua parte branca e o interior das pálpebras. Ela pode durar de uma semana a 15 dias e não costuma deixar sequelas. Além dos tipos virais e bacterianos, que são contagiosos, a conjuntivite também pode ser primaveril, causada por pólen dissipado no ar.

O que fazer para não coçar os olhos?

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Imagem: Getty Images

Perceber a vontade de esfregar os olhos quando ela surge é o primeiro passo para frear esse hábito e investigar com especialista quais podem ser as causas.

Somado a isso, também adotar estratégias para se obter alívio dos sintomas incômodos e rever alguns comportamentos, como higienizar as mãos com frequência, não lavar o olho com qualquer coisa e evitar telas até tarde.

Se trabalha com computador ou celular, faça pausas, ajuste o brilho da luz, e utilize colírios hidratantes, conhecidos como lágrimas artificiais.

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Porém, sem indicação médica, mesmo esses colírios tornam-se prejudiciais, pois, sem necessidade, podem deixar os olhos mais suscetíveis a infecções como viciados e tolerantes. O conselho vale ainda para os colírios vasoconstritores.

Quem é hipersensível a ácaros, pelos, perfume, requer distanciamento de todos esses gatilhos e adotar medidas simples, como: usar antialérgicos prescritos, higienizar armários com regularidade, ingerir bastante água ao longo do dia, manter-se em locais arejados e com boa umidade, fazer compressas frias nos olhos por alguns minutos para ajudar no alívio da coceira.

Outras medidas indicadas por profissionais para não coçar os olhos são:

Lembrar-se de piscar com frequência, sobretudo frente às telas

Evitar ambientes com fumaça de cigarro e poluição

Reduzir álcool e cafeína, substâncias que diminuem a produção lacrimal

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Ao sair sob sol ou vento intensos, o que pode piorar os sintomas, usar óculos escuros

Com disfunção lacrimal, usar lentes de contato específicas

Manter os cílios limpos. Durante o banho, lave-os com espuma de xampu neutro e enxágue

Fontes: Ione Alexim, oftalmologista com especialização em córnea clínica e doenças oculares externas pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Omar Assae, do Hospital Cema, em São Paulo; e Osório José de Oliveira Filho, oftalmologista do Hospital Aliança e professor da Faculdade de Medicina da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

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