Assíduo no Uber? 9 doenças que rondam carros de uso compartilhado e sujos

Se você pensa que em se tratando de riscos à saúde usar carro é mais seguro que transporte público é hora de rever seus conceitos. Em 2017, uma pesquisa realizada por uma faculdade de Campinas (SP), descobriu, após analisar dezenas de partes internas de veículos, que até?dez mil fungos e bactérias perigosos podem estar presentes nelas, pegando carona com passageiros.

Espirrar, tossir, se coçar, carregar coisas que transitam por diferentes lugares, comer dentro do carro, todas essas ações, embora comuns, podem acarretar contaminações entre as pessoas. Basta um simples toque onde está o material infectado para que ele seja levado para outros locais, como portas, cintos de segurança, assentos, maçanetas, ou pior, para o próprio corpo.

Por isso, para minimizar o risco de ficar doente, se você é motorista limpe seu carro com frequência, use aspirador de pó, pano e produtos específicos, troque o lixo e filtros do ar-condicionado, lave tapetes.

Para quem é passageiro frequente de Uber ou 99, ande sempre com álcool em gel, preferencialmente use máscara, esteja com as vacinas em dia e evite encostar mãos no rosto e partes descobertas no banco.

Para além de gripe e covid-19, não seguir essas recomendações pode facilitar a lista abaixo:

1. Diarreia

Tocar no assento do carro e levar os dedos à boca pode facilitar um quadro de disenteria aguda, provocado por diferentes tipos de bactérias: Campylobacter, Salmonella, Shigella, Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Além de um número aumentado de evacuações líquidas, outros sintomas incluem suor frio, vômitos, perda de apetite, febre e desidratação.

"Fezes são extremamente contaminadas, 60% do que analisamos nelas são bactérias, vetores que podem penetrar pelas mucosas (boca, olhos, nariz, genitais) ou pele que não esteja íntegra, e causar infecções graves", explica Paulo Camiz, clínico geral e professor do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

2. Conjuntivite

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Imagem: iStock
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Agora, se o contato das mãos for com os olhos, o risco é de ter conjuntivite bacteriana, em geral causada por bactérias estafilocócicas ou estreptocócicas. Os primeiros sintomas são coceira e ardência na região ocular. Mas à medida que a infecção evolui, a pessoa sente um incômodo como o de areia no olho, dor e inchaço locais, sensibilidade à luz e lacrimejamento.

3. Pneumonia

Com imunidade baixa, ou problemas respiratórios prévios, também existe a possibilidade de se desenvolver pneumonia pelo contágio das bactérias Klebsiella pneumoniae e Streptococcus. Os principais sintomas da doença, que causa a inflamação dos pulmões, são:

  • febre
  • tosse
  • falta de ar
  • dor torácica
  • expectoração de cor amarelada
  • mal-estar
  • fraqueza
  • queda da pressão arterial

"Entrou no carro e sentiu odor ruim ou coceira no nariz, cuidado. Se não carregar consigo uma máscara, mantenha ao menos os vidros das janelas abertas e procure não tocar em nada. Doenças sérias podem evoluir de um simples quadro alérgico", complementa o médico Camiz.

4. Dermatite

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Imagem: Tharakorn/ iStock
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Ácaros, pelos de animais, suor, resquícios de produtos, fragrâncias, mofo, tudo isso quando em contato direto com áreas do corpo descobertas podem causar em algumas pessoas dermatite de contato, uma inflamação de pele. Nessa situação, mãos, braços e pernas costumam ser os mais atingidos e por sintomas como coceira, vermelhidão, inchaço e, em alguns casos, bolhas.

5. Candidíase

Esse tipo de micose é causado pelo fungo Candida albicans, encontrado em boca, intestinos e genitais, com possibilidade de ser transmitido de pessoa para pessoa, de forma indireta, por meio do contato com o fungo no mesmo ambiente de convivência. No carro, ele pode estar presente num estofado úmido e manchado e levado por meio de mãos e objetos às mucosas.

"Com crianças, atenção especialmente com a cadeirinha, pois o uso compartilhado e sem limpeza antes e depois pode favorecer contaminações, principalmente por secreções. Outro exemplo é a estomatite, que causa inflamação da mucosa oral", informa Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra, neonatologista e membro da AAP (Academia Americana de Pediatria).

6. Escabiose

Sarna humana, provocada por um ácaro que infecta a pele, também é possível de se pegar no assento contaminado de um carro. Os sintomas iniciais são pequenas bolinhas pela pele e que coçam muito. Mas depois de alguns dias a quantidade delas aumenta, podendo espalharem-se para diferentes regiões do corpo, e igualmente a intensidade da coceira, especialmente à noite.

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7. Monkeypox

O vírus da monkeypox (anteriormente chamada de varíola dos macacos) pode infectar estofados, maçanetas, cintos, interruptores se alguém com sintomas (erupções de pele, tosse, dor de garganta, ínguas) tiver contato com essas superfícies. Por isso, grupos vulneráveis precisam tomar mais cuidado, como crianças, gestantes e pessoas com imunidade baixa. Chegou em casa, coloque a roupa usada para lavar.

8. Pediculose

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Imagem: narong sutinkham/Getty Images/iStockphoto

Também é conhecida como presença de piolhos. Fora do corpo humano e sem alimento (sangue), esses parasitas sobrevivem cerca de 6-24 horas (a média é de 12-15 horas), sobretudo em superfícies compartilhadas, quentes e em más condições de higiene. Quando instalados, provocam coceira intensa, lesão de pele local e infecção bacteriana secundária.

"O contato com superfícies sujas pode ainda aumentar o risco de foliculite (infecção de um ou mais bulbos em que os fios crescem), impetigo (infecção que causa feridas em torno da boca e do nariz), cimidíase (infecção por percevejos), tinea (infecção fúngica da pele altamente contagiosa)", explica Roberto Neves, dermatologista e professor da Afya Educação Médica de Fortaleza.

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9. Enterobiose

Conhecida ainda como oxiurose, é uma parasitose intestinal causada por um verme, Enterobius vermicularis. De forma indireta, os ovos do parasita podem contaminar superfícies e com um toque desapercebido serem levados à boca. Isso acorre principalmente após alguém infectado coçar a região anal (pois coceira intensa é um sintoma) e com a mão suja tocar o que estiver ao redor.

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