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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Vírus de Marburg: como doença vinda de morcegos e prima do ebola se espalha

Morcegos frugívoros são hospedeiros do vírus de Marburg - Reprodução/Wikimedia Commons
Morcegos frugívoros são hospedeiros do vírus de Marburg Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

De VivaBem, em São Paulo

15/02/2023 10h29Atualizada em 15/02/2023 11h34

O vírus de Marburg é um primo menos mortal do Ebola, sem vacinas nem tratamento. A OMS convocou ontem uma reunião emergencial para tratar de um novo surto, com 9 mortes e 16 casos suspeitos na Guiné Equatorial - país do centro da África.

Semelhança com ebola. O vírus faz parte da família dos filoviridae (filovírus), como o Ebola (com o qual compartilha muitas características), mas tem uma taxa de mortalidade de 50%, enquanto o "primo" pode chegar a 90%.

Transmissão é por morcegos e contato direto. O vírus é transmitido ao homem por morcegos frugívoros (rousettus). Entre humanos, se espalha por fluidos corporais de pessoas infectadas (saliva, sangue, vômito, urina, fezes, suor, leite materno, sêmen) - ou contato com superfícies ou materiais que contenham o filovírus, segundo a OMS.

A infecção via morcego pode ocorrer pela alimentação ou manipulação de tecidos de animais infectados, além do contato em regiões com trabalho em minas infestadas do mamífero.

Sintomas e tratamento

A doença tem um período de incubação de 2 a 21 dias. Depois, manifesta-se repentinamente, com febre forte, dores de cabeça intensas e grande mal-estar.

Os sintomas podem incluir:

  • dores musculares
  • dor de cabeça
  • conjuntivite
  • dor de garganta
  • vômitos
  • diarreia
  • erupções cutâneas
  • sangramento

Os problemas relatados são facilmente confundíveis com o de doenças como malária, febre tifoide, cólera ou outras febres hemorrágicas virais, dificultando o diagnóstico.

Não há tratamento ou vacina. A reidratação oral ou intravenosa e o tratamento de sintomas específicos melhoram a taxa de sobrevivência, enquanto se pesquisa por curas ou formas de prevenção.

O diagnóstico dos casos e o rastreio de contato são as melhores formas de prevenção. Como o vírus tem potencial de se espalhar rapidamente, agir com rapidez e reconhecer o surto, como fez a OMS, são fundamentais, isolando pessoas já doentes ou com suspeita.

Descoberta e casos anteriores

O vírus foi detectado pela primeira vez em macacos. Um laboratório de Marburg, na Alemanha, analisava macacos de Uganda, em 1967, e o mal chegou a ser chamado de febre hemorrágica de Marburg antes de ganhar seu nome atual. Sete pessoas morreram na época, após surtos em laboratórios europeus.

África centraliza os casos. Apesar dos acidentes em laboratório, os registros principais de casos são Angola, Quênia, Uganda e República Democrática do Congo, além da Guiné Equatorial, atingida agora.

O risco de que o surto chegue ao Brasil, portanto, é baixo, já que não há registros de epidemias fora do continente africano.

A alta taxa de letalidade dificulta a migração do vírus. Segundo o médico sanitarista Gonzalo Vecina, ele deve ficar restrito à África.

Ele é muito rápido, o que transforma em um vírus que não tem capacidade muito grande de se deslocar. Ele mata muito rapidamente os pacientes que infecta. È muito semelhante ao ebola na forma de atacar nosso corpo. Dificilmente ele vai migrar para o espaço que está ocupando na Guiné Equatorial.

A epidemia mais grave ocorreu em 2005: 329 pessoas morreram no norte de Angola.