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Covid-19: mesmo aprovada, faixa entre 6 meses e 3 anos ainda não tem vacina

Falta de vacinação preocupa infectologistas em nova alta de casos da covid - iStock
Falta de vacinação preocupa infectologistas em nova alta de casos da covid Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

08/11/2022 17h32

Os testes positivos para a covid-19 em laboratórios particulares subiram de 3% para 17% em um mês —alta de 566%, segundo levantamento do ITpS (Instituto Todos pela Saúde). Infectologistas pediátricos lembram que as crianças ainda não vacinadas são um dos grupos mais vulneráveis à infecção e desfechos graves da doença, assim como pessoas imunocomprometidas, com deficiências no sistema imunológico.

Em setembro, a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) liberou a vacina pediátrica da Pfizer para bebês a partir de 6 meses até crianças de 2 anos, 11 meses e 29 dias, a última faixa etária com aprovação para vacinar —antes, apenas crianças a partir dos 3 anos estavam contempladas.

No entanto, o Ministério da Saúde restringiu a vacinação do grupo para casos de comorbidades —que segue sem calendário de imunização, quase dois meses após a aprovação.

"Temos que vacinar indiscriminadamente por idade. Se vão chegar vacinas aos poucos, começa a vacinar os menores de 1 ano, depois os menores de 2. Esse, mais uma vez, é um descompromisso do governo federal com a vacinação da covid-19 nas pediatrias, não dando a real importância da carga da doença neste público", diz Renato Kfouri, presidente do departamento de imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

Um estudo brasileiro publicado no periódico The Lancet mostrou que 71,9% das crianças e adolescentes com covid não tinham comorbidade prévia. Metade das mortes foi registrada em crianças previamente saudáveis. Os dados exemplificam a necessidade de vacinar os grupos irrestritamente, defende Kfouri.

A vacina é a principal forma de prevenção contra a covid-19, sobretudo em momentos de alta da doença. Também é importante reforçar as medidas individuais contra o vírus, usando álcool em gel e máscara em casos de sintomas respiratórios. Nas escolas, manter as salas arejadas é uma forma de reduzir o risco de contaminação.

Baixa adesão entre crianças de 3 e 4 anos

Uma reportagem da Folha de S. Paulo publicada ontem (7) mostrou que a vacinação entre crianças de 3 e 4 anos avança devagar três meses após o início da campanha. Enquanto 13,9% receberam a primeira dose, apenas 4,2% das crianças tomaram as duas doses.

"Um dos fatores que contribuiu para a baixa adesão da vacinação contra a covid e de outras vacinas é exatamente o fácil acesso que muitas pessoas têm a notícias mentirosas disponíveis na internet", diz Victor Horário, infectologista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe (PR).

Outro ponto, defende o médico, seria a ausência do Ministério da Saúde em campanhas para conscientizar sobre a necessidade da imunização. "A vacina é segura, é eficaz e, como eu sempre digo, não existe vacina para doença que não mata", completa Horário.

Esse pensamento é compartilhado por Renato Kfouri, que critica também o atraso na vacinação das outras faixas etárias infantis. "A população sofre por não ter vacina, e por não ter informação. Não há campanha e, como a pandemia estava em um momento mais calmo, a impressão que dá é que não precisa de vacina, o que é um equívoco", afirma.

Procurado, o Ministério da Saúde afirmou que monitora a vacinação em todas as idades, e que deve iniciar a distribuição de doses da vacina a partir dos 6 meses para o público com comorbidades "nos próximos dias". Sobre a ampliação da campanha para todos os bebês e crianças, a pasta afirmou que a decisão será avaliada pelo Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias), ainda sem data.

Quais as vacinas liberadas para crianças?

Todas as crianças a partir de 3 anos podem ser imunizadas. Seguindo as aprovações da Anvisa, as vacinas pediátricas disponíveis são:

  • Pfizer (frasco vinho): disponível em três doses para bebês a partir de 6 meses até crianças de 4 anos com comorbidade, sendo as duas primeiras administradas com intervalo de 21 dias (três semanas), e, a terceira, pelo menos oito semanas depois;
  • Pfizer (frasco laranja): disponível em duas doses para crianças entre 5 e 11 anos, administradas com intervalo de 21 dias (três semanas);
  • CoronaVac (frasco cinza): disponível para crianças de 3 a 11 anos em duas doses, administradas no intervalo de quatro semanas.

Tem dose de reforço para crianças?

Ainda não foi aprovada a liberação do reforço para crianças, sobretudo aquelas entre 5 e 11 anos, que começaram o esquema vacinal antes.

Segundo o infectologista Victor Horário, pesquisadores estudam a possibilidade de vacinal anual para as crianças, ou de uma nova campanha a cada seis meses, dependendo do perfil epidemiológico e do surgimento de novas cepas.