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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


10 problemas de saúde que você pode ter ao beber água não tratada 

Cuidado ao ter contato com água de rios, lagos e riachos - iStock
Cuidado ao ter contato com água de rios, lagos e riachos Imagem: iStock

Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

31/10/2022 04h00

O consumo de água potável é fundamental para o funcionamento adequado do organismo. Além de hidratar, ela carrega nutrientes para as células e elimina substâncias tóxicas.

No entanto, beber água não filtrada (ou fervida) provoca diversas doenças e, em casos graves, pode levar à morte. Geralmente, os agentes infecciosos, responsáveis por diversas patologias, conseguem se desenvolver na água e se espalham, chegando até os indivíduos.

De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo tomam água contaminada com fezes. E 122 milhões coletam a água de locais não tratados, como lagos, lagoas, rios e córregos.

A seguir, veja quais doenças são transmitidas pelo consumo de água não tratada e como prevenir.

1. Amebíase

Trata-se de uma infecção no intestino provocada por parasitas, geralmente pelas amebas Entamoeba histolytica ou E. histolytica. Este agente infeccioso entra no corpo humano quando uma pessoa ingere os cistos que estão nos alimentos, água ou fezes contaminadas.

Pode ser assintomática ou acarretar fezes amolecidas (ou diarreia), dor de estômago, inflamação intestinal ou cólicas abdominais. O diagnóstico é realizado por meio de exames de fezes e testes de antígeno. Já o tratamento é feito com medicamentos, como antibióticos.

2. Cólera

É uma infecção diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminadas com a bactéria Vibrio cholerae. Estima-se que, a cada ano, ocorram até 4 milhões de casos da doença —e de 21 a 143 mil mortes.

É considerado um problema de saúde grave, já que mata em poucas horas, se a pessoa não for tratada. Geralmente, os óbitos ocorrem devido à desidratação, por conta da diarreia intensa e vômitos.

Amostras de fezes identificam a cólera. O tratamento exige reidratação oral e intravenosa e o uso moderado de antibióticos.

3. Diarreia

Dor de barriga, diarreia - iStock - iStock
Imagem: iStock

Bastante comum, o problema de saúde é conhecido por proporcionar aquela vontade intensa e repentina de defecar. Em alguns casos, dura por vários dias e pode acontecer após uma infecção viral ou bacteriana, adquirida pelo consumo de água ou alimentos contaminados.

Geralmente, as fezes costumam ser moles (aquosas) e surgem sintomas como suor frio, cólicas intestinais, náuseas, vômitos, febre, inchaços e desidratação.

Diarreias intensas, especialmente em pessoas mais frágeis ou já predispostas, acometem a função renal. Em casos gravíssimos, leva a queda de pressão arterial, choque e até morte.

Estima-se que mais de 800 mil pessoas morram todos os anos por causa da diarreia devido à falta de água potável, saneamento e higiene das mãos.

O tratamento é realizado com terapia de reidratação oral (ou na veia) e uso de antibióticos, além de medicamentos para aliviar os sintomas.

4. Esquistossomose

A doença é ocasionada pelo parasita Schistosoma mansoni ao entrar em contato com as larvas do verme, liberadas pelas fezes contaminadas na água. Os sintomas variam: aparecem coceiras na pele, febre, diarreia, enjoos, vômitos e, em casos mais graves, cirrose, aumento de fígado e barriga-d'água (abdome dilatado).

O diagnóstico é realizado por meio do exame de fezes, testes laboratoriais e ultrassom. Já o tratamento envolve o uso de medicamentos específicos para eliminar o parasita.

5. Febre tifoide

Chamada também de tifo, a condição é causada pela bactéria Salmonella typhi e é transmitida por meio da ingestão de água ou de alimentos que estejam contaminados. A febre tifoide também ocorre por meio do contato com as fezes e a urina de pessoas com a bactéria.

Ao entrar na corrente sanguínea, a bactéria precisa ser combatida de imediato. Caso isso não aconteça, a pessoa, muitas vezes, desenvolve complicações em órgãos como o fígado, o baço, a vesícula e até a medula óssea, levando à morte.

Entre os sintomas, destacam-se: febre alta, mal-estar, dor de cabeça, diarreia com sangue, perda de apetite, aumento do fígado e do baço, inchaço no abdome, náuseas e vômitos.

O diagnóstico exige exames laboratoriais e o tratamento inclui a administração de antibióticos e reidratação oral.

6. Giardíase

É uma infecção provocada por protozoários que atinge, principalmente, o intestino delgado. A transmissão é realizada por meio de água, objetos e alimentos contaminados. Causa diarreia, dores abdominais e de estômago, "barriga inchada", flatulências, fezes de aspecto gorduroso, além de náuseas e vômitos.

A maioria dos casos de giardíase desaparece por conta própria dentro de algumas semanas. O tratamento é feito com o uso de medicamentos (antiparasitários e antibióticos) que eliminam o parasita e impedem sua transmissão para outras pessoas.

7. Hepatite A

Mulher idosa bebendo água; hidratação - iStock - iStock
Imagem: iStock

O vírus da hepatite A é transmitido principalmente pela via fecal-oral, ou seja, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados com fezes.

A condição causa inflamação no fígado e acarreta sintomas como febre, fadiga, dores no corpo e abdome, fezes e urina escuras, perda de apetite e peso, além de icterícia (cor amarelada nos olhos e na pele).

Vale destacar que uma forma de evitar a hepatite A é tomando a vacina. Geralmente, a doença é diagnosticada por meio de um exame de sangue. Porém, não há cura nem tratamento específico.

Os especialistas indicam medicamentos para amenizar os sintomas até que o organismo consiga combater o vírus, o que ocorre em cerca de seis meses.

8. Intoxicação por metais

lago não-contaminado - Lesley Evans Ogden - Lesley Evans Ogden
Imagem: Lesley Evans Ogden

Beber água sem tratamento também aumenta o risco de intoxicação por metais, como chumbo e mercúrio. A situação costuma ser bastante tóxica para o organismo ao danificar as células que mantêm os órgãos funcionando.

Os sintomas variam bastante: surgem dores abdominais, desidratação, diarreia, fraqueza, náuseas e vômitos, dormência ou formigamento nas mãos e pés.

O diagnóstico costuma ser mais complexo, mas a intoxicação é identificada com exames de sangue e alguns testes específicos, que avaliam a função dos rins e fígado, por exemplo. Existem diversos medicamentos disponíveis para remover metais pesados do corpo e também para diminuir os desconfortos.

9. Infecção por Salmonella

As bactérias do gênero Salmonella provocam uma infecção bacteriana chamada salmonelose (ou gastroenterite por salmonelas) e afetam o trato intestinal. A condição também acontece devido ao consumo de alimentos e água contaminados.

O problema é fatal para algumas pessoas mais fragilizadas, como idosos e crianças. Para o diagnóstico, são solicitados exames de fezes, sangue, urina e o tratamento envolve o uso de medicamentos para controlar os sintomas, além de repouso e hidratação.

10. Leptospirose

Em épocas de chuvas, é comum que as enchentes aumentem, assim como o risco de leptospirose, que é uma infecção bacteriana transmitida pela urina dos animais —principalmente ratos.

Geralmente, a contaminação acontece quando a pessoa tem contato com a água contaminada com a bactéria Leptospira, por meio da pele ou mucosas. No entanto, apesar de menos comum, beber água sem tratamento também é uma forma de contrair a doença.

Surgem sintomas como: febre alta, mal-estar, dor muscular e de cabeça, olhos vermelhos, tosse, fadiga, calafrios, náuseas, diarreia e manchas no corpo. Já casos graves necessitam de internação, pois há risco de hemorragias, complicações renais, além de coma.

O diagnóstico é realizado com exames laboratoriais e o tratamento exige hidratação, antibióticos e outros medicamentos que diminuem os sintomas.

Como prevenir?

Boca seca, sede beber água - iStock - iStock
Imagem: iStock

As doenças causadas por água contaminada são um problema de saúde pública. E desde 2010, a Assembleia Geral da ONU reconhece o direito dos seres humanos ao acesso à água potável e ao saneamento básico.

O ideal é sempre beber água filtrada ou fervida. Também é importante evitar o contato com esgoto, enchentes, lama, rios com água parada e piscinas não tratadas com cloro.

Vale a pena também ficar de olho na qualidade da água usada na preparação dos alimentos. Na dúvida, use hipoclorito de sódio para purificar a bebida.

Fontes: Claudia Maruyama, infectologista da Rede de Hospitais São Camilo (SP); Sumire Sakabe, infectologista do Hospital 9 de Julho e Jaime Emanuel Brito, infectologista do Hospital Universitário Alcides Carneiro, em Campina Grande (PB), vinculado à rede Ebserh.