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Após 40 anos sentindo dor quando esfriava, mulher descobre tumor sob a unha

Foto meramente ilustrativa - iStock
Foto meramente ilustrativa Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

04/06/2022 14h35

Durante 40 anos, uma mulher da Armênia sofreu com dores inexplicáveis no dedo indicador da mão direita, desencadeada principalmente quando ela tricotava (seu hobby) ou quando a temperatura baixava. Sem histórico de lesão no dedo, a paciente se consultou com médicos de diferentes especialidades e recebeu tratamento —obviamente desnecessário e sem sucesso— para condições como a síndrome de Raynaud e neuroma.

A mulher de 58 anos só descobriu que seu desconforto era gerado por um tumor glômico que tinha debaixo da unha em outubro de 2021, quando procurou a Clínica Wigmore, na Armênia, que conta com uma multidisciplinar organizada pelo Hospices Civils de Lyon, segundo maior hospital universitário francês.

"A paciente tinha um tumor de 5 mm que vinha crescendo lentamente há mais de 40 anos. A qualidade de vida da mulher foi afetada não só por sensações dolorosas ao fazer determinados gestos e pelo clima frio, como também pela constante antecipação da dor e frustração de não conseguir resolver o problema durante décadas", afirmou Mikhail Dziadzko, especialista em dor e anestesia do Departamento de Anestesiologia e Medicina da Dor do Hospital Croix Rousse, em Lyon (França), que fez parte da equipe multidisciplinar que tratou a paciente.

Por ser rara, a condição diagnosticada virou estudo de caso, apresentado neste fim de semana no Euroanaesthesia, congresso da Esaic (Sociedade Europeia de Anestesiologia e Cuidados Intensivos), que está sendo realizado entre os dia 4 e 6 de junho, em Milão (Itália).

Como o problema foi descoberto

A equipe multidisciplinar formada por médicos franceses e armênios inicialmente fez um exame físico na mulher, no qual pressionaram a unha da paciente, roçaram a sua borda e aplicarem gelo em sua mão e depois a seguraram para baixo. Tudo isso gerou dores semelhantes à que a mulher sentia quando fazia tricô ou o clima esfriava.

Os especialistas também notaram que uma pequena parte da unha do dedo indicador direito dela era levemente bulbosa, mais escura que as partes ao redor e levemente roxa. Essa deformidade, combinada com uma leve curva na superfície do osso sob a unha (revelada por raio-X) e uma pequena massa densa sem vasos sanguíneos no interior, juntamente com uma má formação óssea adjacente (ambas reveladas por ultrassom), sugeriu que a paciente tinha um tumor glômico.

Mulher com tumor raro no dedo - Divulgação/ Clínica Wigmore e Hospital Civil de Lyon - Divulgação/ Clínica Wigmore e Hospital Civil de Lyon
Imagem: Divulgação/ Clínica Wigmore e Hospital Civil de Lyon

O que é um tumor glômico?

São tumores de tecidos moles, na maioria das vezes (75%) encontrados sob uma unha do pé ou dá mão. No entanto, o problema pode se desenvolver em outras partes do corpo —esse tipo de tumor já foi diagnosticado no estômago e até no pênis.

Mais comum em mulheres de meia-idade, a condição costuma ser benigna e é rara —representa cerca de 2% de todos os tumores de tecidos moles. Porém, em alguns casos raros pode se tornar maligna e se espalhar para várias partes do corpo.

Tratamento

A paciente da Armênia teve o tumor removido em uma operação que durou 30 minutos. Segundo Dziadzko, nenhum cuidado especial foi necessário após a cirurgia e a paciente teve de tomar apenas analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides, prescritos por um curto período de tempo.

Em uma consulta de acompanhamento três meses depois da operação, a mulher afirmou que já não sentia mais nenhuma dor no dedo.

A paciente conseguiu voltar ao seu hobby, o tricô, e praticamente esqueceu os 40 anos de sofrimento" Mikhail Dziadzko, especialista em dor e anestesia do Hospital Croix Rousse

O médico francês afirmou que o caso dessa mulher ajuda a reforçar que, em situações intrigantes, nas quais a origem da dor de um paciente nem sempre é clara, contar com uma abordagem multidisciplinar envolvendo diferentes especialistas, como anestesiologistas, radiologistas e cirurgiões, quase sempre contribuirá para que uma solução seja encontrada.