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Cuidado com a moleira! Entenda por que a cabeça do bebê é tão frágil

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Bruna Alves

De VivaBem, em São Paulo

09/05/2022 04h00

Se você já teve contato com um bebê, em especial um recém-nascido, certamente ouviu que é preciso ter cuidado com a moleira, que como o próprio nome popular já diz, é a parte "molinha" da cabeça.

A moleira, cientificamente chamada de fontanela, é a região da cabeça que não tem cobertura óssea nos primeiros meses de vida. Isso significa que o cérebro, órgão mais nobre do corpo humano, ainda não está protegido pelo osso craniano, apenas coberto por partes moles. Mas o fechamento é progressivo.

Normalmente há uma fontanela principal, na parte anterior da cabeça, e uma menor na parte posterior. Elas existem tanto para facilitar a passagem da cabeça do bebê pelo canal vaginal no momento do parto, como para permitir o crescimento cerebral adequado.

"Por ser uma região em que o cérebro fica menos protegido, temporariamente, pela ausência do osso, alguns traumas, mesmo que pequenos, podem causar lesões", alerta Marina Silveira Brígido Ribeiro, médica neonatologista da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC) da UFC (Universidade Federal do Ceará), vinculado à Rede Ebserh.

Os especialistas indicam que a higiene da cabeça do bebê deve ser feita de forma delicada durante os banhos, evitando pressões ou movimentos bruscos, mas nunca deve-se deixar de lavar.

Exames de rotina também avaliam as fontanelas do bebê - iStock - iStock
Exames de rotina também avaliam as fontanelas do bebê
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Consultas mensais também avaliam fontanelas

As fontanelas devem ser examinadas pelo médico pediatra logo após o nascimento e durante todas as consultas de rotina mensal do bebê, com o intuito de descobrir possíveis patologias e iniciar um tratamento precoce, se for o caso.

"Fontanelas muito amplas podem sugerir hipotireoidismo neonatal, por exemplo, e as muito pequenas podem indicar microcefalia", indica a médica neonatologista da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand.

A região também é avaliada quanto à tensão. Fontanelas fundas, associadas a outros sinais, podem estar presentes em bebês desidratados, enquanto aquelas abauladas (altas) são encontradas em condições que a pressão dentro da cabeça está elevada, como sangramentos, infecções e hidrocefalia (aumento do líquor no sistema nervoso central).

"Entretanto, em casos de suspeita, exames mais detalhados devem ser realizados, como a ultrassonografia através da moleira", diz Ricardo de Oliveira, neurocirurgião pediátrico, orientador do programa de pós-graduação do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo) e médico assistente da Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da FMRP.

O especialista ressalta que é normal a fontanela apresentar variações durante o dia de acordo com algumas características do bebê, como por exemplo o choro, evacuação e períodos de maior tranquilidade, como o sono.

Quando os pais devem se preocupar?

As alterações na tensão —funda ou alta— são as que causam mais preocupação e devem ser comunicadas imediatamente ao médico, porque podem sugerir patologias em que o tratamento deve ser iniciado o mais breve possível.

"Quando a fontanela fecha precocemente pode indicar alterações no desenvolvimento neurológico da criança, e isso sim é motivo de preocupação", alerta Clery Bernardi Gallacci, pediatra e neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP).

Até os 12 meses, porém, os bebês têm consultas mensais, e nelas os pediatras avaliam e medem as fontanelas, por isso esse acompanhamento é tão importante durante o primeiro ano de vida.

"O fechamento da fontanela ocorre em média no segundo semestre de vida, mas variações deste processo não indicam que há alguma coisa errada", esclarece o neurocirurgião pediátrico.