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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


FHC é internado após quebrar fêmur; fratura é uma das mais graves em idosos

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) durante entrevista - JF Diorio/Estadão
Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) durante entrevista Imagem: JF Diorio/Estadão

Do VivaBem, em São Paulo

12/03/2022 11h30

Fernando Henrique Cardoso foi internado nesta sexta-feira (11), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, com uma fratura no fêmur (osso da coxa). A informação foi divulgada pelo PSDB. O partido não explicou como o ex-presidente sofreu a lesão. Mas, segundo o jornalista Ancelmo Gois, do jornal "O Globo", Fernando Henrique, que está com 90 anos, sofreu um acidente.

Em reportagem de VivaBem, Luciano Miller, ortopedista e cirurgião de coluna do Hospital Albert Einstein, explicou que a fratura do fêmur é a mais grave que um idoso pode apresentar, junto com o traumatismo cranioencefálico.

"A quebra do osso da coxa é uma grande complicação para pacientes mais velhos pelo tempo que a pessoa precisa ficar imóvel. Isso interfere na qualidade geral da musculatura e também na capacidade cardiorrespiratória, além do risco de embolia pulmonar. Por causa da idade, dificilmente os pacientes se recuperam 100% da lesão", afirmou Miller.

Complicações geradas após fraturas estão entre as principais causas de mortes em idosos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Grande parte das vezes, a quebra dos ossos acontece por quedas.

Dados do Ministério da Saúde mostram que cerca de 30% das pessoas com mais de 65 anos caem ao menos uma vez por ano. Entre os que têm mais de 80 anos, esse número sobe para 40%. Em geral, 25% dos que caem precisam ser hospitalizados e, desses, apenas metade sobrevive após um ano do acidente.

Principais problemas gerados por fraturas

A quebra de ossos em idosos pode ocasionar complicações como redução da mobilidade e da autonomia, necessidade do uso de bengala ou andador e, em casos extremos, deixar o paciente acamado, o que pode gerar lesões na pele por pressão (as chamadas escaras), tromboembolismo venoso (formação de coágulos nas veias, principalmente das pernas), infecções e até a morte.

Também existe um lado psicológico importante envolvendo o problema. "Após uma queda é muito comum que os idosos sintam medo de cair novamente. Desenvolvendo esse pânico ou medo, ele acaba se limitando cada vez mais e se isola", explicou Elisangela Neto Ribeiro Chaves, geriatra da Home Doctor.

Por que quedas são comuns em idosos?

Nemi Sabeh Jr., ortopedista e traumatologista do núcleo de especialidades do Hospital Sírio-Libanês (SP), explicou que o risco de queda em idosos é maior principalmente por causa da fraqueza muscular e pela perda do equilíbrio e do controle neuromuscular (que depende de uma comunicação rápida entre o cérebro e os músculos).

A perda de sensibilidade por distúrbio neurológico —como consequência de doenças crônicas—, a diminuição da qualidade da visão e da audição ou até mesmo o efeito colateral de alguns remédios também elevam o risco de quedas.

Como evitar quedas que provocam fraturas?

Enquanto houver condições físicas e liberação médica, é importante que o idoso realize exercícios de fortalecimento muscular, como musculação e pilates, além de atividade aeróbica de baixo impacto (caminhada, hidroginástica, bike ergométrica). Ao fazer exercícios com orientação de um profissional capacitado, o idoso sempre terá benefício na qualidade muscular e mobilidade.

Grande parte dos acidentes que provocam fraturas acontecem em casa e é muito importante adaptar o local para reduzir o risco de quedas. Retire potenciais obstáculos (tapetes soltos, vasos, móveis e objetos espalhados), instale barras de apoio em banheiros e tenha pisos ou tapetes antiderrapantes. Oriente também o idoso a usar, mesmo em casa, sapatos fechados atrás e bem amarrados.

A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, do Ministério da Saúde, lista 11 importantes medidas de prevenção de quedas em casa e na rua:

  • Evitar tapetes soltos
  • Escadas e corredores devem ter corrimão nos dois lados
  • Usar sapatos fechados com solado de borracha
  • Colocar tapete antiderrapante no banheiro
  • Evitar andar em áreas com piso úmido
  • Evitar encerar a casa
  • Evitar móveis e objetos espalhados pela casa
  • Deixar uma luz acesa à noite, para o caso de precisar se levantar
  • Esperar que o ônibus pare completamente para subir ou descer
  • Utilizar sempre a faixa de pedestre
  • Se necessário, usar bengalas, muletas ou outros instrumentos de apoio.
Fontes: Natan Chehter, geriatra preceptor do serviço de geriatria da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, geriatra do Hospital Estadual Mário Covas, de Santo André (SP) e médico hospitalista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP); Elisangela Neto Ribeiro Chaves, geriatra da Home Doctor; Nemi Sabeh Jr,, ortopedista e traumatologista do núcleo de especialidades do Hospital Sírio-Libanês (SP); e Luciano Miller, ortopedista e cirurgião de coluna do Hospital Albert Einstein (SP) e diretor da Clínica Colunar (SP). Todas as fontes foram consultadas em reportagem de Paula Roschel, publicada em VivaBem em agosto de 2020.