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Confuso na ótica? Aprenda a escolher armação, lente e proteção de óculos

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Janaína Silva

Colaboração para VivaBem

21/02/2022 04h00

Os óculos merecem muita atenção —que é muitas vezes negligenciada—, afinal, é impossível não ficar com dúvidas ao se deparar com termos e diversidades de lentes, tratamentos, proteções, armações e preços ao ir à ótica com a prescrição do médico.

O primeiro aspecto a ser levado em consideração é a loja: peça indicações, referências e certifique-se da procedência, marcas e assistências oferecidas. Consulte se há técnico óptico presente, com capacitação para analisar a prescrição e oferecer a melhor solução.

Em relação às marcas, o oftalmologista sugere algumas, se solicitado, graças a sua experiência do dia a dia. "As melhores oferecem mais tempo de garantia e a pessoa recebe um cartão informativo com dados da marca, certificado, assistência e cuidados", afirma Michelle Figueirêdo, oftalmologista e supervisora do programa de residência médica em oftalmologia do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco).

Tipos de lentes

Cada erro refrativo demanda um tipo de lente para sua devida correção: as esféricas negativas são para miopia; as esféricas positivas para hipermetropia; as cilíndricas para o astigmatismo e as multifocais ou bifocais para a presbiopia. Como muita gente tem mais de um problema ao mesmo tempo, preste atenção.

Existem duas categorias de materiais para a fabricação das lentes: minerais (cristal) e orgânicos (compostos poliméricos, como acrílico, policarbonato e resina).

As de cristal —ou vidro— são indicadas para altos graus e, apesar da melhor qualidade ótica e resistência aos arranhões, são contraindicadas pelo peso que pode machucar a região de apoio dos óculos no nariz, além de possuírem maior risco de quebra.

As de resina são as mais utilizadas, mais leves, mas arranham com mais facilidade. Já o policarbonato tem resistência maior aos impactos e, por isso, é indicado para atletas e crianças.

A espessura da lente influencia no valor, na estética e no conforto. Quanto maior o índice —as chamadas alto índice—, menor vai ser a espessura, melhorando a estética e conforto dos óculos, mas com um custo mais elevado.

Proteção e tratamentos

Tipos diferentes de óculos em loja, ótica, óptica - iStock - iStock
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"Para proteger os olhos da radiação UV (ultravioleta) é necessário o uso de óculos com lentes solares, incolores ou fotossensíveis. Existem normas internacionais que classificam essas radiações e recomendam o uso de filtro UV. Com base nesses estudos e pensando na qualidade de vida, é muito importante esse tratamento", esclarecem Antonino Ramos de Oliveira e Maria de Fatima Sardinho Cury, professores da área óptica do Senac São Paulo.

O tratamento UV bloqueia a passagem de raios ultravioleta para os olhos. "Normalmente, todos os tipos têm certo grau de proteção, mas as mais eficientes são as chamadas fotocromáticas ou fotossensíveis, utilizadas em indivíduos com queixas de muita sensibilidade à luz solar", orienta Figueirêdo. Nesse caso, não substituem os óculos de sol, mas oferecem conforto ao evitar a troca constante dos óculos.

O tratamento antirreflexo é sempre recomendado para reduzir reflexos das lentes e evitar o ofuscamento por reflexão, comum nas lentes com grau mais alto. Colabora, também, na nitidez e no conforto no uso de telas. "Quanto maior o grau, mais aconselhável a aplicação desse tratamento", pontuam os professores do Senac.

O filtro de luz azul é uma tecnologia que permite a passagem do espectro azul-turquesa e filtra ou controla uma parte dessa luz, aumentando o conforto visual e protegendo os olhos, principalmente, das luzes emitidas pelas telas dos dispositivos eletrônicos, luz de LED etc. "O fato de ser imprescindível ou não, dependerá do perfil do usuário em relação ao uso desses dispositivos", afirmam Oliveira e Cury.

De acordo com Ione Alexim, médica oftalmologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), não há evidência científica se essa proteção adicional às lentes dos óculos é benéfica. "Materiais que filtram a luz e o brilho da tela dos eletrônicos são alternativas comprovadas", orienta.

Armações

As armações não devem atender apenas ao gosto e estilo estético. Elas precisam seguir o formato do rosto e, em relação ao tamanho, acompanhar a correção a que se destina, o grau e tipo de lente.

"Algumas armações, como as para confecção de óculos multifocais, podem ficar muito grandes ou pequenas e atrapalhar a adaptação. Quanto ao astigmatismo, as armações muito curvas nas laterais acabam distorcendo as imagens, principalmente com graus mais altos", ensina Figueirêdo.

O melhor modelo de armação é o que se adapta ao formato do rosto e atende às prescrições das lentes corretivas. Nas óticas, segundo os professores do Senac São Paulo, durante a venda, o técnico óptico indicará a melhor opção, levando em consideração a prescrição, a espessura resultante do grau e do material da lente, para não ficar pesado e machucar os pontos de apoio —orelha e nariz—, além de conciliar o gosto e o melhor resultado estético. Some-se a isso também o preço, há uma infinidade de valores para todos os bolsos.

"Oriento o paciente a manter as marcas das lentes e formato da armação a que estão bem adaptados, principalmente no que diz respeito às multifocais, que possuem desenhos diferentes de campo de visão e podem gerar uma não adequação ao trocar de marca, por exemplo", fala Figueirêdo.

Conferência

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Depois de prontos, é indicado levar os óculos para conferência do oftalmologista. Alexim comenta que são raras, mas acontecem distorções nas medições e até graus diferentes do prescrito.

"Sugiro o retorno ao médico, também, em caso de dificuldades com o uso dos óculos novos, mesmo que o grau esteja correto porque há outros fatores que influenciam na qualidade visual final", elucida a médica oftalmologista do HC-UFPE.

Modelos prontos

Todo mundo conhece alguém que já comprou óculos em farmácias para ajudar na visão de perto, mas os especialistas desaconselham a prática, pois não é possível identificar o material com o qual as lentes foram confeccionadas tampouco as características individuais, como tamanho do rosto, distância entre os olhos, altura de montagem, entre outras.

Além disso, na maioria das vezes, não é o grau correto, abaixo ou além do potencial da visão, acelerando a progressão da presbiopia —chamada também de visão cansada, devido ao processo natural de envelhecimento— ou gerando mal-estar como tontura, enjoos, dor de cabeça, entre outros sintomas.

O fato é que se os óculos forem feitos sem prescrição médica podem prejudicar a visão, sim. Até os óculos de sol, se não tiverem proteção aos raios ultravioletas, afetam a saúde ocular.

"As lentes de má qualidade, fora das medidas ópticas ou que apresentem desacordo com a prescrição do especialista podem causar má qualidade visual, desconforto durante o uso, dor de cabeça ou mudança de postura", informam Oliveira e Cury.

Higienização

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Imagem: Tumisu/Pixabay

Os óculos de grau e de sol precisam ser limpos diariamente. "A limpeza diária deve ser feita com xampu ou sabonete líquido neutro, esfregando a lente com a ponta dos dedos e deixando secar naturalmente, dispensando lenços de papel ou tecido", sugere Alexim.

Outra dica da especialista é não compartilhar os óculos, nem os de sol, afinal seu uso é único. Muitas vezes, há o compartilhamento dos de leitura por casais ou entre outros membros da família, mas por estar com um grau não apropriado, é possível uma queda ou acidente, ao descer uma escada, por exemplo.