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Precisa jogar fora escova de dente e outros itens após covid-19 ou gripe?

Saiba o que fazer com escova de dente e outros itens após ficar doente - iStock
Saiba o que fazer com escova de dente e outros itens após ficar doente Imagem: iStock

Cristina Almeida

Colaboração para VivaBem

17/01/2022 15h20Atualizada em 18/05/2022 17h10

A essa altura da pandemia de covid-19 —que agora compete com um surto de gripe—, a maioria das pessoas já sabe quais são as melhores formas de prevenir essas doenças altamente contagiosas. Mas, se por ventura você contrair uma das duas doenças, o que fazer com objetos pessoais em casa como escova de dente, lençol, fronha, toalhas e outros?

Uma vez que o teste deu positivo para essas doenças, e mesmo que você não tenha apresentado sintomas, é preciso ter certeza de que foram adotadas medidas de controle do contágio durante e depois da quarentena. A ideia é proteger as pessoas do seu convívio e a comunidade. Em casa, a ordem é manter tudo limpo e desinfetado e ainda fazer uma limpeza geral após um quadro de covid-19 ou gripe.

Mas até onde vai essa limpeza? É preciso jogar fora escova de dente ou outros itens mais pessoais? Entenda abaixo.

O básico sobre os vírus da gripe e da covid-19

O infectologista Valdes Roberto Bollela, professor do Departamento de Clínica Médica da USP, explica que como ambas as doenças são respiratórias, são transmitidas por via aérea, pelo contato de pessoa a pessoa, além da exposição a gotículas de saliva e aerossóis quando uma pessoa infectada tosse, espirra, fala ou respira.

Essas gotículas também podem contaminar superfícies, que poderão ser tocadas por outras pessoas. Em algumas delas, como o aço e o plástico, o vírus da covid-19 pode sobreviver por até 72 horas e os da influenza de 24 a 48 horas em locais fechados. No entanto, fatores como umidade, calor e temperatura podem influenciar esse tempo de sobrevivência.

Como esses vírus são suscetíveis e facilmente elimináveis com uma boa faxina, especialmente quando a limpeza e desinfecção são feitas com água e sabão (pode ser também detergente neutro, álcool etílico 70% ou hipoclorito de sódio a 0,5%), manter tudo higienizado previne infecções.

"Apesar disso, o contato pessoal e a transmissão por via aérea continuam sendo os principais meios de contágio dessas enfermidades", esclarece o médico.

Por onde começar a limpeza após a infecção

Seja durante ou depois da infecção, para potencializar a neutralização desses vírus é recomendado manter os ambientes sempre arejados, higienizar pisos, superfícies como maçanetas, mesas de cabeceira, pia do banheiro, vaso sanitário, telefone celular, controle remoto da TV ou ar-condicionado, interruptor de luz, mesas, a porta da geladeira e outros objetos que sejam tocados frequentemente. Estofados e cadeiras também devem ser aspirados.

Lençóis, cobertores, travesseiros e toalhas de banho não devem ser compartilhados e podem ser lavados normalmente na máquina de lavar roupas. A pessoa encarregada dessa tarefa deve manter esses itens longe do rosto e do corpo e higienizar as mãos imediatamente após tocá-los. Não há problema juntar outras roupas da casa na mesma lavagem. Caso o travesseiro não seja lavável, ele deve ser mantido fora de uso em local ventilado por pelo menos dois ou três dias.

Os utensílios de cozinha (pratos, talheres, copos etc.) também não devem ser usados por outras pessoas durante a infecção, e após o uso imediato eles precisam ser lavados com água e sabão ou na máquina de lavar louças. Sugere-se que apenas uma pessoa faça esse trabalho durante ou imediatamente após a recuperação, e ela deve usar máscara para reforçar a proteção durante o manejo desses itens.

Escova de dente e outros itens de higiene oral

E quanto aos itens pessoais como escova e pasta de dente, fio dental e enxaguantes bucais? Existem algumas evidências científicas de que pode haver relação entre saúde oral e prevenção/redução de infecções gripais, bem como as suas complicações. Os dados são de um recente estudo da Shinshu University School of Medicine.

Por outro lado, já se sabe que o vírus da covid-19 pode estar presente na cavidade oral e os cientistas já suspeitam que a presença de algum processo inflamatório local, como a periodontite, por exemplo, pode concorrer para o agravamento da doença.

Diante dessas informações, a recomendação é caprichar nos cuidados com a higiene oral antes, durante e após quadros dessas enfermidades. Aliás, os itens de higiene oral devem ser separados da família durante uma infecção, e nunca devem ser compartilhados.

"Por serem de uso pessoal eles não precisarão ser descartados após a doença, especialmente em um país no qual esse kit tem alto custo para boa parte da população. Além disso, não há risco de reinfecção", aconselha Juliana Bertoldi Franco, cirurgiã-dentista e membro da Câmara Técnica de Odontologia Hospitalar para Pacientes Especiais do Crosp.

No caso de pessoas que estiveram internadas e usaram um kit de higiene oral nesse ambiente, ele deverá ser jogado fora, já no momento da alta. "O risco aqui seria uma contaminação cruzada com os microrganismos hospitalares", completa Franco.

Com ou sem doença, sempre é bom lembrar que a escova de dentes deve ser trocada a cada três meses.

E os descartáveis do banheiro?

Caixas de lenços de papel abertas, rolos de papel higiênico ou caixas com máscaras que estiveram disponíveis para quem teve gripe ou covid-19 devem ser colocados em um saco plástico e fechado para descarte no lixo comum.

Fontes: Juliana Bertoldi Franco, cirurgiã-dentista do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e membro da Câmara Técnica de Odontologia Hospitalar do Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo) e Valdes Roberto Bollela, médico infectologista e professor do Departamento de Clínica Médica da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo). Revisão médica: Valdes Roberto Bollela.

Referências: IFF/Fiocruz (Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira); CDC (Centers for Disease Control and Prevention); Kawamoto M, Tanaka H, Sakurai A, Otagiri H, Karasawa I, et al. (2021) Exploration of correlation of oral hygiene and condition with influenza infection. PLOS ONE 16(8): e0254981. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0254981.