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Todas as grávidas devem tomar dose de reforço da vacina de covid-19?

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Imagem: iStock

Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

30/11/2021 16h11

O Ministério da Saúde já orientou que todas as pessoas com mais de 18 anos devem ser vacinadas com a dose de reforço da vacina contra a covid-19. A decisão, porém, gera dúvidas em populações específicas, como gestantes e puérperas (45 dias após o parto), que não sabem se a orientação se aplica também a elas ou qual imunizante estão liberadas para receber. Se esse for o seu caso, pode ficar tranquila.

De acordo com Eduardo Sérgio da Fonseca, médico ginecologista e obstetra do Hospital Universitário Lauro Wanderley (PB), vinculado à rede Ebserh, todas as gestantes e puérperas não devem ter receio ou medo das vacinas.

"Primeiro porque todas são seguras e eficientes", afirma. Então, sim, a recomendação é que todas as mulheres nessa fase tomem a dose de reforço de acordo com as orientações divulgadas pelos órgãos de saúde.

O especialista, que também é professor adjunto do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) ressalta, ainda, que todos os medicamentos podem gerar efeitos colaterais, mas no caso das vacinas contra a covid-19, os possíveis efeitos são mínimos em relação aos danos que a infecção do Sars-CoV-2 pode causar a essa população.

Gestante é população de risco

Ana Marinho, imunologista e membro do Departamento Científico de Imunizações da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), lembra que já foi comprovado que as grávidas têm um risco elevado de morte pela doença.

Um estudo publicado pelo periódico Oxford Academic, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que as grávidas com covid-19 têm 17 vezes mais risco de morte do que gestantes sem a doença.

"Também tem dados de que essa mãe que foi infectada pelo coronavírus tem um risco maior de prematuridade", alerta Marinho. "E nesse momento de pandemia, em que há riscos de novas variantes, a gente entende que as grávidas precisam, sim, de um reforço", completa.

Grávidas podem receber qualquer imunizante?

Há alguns meses houve relatos de trombocitopenia trombótica (trombose) em gestantes que foram imunizadas com a AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fiocruz.

O professor da UFPB diz que ao todo foram cerca de 12 casos no mundo e um aqui no Brasil. Mas, levando esses casos em consideração, os órgãos de saúde aconselharam que as grávidas e puérperas não fossem vacinadas com esse tipo de imunizante, que usa vetor viral não replicante, porque tanto as gestantes como puérperas têm mais risco de desenvolver efeitos tromboembólicos (trombose), devido às modificações normais que ocorrem durante esse período.

Já a vacina da Pfizer utiliza a tecnologia chamada de RNA-mensageiro, diferente da CoronaVac ou da AstraZeneca, que utilizam o cultivo do vírus em laboratório. A Pfizer tem sido comumente usada em vários países, e é a mais recomendada pelo Ministério da Saúde para toda a população, incluindo as mulheres nessa fase.

"Mas todas as vacinas para coronavírus são seguras tanto para a primeira, como a segunda e terceira doses também. E essas complicações, como da AstraZeneca, são raríssimas", lembra o professor da UFPB.

A imunologista, por sua vez, diz que a Asbai segue a mesma recomendação do Ministério da Saúde de que, preferencialmente, a dose de reforço seja a Pfizer. Ela se baseia em países como Estados Unidos e Israel, que já usaram esse imunizante abundantemente, inclusive em gestantes. "A CoronaVac, por exemplo, nós não temos dados com dose de reforço para essa população específica", argumenta Marinho.

Para a imunologista, a preferência é uma tentativa de melhorar a resposta imunológica no organismo baseada na ciência, como mostrou um estudo israelense. Nesse trabalho, os especialistas concluíram que o imunizante da Pfizer é seguro e eficaz durante a gravidez, protege o recém-nascido contra a infecção, além de outros benefícios da vacina para a saúde materna e infantil.

O importante é tomar

O médico da UFPB lembra que o movimento que ocorreu no Brasil e em outros países contra supostos perigos em relação às vacinas contra a covid-19 nunca teve respaldo científico.

"O coronavírus é conhecido desde 2002 e por isso o desenvolvimento das vacinas foi rápido. Optamos por vacinar com a da Pfizer pela raríssima complicação que existiu com a AstraZeneca. Mas é muito mais seguro vacinar do que ter a infecção pelo coronavírus", conclui o especialista.