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Cientistas criam dispositivo GPS para localizar e diagnosticar tumores

stevecoleimages/iStock
Imagem: stevecoleimages/iStock

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

03/11/2021 11h00

Com o objetivo de localizar e fazer a biópsia de tumores pulmonares de difícil localização, cientistas criaram um broncoscópio —espécie de tubo de visualização para analisar os brônquios— controlado remotamente que age como um sistema de GPS.

"A tecnologia tem a capacidade de navegar através das vias aéreas para rastrear tumores que de outra forma não seriam alcançáveis pelos cirurgiões. Uma vez lá, o cateter permanece em posição e não se move. Isso nos permite não apenas fazer a biópsia, mas, em seguida, marcar nódulos para ressecção subsequente. No futuro, esperamos ter a capacidade de tratar tumores através das vias aéreas", disse Janani Reisenauer, cirurgiã torácica da Mayo Clinic em Rochester, Minnesota (EUA), a VivaBem.

Os resultados dos testes com o dispositivo obtidos até o momento estão em estudo da Mayo Clinic, realizado em vários laboratórios diferentes e publicado no Annals of Thoracic Surgery. Por enquanto, o aparelho ainda não está disponível para utilização em hospitais e clínicas.

Como o dispositivo funciona

A inteligência artificial obtida de tomografias computadorizadas direciona o cabo de fibra óptica do dispositivo robótico, indicando um trajeto, como o de um GPS, até os pequenos nódulos ou massas que os broncoscópios manuais podem não detectar.

Uma biópsia é realizada pelas vias aéreas, e não pela pele, o que, de acordo com informações divulgadas pela Mayo Clinic, pode ajudar os pacientes a ter uma maior tolerância. O cirurgião pode conduzir o broncoscópio com um controle remoto, rastreando o seu trajeto pelos pulmões em tempo real através de uma tela.

"Antigamente, não tínhamos uma forma confiável de alcançar estes nódulos nos pulmões pelas vias aéreas. Já este cateter é muito pequeno, alcança quase tudo e é capaz de acessar os nódulos pulmonares e realizar a biópsia neles. É muito semelhante a conduzir um carro, tendo uma visão normal da rua, com a ajuda do GPS dizendo-lhe em tempo real onde virar à direita e à esquerda para chegar ao seu destino", diz Reisenauer.

Resultados alcançados até agora

Pesquisadores da Mayo Clinic e de outros cinco centros médicos acadêmicos testaram esta tecnologia por controle remoto em 241 pacientes. No estudo mais abrangente feito até então sobre essa tecnologia em específico, o broncoscópio robótico localizou com precisão e realizou a biópsia de 271 nódulos pulmonares. De acordo com o estudo, a tecnologia revelou um risco muito baixo de colapso ou hemorragia pulmonar.

"Isso mostra que podemos chegar aos nódulos e realizar a biópsia com uma consistência confiável. Agora, as peças estão se encaixando para começar a próxima fase", diz Reisenauer.

No futuro, dispositivo pode ajudar também no tratamento

São necessárias mais pesquisas para compreender todo o potencial do broncoscópio robótico. Os pesquisadores terão como foco os estudos clínicos, que devem revelar se um cateter robótico pode proporcionar uma bioterapia segura, além de verificar quais terapias podem ser mantidas para favorecer a cura antes da cirurgia.

Para os pesquisadores, a nova tecnologia traz esperança àqueles que precisam do tratamento com terapias restaurativas para combater células cancerígenas, enquanto ainda preserva o tecido saudável ao redor.

"A próxima fase é saber se podemos fazer a administração de quimioterapia, imunoterapia ou algum tipo de vetor viral que pode ser implementado e liberado na sequência para reduzir a carga da doença ou, potencialmente, curá-la. Isto pode transformar totalmente o tratamento do câncer de pulmão em estágio inicial."

Dependendo do resultado dos ensaios clínicos, pode demorar cinco anos até que ocorra a aprovação regulatória para o uso de broncoscópios robóticos.