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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Cirurgia de retirada da próstata por câncer no SUS diminui 21% na pandemia

O câncer de próstata é o tumor mais frequente no homem,  excluindo-se o câncer de pele não melanoma - iStock
O câncer de próstata é o tumor mais frequente no homem, excluindo-se o câncer de pele não melanoma Imagem: iStock

Colaboração para VivaBem*

01/11/2021 07h00

Um levantamento realizado pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), a partir de dados inéditos do Ministério da Saúde, mostra que houve uma redução de 21,5% no número de cirurgias de retirada da próstata por câncer devido à pandemia. Foi usada como base a comparação dos anos de 2019 e 2020.

Além disso, a coleta de PSA (Antígeno Prostático Específico) e de biópsia, que junto com o exame de toque retal diagnosticam a doença, tiveram quedas de 27% e 21%, respectivamente. O número de consultas urológicas no SUS também caiu 33,5%, e as internações de pacientes com o diagnóstico da doença teve queda de 15,7%.

Segundo uma pesquisa feita pela USP (Universidade de São Paulo) sobre o atraso cirúrgico emergencial e eletivo durante a pandemia, no Brasil, mais de um milhão de cirurgias foram canceladas ou adiadas.

O câncer de próstata é o tumor mais frequente no homem, excluindo-se o câncer de pele não melanoma. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), são esperados 65.840 novos casos para 2021, porém muitos podem nem ter sido diagnosticados. A mortalidade por câncer de próstata aumentou cerca de 10% em cinco anos, subindo de 14.542 (2015) para 16.033 (2019).

"É muito importante que os homens tenham acesso à informação, às consultas de rotina e também que recebam seu diagnóstico. Essa fuga do médico vai causar um efeito de mais diagnósticos tardios em longo prazo", alerta o médico Antonio Carlos Pompeo, presidente da SBU.

Para que serve a próstata

A próstata é uma glândula pequena que só os homens têm. Situada abaixo da bexiga, e na frente do reto, é responsável pela produção do líquido seminal. Esse fluido compõe o sêmen, junto com os espermatozoides, produzidos nos testículos, e o conteúdo liberado pela vesícula seminal. A função desse líquido é proteger e nutrir as células reprodutivas masculinas. A próstata não é responsável pela ereção, nem pelo orgasmo.

O tamanho da glândula é parecido com o de uma ameixa, mas, com o envelhecimento, o volume aumenta bastante. Esse crescimento, chamado de hiperplasia prostática benigna, pode gerar sintomas, como dificuldade para urinar, e precisa ser tratado. Mas a condição não tem nada a ver com o câncer.

Tipos de câncer de próstata

Apontando para a próstata - iStock - iStock
Imagem: iStock

Por diversas razões, as células do corpo humano podem sofrer mutação e passar a se multiplicar descontroladamente. Existem diferentes tipos de células na próstata, mas a maioria dos cânceres nascem nas células endócrinas, responsáveis pela produção do líquido seminal.

Chamados de adenocarcinomas, esses tumores quase sempre se desenvolvem lentamente. Em certos casos, porém, podem ser mais agressivos e evoluir rapidamente, podendo se espalhar para outros tecidos e órgãos (metástase). Outros tipos de câncer de próstata, como sarcomas e carcinomas de pequenas células, são considerados muito raros.

Sintomas mais comuns

O câncer de próstata evolui silenciosamente. Geralmente, quando os pacientes apresentam sintomas, os tumores estão em fase mais avançada. Eles são parecidos com os da hiperplasia benigna ou também de uma prostatite (inflamação causada por bactérias):

  • Dificuldade para urinar (por exemplo: demora para começar e terminar);
  • Necessidade de urinar mais vezes durante o dia e/ou à noite;
  • Diminuição do jato de urina;
  • Dor ou ardor ao urinar;
  • Presença de sangue na urina ou no sêmen;
  • Dor ao ejacular;
  • Quando a doença atinge a fase avançada e espalha-se para outros órgãos, os sintomas podem incluir dor óssea ou infecção generalizada.

Como é o tratamento do câncer de próstata

O melhor tratamento para cada caso depende do estadiamento da doença, da idade e do estado geral de saúde do paciente. De maneira geral, cirurgia, radioterapia e terapia hormonal costumam ser as opções mais comuns.

Pacientes assintomáticos podem ser apenas monitorados periodicamente, sem precisar de tratamento. A chamada vigilância ativa envolve a realização periódica dos exames de PSA e toque retal, além de biópsias conforme indicação médica. Já para homens mais jovens, com boa saúde e tumor que cresce rápido, isso não costuma ser recomendado.

A cirurgia mais frequente é a prostatectomia radical, ou seja, a remoção da próstata. "Cerca de 80% dos tumores são multicêntricos, por isso é preciso retirar toda a glândula", diz o especialista do Inca. Mas Campos acredita que no futuro seja possível identificar apenas os tumores mais importantes, o que permitirá procedimentos minimamente invasivos.

Por mais habilidoso que seja o cirurgião, alguns nervos podem sofrer danos durante a cirurgia, por isso incontinência urinária e disfunção erétil (impotência) são efeitos colaterais possíveis e temidos. A cirurgia robótica costuma ser mais precisa, com recuperação mais rápida e menor risco de efeitos colaterais, mas ainda é feita em poucas instituições, pois exige um nível alto de treinamento e experiência, o que só se consegue em centros com grande volume cirúrgico.

A ressecção transuretral da próstata (retirada apenas de uma parte da glândula) é indicada apenas em caráter paliativo para alívio de sintomas, além de ser realizada em casos de hiperplasia benigna.

Detecção precoce

Ir ao urologista regularmente é uma forma de se evitar que um câncer na próstata seja detectado tardiamente. A recomendação é que se façam exames de PSA e toque retal a partir dos 50 anos. Nos indivíduos com parentes próximos que tiveram a doença mais jovens, os exames podem começar um pouco antes.

"Não se justifica rastrear câncer de próstata por causa da probabilidade alta de descobrir tumores que não precisariam ser descobertos", diz Franz Campos, chefe da seção de urologia do Inca. Isso significa que a solicitação dos exames deve partir do urologista em acordo com o paciente, e nunca de forma compulsória. Depois de uma primeira avaliação define-se quando é recomendado repetir os testes.

*Com informações de reportagem de 11/09/2018.