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Covid: Brasil ultrapassa marca de 600 mil mortes

Do VivaBem, em São Paulo*

08/10/2021 14h42

O Brasil superou hoje a marca de 600 mil mortes por covid-19. Segundo contagem do consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte, junto às secretarias estaduais de Saúde, o país soma 600.077 óbitos pela doença às 14h24 de hoje. O boletim diário, com a média móvel de mortes, novos casos e vacinação, será divulgado no início da noite de hoje.

O Brasil se torna o segundo país do mundo a superar a marca de 600 mil mortes confirmadas por covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos. O número é atingido em um momento de arrefecimento da doença diante do avanço da vacinação, apesar do temor pela propagação da variante delta, considerada mais transmissível.

O boletim do consórcio de ontem indicou que o Brasil, pelo quarto dia seguido, teve uma média de óbitos abaixo de 500. Morreram em média 438 pessoas nos últimos sete dias, o que indica uma tendência de queda de -22% na comparação com 14 dias atrás.

A média móvel é o melhor indicador para analisar a pandemia, pois corrige as flutuações nos dados das secretarias de saúde que ocorrem aos fins de semana e feriados. A média dos últimos sete dias é comparada com o mesmo índice de 14 dias atrás. Se ficar abaixo de -15%, indica tendência de queda; acima de 15%, aceleração; entre esses dois valores, estabilidade.

O viés de baixa, apesar da trágica marca e de ainda persistir uma média diária alta, é referendado pela análise da evolução de mortes ao longo da pandemia. O Brasil havia atingido 500 mil mortes por covid-19 em 19 de junho, há 111 dias. Na ocasião, o país chegou a marca apenas 50 dias depois de registrar 400 mil.

Os números colhidos desde o início da pandemia mostram ainda que o Brasil demorou 144 dias desde o primeiro óbito registrado em março de 2020 para chegar aos 100 mil mortos, depois 152 até as 200 mil vítimas, em 7 de janeiro deste ano. Após isso, o intervalo foi diminuindo. Foram 76 dias até as 300 mil mortes e apenas 36 para contabilizar mais 100 mil e atingir os 400 mil óbitos.

A marca é atingida em um momento em que estados e cidades brasileiras flexibilizam medidas de distanciamento social, com a volta de eventos e liberação quase integral de atividades econômicas. Especialistas, porém, alertam que não é hora de relaxar e recomendam a continuidade de medidas como o uso de máscaras e controle de aglomerações.

Delta

Até o momento, o Brasil tem conseguido se livrar da mesma explosão de casos provocada pela delta em outros países e, atualmente, não figura sequer entre os cinco lugares do mundo com mais casos por dia.

O cenário de viés positivo se explica, de acordo com especialistas, por uma conjunção de fatores, em especial a elevada imunidade temporária de parte da população em decorrência do enorme surto provocado pela variante gama e o avanço da campanha de vacinação justamente no período de disseminação da variante delta.

"O resultado de problemas que tivemos antes deram para a delta uma característica diferente no Brasil do que ela foi capaz de fazer em outros lugares", disse o virologista Fernando Spilki, da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul.

"O custo enorme de vidas que tivemos com a gama resultou em uma parcela da população com uma imunidade parcial quando a delta se espalhou, e o atraso inicial na vacinação, que só ganhou escala ao redor do fim do primeiro semestre, significa que a população estava com uma imunidade alta também pelas vacinas quando a delta se espalhou", explicou.

Quando chegou ao Brasil em maio, a variante delta foi motivo de grande preocupação depois de ter causado aumentos expressivos de casos mesmo em países que estavam com a vacinação mais avançada do que o Brasil, como Estados Unidos e Reino Unido. Hoje o Brasil tem mais de 70% da população vacinada com ao menos uma dose e quase 45% totalmente imunizada, mas à época menos de 20% da população tinha recebido uma injeção.

No entanto, tirando um breve surto localizado no Rio de Janeiro, a linhagem não resultou em uma nova onda de infecções no Brasil, mesmo tendo se tornando a principal variante em circulação no país, responsável por mais de 91% dos casos atualmente.

Para especialistas, a imunidade gerada pelo surto anterior de gama deu um fôlego ao Brasil para vacinar sua população, enquanto a delta ainda não era predominante. À medida que a variante se espalhava, a vacinação também cresceu, o que teve como consequência positiva uma imunidade alta da população por ter sido recentemente vacinada, ao contrário do ocorrido em países que tinham vacinado bem antes da chegada da delta.

"Talvez seja um pequeno efeito positivo dentro de uma tragédia. Como a gama tinha circulado muito, muita gente tinha a imunidade temporária, que até o terceiro mês fornece uma grande proteção, e a gente também já estava com um bom percentual da população vacinada, portanto uma imunidade híbrida", disse Alexandre Naime Barbosa, chefe da infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

*Com informações da agência Reuters