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Falar em reabertura, Carnaval e Réveillon é muito precoce, diz Dimas Covas

Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan  - André Porto/UOL
Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan Imagem: André Porto/UOL

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

07/07/2021 04h00Atualizada em 07/07/2021 15h29

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, que também é membro do Centro de Contingência ao Coronavírus em São Paulo, disse que, diante do cenário atual da pandemia, não é o momento de cogitar reaberturas maiores de serviços não essenciais, muito menos pensar em eventos com grandes aglomerações, como Carnaval e Réveillon.

"É muito precoce. Não sabemos o que vai acontecer. O grande aprendizado atual é o seguinte: a pandemia não é uma situação matemática. Temos que observar dia a dia", afirmou em entrevista ao UOL.

"No ano passado, muitos falavam que a pandemia acabaria em setembro, outubro. Ela piorou em novembro e abril deste ano foi o mês mais grave da pandemia. Tivemos quase o dobro de casos e óbitos do ano passado. Ainda veio a variante Delta, nova, precisamos ver o comportamento, o que vai acontecer. Ela apresenta problemas com algumas vacinas —não com a CoronaVac. É muito precoce [a discussão sobre reabertura]", completou.

Na semana passada, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que "a princípio, a cidade terá Réveillon, terá Carnaval" em 2022.

Na esteira da expectativa de novas aberturas, o governador João Doria (PSDB) disse ontem que haverá reabertura gradual de público em eventos culturais a partir de outubro.

Dimas, no entanto, pede cautela e diz que o estado de São Paulo está "começando a ver" os efeitos da vacinação em "ambiente de controle".

Estamos em ambiente de medidas de restrição, tendo um efeito claro da vacinação. O que não se pode fazer é uma reabertura generalizada, que aí corremos o risco de fazer o que aconteceu em outros países.
Dimas Covas, presidente do Butantan

Ele citou como exemplo a alta de casos de covid-19 no Chile, mesmo com boa parte da população parcialmente vacinada.

"Nós precisamos descer os números de casos, óbitos e internações, mas descer substancialmente, e aí, sim, pensar em aberturas mais amplas", diz

Para não repetirmos erros de outros países que acharam que o fato de começar a vacinação seria um passaporte verde para abertura total.
Dimas Covas, presidente do Butantan

Atualmente, São Paulo está na chamada "fase de transição", quando o funcionamento dos estabelecimentos fica restrito entre as 21h e as 6h em todo território paulista, com capacidade máxima de 40% de ocupação.

A ideia do governador João Doria e de sua equipe econômica é flexibilizar mais as regras atuais diante do momentâneo controle dos índices de internações e novos óbitos.

A proposta não é endossada por todos os membros do Centro de Contingência, que se opõem a reaberturas antes de a população adulta atingir 70% de imunização com duas doses de vacinas, segundo apuração da reportagem.

Hoje, às 12h45, Doria e seus secretários fazem entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, na zona sul da capital, para falar sobre estratégias no combate à pandemia.