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Hospital de Alagoas faz objetos de acessibilidade com tubos de PVC

João Vitor, 8, ganhou um andador feito com tubos de PVC - Divulgação
João Vitor, 8, ganhou um andador feito com tubos de PVC Imagem: Divulgação

Carlos Madeiro

Colaboração para VivaBem, em Maceió

22/02/2021 04h00

Aos 8 anos, João Vitor consegue finalmente andar sem se segurar nas paredes ou precisar do auxílio de um adulto. Isso é possível por conta de uma invenção feita por funcionários do Hospital Escola Hélvio Auto, em Maceió, que constrói objetos de acessibilidade com tubos de PVC e doa a pacientes pobres.

O andador desenvolvido sob medida para João Vitor foi apenas o primeiro de sete peças já criadas no hospital, que faz parte da Uncisal (Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas).

A ideia veio da Marcia Mendes Porangaba, terapeuta ocupacional do hospital, que atuava no tratamento de João Vitor. Em novembro de 2020, quando ele estava encerrando o tratamento e iria voltar para casa, a profissional pensou em uma forma de ajudá-lo.

Órteses de tubos de PVC - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Ele não estava andando e brincando adequadamente; não se deslocava da maneira necessária. Se ele saísse do hospital daquela maneira não iria funcionar", conta.

João é órfão e mora em Paripueira, na Grande Maceió, com a avó. Ele tem paraparesia (déficit parcial de força dos membros inferiores).

Para ajudar a criança na volta para casa, ela contou com apoio das estagiárias (que arrumaram os tubos) e de um funcionário da manutenção do hospital, que fez a peça sob medida. "A partir daí nasceu esse processo e passamos a fazer essa tecnologia assistiva de baixo custo sob medida", conta.

Resultado foi um sucesso

Segundo Marcus Costa, fisioterapeuta do hospital, João Vitor chegou no internamento, no ano passado, apresentando sequelas motoras importantes. "Como foi uma criança que não teve o devido acompanhamento na sua fase de desenvolvimento, ficou bem sequelado, com limitações de motricidade. Ele é de uma família pobre, que não teve condições de dar seguimento ao tratamento e acompanhamento de reabilitação e médico", relata.

Órteses de tubos de PVC - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O fisioterapeuta conta que quando começou a acompanhá-lo no hospital, percebeu que ele tinha potencial de reabilitação, inclusive para andar —mesmo com um aparelho auxiliar.

"No hospital, havia um andador infantil, e eu o coloquei à disposição da criança. João se adaptou muito bem, conseguiu se locomover dentro do hospital. Ele ficou bastante animado e alegre. Mas chegou o momento em que precisava voltar para casa, mas não tinha condições de comprar um andador. Foi aí que veio essa adaptação. E foi um sucesso extraordinário: ele se adaptou fácil e rápido", diz.

A família também contou a VivaBem que a vida da criança mudou com a peça. "Ajudou bastante. Ele agora não está mais andando segurando nas paredes e nos móveis. Vai para todo lugar da casa agarrado no andador, vai no banheiro direto. Sem dúvida foi uma ideia que ajudou bastante", afirma Valdilene Tenório da Silva Santos, 54, avó de João.

Outras peças

O andador de João Vitor foi apenas uma das peças já feitas no hospital. Algumas foram doadas, outras atendem a pacientes internados na unidade.

Segundo Márcia Porangaba, são vários os recursos possíveis que podem ser desenvolvidos para ajudar pacientes com peças de PVC. "Isso pode servir para engrossamento de um cabo de colher para quem tem dificuldade de movimentação da mão. Dependendo das necessidades que compõem o dia a dia, a gente pode fazer a peça para ajudar", explica.

Órteses de tubos de PVC - Ana Paula Tenório de Lima/Divulgação - Ana Paula Tenório de Lima/Divulgação
Imagem: Ana Paula Tenório de Lima/Divulgação

Uma das peças feitas com os tubos de PVC sob medida assistiu uma mulher de 76 anos que havia tido sequelas por conta de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

"Ela teve um AVC isquêmico e ficou com sequela de movimento: perdeu os movimentos do lado esquerdo e ficou com o restante dos movimentos também muito limitados. Ela não conseguia sentar nem sustentar o pescoço. Então, para que ela não ficasse deitada o tempo todo, a cadeira começou a ser usada nos deslocamentos. Com as sessões de fisioterapia, ela começou a ter o controle do tronco, levantar a cabeça e apoiar os braços", conta a filha da paciente, que pediu para não ser identificada.

Invenções como essa podem ajudar muitos pacientes com diversos tipos de dificuldades motoras. "Isso depende da necessidade de cada pessoa. É sempre viável pensarmos em soluções assim para atender esses pacientes que não conseguem comprar um equipamento", finaliza Porangaba.