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Hospital mede enzima cardíaca para prever evolução de paciente com covid-19

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Imagem: iStock

Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

10/11/2020 10h29

Médicos do Hospital Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, estão medindo a enzima cardíaca troponina nos pacientes que chegam ao hospital com covid-19 para identificar quais têm mais risco de evoluir gravemente. A enzima reflete uma lesão no músculo do coração.

Esta conduta foi adotada após um estudo, feito pelos médicos do hospital, mostrar que os pacientes infectados pelo coronavírus tinham os níveis de troponina aumentados. O resultado foi publicado na revista Arquivos Brasileiros de Cardiologia.

"A gente percebeu que nos pacientes com covid-19, aqueles que tinham essa enzima aumentada tinham uma evolução muito pior do que aqueles que tinham essa enzima normal", explica Gustavo Gouvêa, cardiologista e coordenador da unidade coronariana do hospital.

Normalmente, a mensuração da troponina auxilia o cardiologista a diagnosticar um infarto, mas, segundo os especialistas, ela também pode se elevar em outras condições em que o coração é agredido, como em casos de covid-19.

Após esta observação, a enzima passou a ser mensurada assim que os pacientes davam entrada no hospital, a fim de detectar possíveis problemas logo no início, e ter uma conduta terapêutica mais assertiva.

Como foi feito o estudo?

Para chegar a essas conclusões, foram acompanhados 183 pacientes internados no hospital e que, no momento da internação, apresentaram elevação da troponina. Dentre todos os pacientes analisados com o nível da enzima aumentado, 28 morreram e 31 precisaram de ventilação mecânica invasiva.

"Foi o primeiro estudo brasileiro que comprovou que a lesão do coração por covid-19 acontece, e esses pacientes, quando têm essa lesão, têm uma evolução pior", afirma Gouvêa.

Após este resultado, o hospital instituiu a troponina como um biomarcador importante para medir o acometimento cardíaco causado pelo novo coronavírus.

"Todo paciente que chega hoje no pronto-socorro tem essa enzima dosada. E aqueles que tiverem com essa enzima alta, imediatamente são internados, aí nós temos uma vigilância maior porque sabemos que eles têm mais chance de evoluir pior. Então mudou a nossa estratégia", explica Gouvêa.

Segundo o cardiologista, esse estudo é importante, sobretudo, por dois motivos. O primeiro é que ele comprovou que existe a lesão miocárdica na covid-19. E o segundo é que esses pacientes podem ter quadros mais graves.