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Pfizer diz que análise inicial mostra que vacina de covid-19 é 90% eficaz

Do VivaBem, em São Paulo

09/11/2020 09h13Atualizada em 09/11/2020 11h32

A Pfizer anunciou hoje que sua vacina experimental contra a covid-19 mostrou ser 90% eficaz na prevenção da doença com base em dados iniciais de um estudo amplo.

Esta eficácia de proteção ao vírus SARS-CoV-2 foi alcançada sete dias depois da segunda dose da vacina e 28 dias após a primeira, informou o grupo americano em um comunicado conjunto com a empresa alemã BioNTech.

As empresas são as primeiras fabricantes de medicamentos a apresentar dados bem-sucedidos de um ensaio clínico em grande escala de uma vacina contra o novo coronavírus, que já matou mais de 1 milhão de pessoas ao redor do mundo.

Elas informaram que até agora não encontraram nenhuma preocupação séria com a segurança e esperam buscar autorização para uso de emergência nos Estados Unidos ainda este mês. O país é o mais afetado pela pandemia, com 9,9 milhões de casos e mais de 237 mil mortes registradas, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

Caso haja autorização, o número de doses da vacina será inicialmente limitado. Muitas questões também permanecem em aberto, incluindo por quanto tempo a vacina fornecerá proteção. A notícia, no entanto, dá esperança de que outras vacinas em desenvolvimento também possam ser eficazes.

Os dados ainda não foram revisados por pares ou publicados em um jornal médico. A Pfizer disse que fará isso assim que tivesse os resultados de todo o estudo.

'Grande dia para a ciência'

"Hoje é um grande dia para a ciência e a humanidade", disse Albert Bourla, presidente e executivo-chefe da Pfizer, em um comunicado.

"Estamos alcançando esse marco crítico em nosso programa de desenvolvimento de vacinas em um momento em que o mundo mais precisa, com taxas de infecção atingindo novos recordes, hospitais quase excedendo a capacidade e economias lutando para reabrir", acrescentou.

O presidente-executivo da BioNTech, Ugur Sahin, disse à Reuters que está otimista de que o efeito imunizante da vacina durará por pelo menos um ano, mas a duração da proteção da vacina ainda não está certa.

"Os dados de eficácia são realmente impressionantes. Isso é melhor do que muitos de nós antecipávamos", disse William Schaffner, especialista em doenças infecciosas da Escola de Medicina da Vanderbilt University, em Nashville, nos EUA. "O estudo não foi concluído ainda, no entanto o dado parece bem sólido.".

"Estou quase em estado de êxtase", disse Bill Gruber, um dos principais cientistas de vacinas da Pfizer, em uma entrevista. "Este é um grande dia para a saúde pública e para o potencial de nos tirar a todos das circunstâncias em que estamos agora."

Autorização para uso emergencial

A Pfizer espera obter uma autorização ampla dos Estados Unidos para o uso emergencial da vacina em pessoas de 16 a 85 anos. Para isso, precisará de dois meses de dados de segurança de cerca de metade dos 44 mil participantes de seu estudo, que deve ocorrer no final deste mês.

O imunizante é um dos quatro que estão sendo testados no Brasil em fase 3. Chamada BNT162b2, a vacina usa ácido ribonucleico, um mensageiro químico que contém instruções para a fabricação de proteínas.

Quando injetado em humanos, o BNT162b2 instrui as células a fabricarem proteínas que imitam a superfície exterior do novo coronavírus, que o corpo reconhece como um invasor, preparando uma reação imunológica.

Pfizer e BioNTech têm um contrato de US$ 1,95 bilhão com o governo dos EUA para entregar 100 milhões de doses de vacinas a partir deste ano. Eles também fecharam acordos de fornecimento com a União Europeia, Reino Unido, Canadá e Japão.

Para poupar tempo, as empresas começaram a fabricar a vacina antes mesmo de saberem se ela será eficiente. Agora elas esperam produzir até 50 milhões de doses, ou o suficiente para proteger 25 milhões de pessoas ainda em 2020.

A Pfizer disse que espera produzir até 1,3 bilhão de doses da vacina em 2021.

O estudo

A gigante farmacêutica norte-americana disse que a análise provisória foi realizada depois que 94 participantes do teste desenvolveram covid-19, examinando como muitos deles receberam a vacina na comparação com um placebo.

A empresa não detalhou exatamente como muitos destes que adoeceram receberam a vacina, mas mais de 90% de eficiência significa que não mais de 8 das 94 pessoas infectadas com covid-19 receberam a vacina, que foi administrada em duas doses com cerca de três semanas de diferença.

A taxa de eficiência está bem acima da eficácia de 50% exigida pela FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA) para uma vacina contra coronavírus.

Para confirmar a taxa de eficiência, a Pfizer disse que continuará o teste até haver 164 casos de covid-19 entre os participantes. Dado o pico recente da taxa de infecção nos EUA, este número pode ser alcançado no começo de dezembro, disse Gruber.

Trump e Biden comemoram

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saudou os resultados dos testes e o salto no mercado de ações que o anúncio feito pela farmacêutica provocou.

O índice global de mercados de ações MSCI atingiu uma alta recorde após o anúncio. As ações da Pfizer e da BioNTech registravam fortes altas no mercado norte-americano.

"Mercado de ações em grande alta, vacina chegando em breve. Relato de 90% de eficácia. Ótimas notícias!", escreveu ele no Twitter.

O presidente eleito do país, Joe Biden, também saudou o anúncio dos resultados como uma excelente notícia, mas alertou que faltam meses para uma vacinação generalizada e os norte-americanos precisam continuar usando máscaras e manter o distanciamento social.

"As notícias de hoje são ótimas, mas não mudam esse fato", disse Biden em um comunicado. "O anúncio de hoje promete a chance de mudar isso no próximo ano, mas as tarefas que temos pela frente agora permanecem as mesmas."

* Com AFP e Reuters