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Vale a pena preferir produtos ricos em proteína? Veja os riscos de excessos

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Imagem: iStock

Sibele Oliveira

Colaboração para o VivaBem

16/12/2019 04h00

Resumo da notícia

  • As proteínas estão cada vez mais valorizadas por quem quer perder peso e ganhar massa magra
  • Elas de fato ajudam a emagrecer, mas seu consumo excessivo pode causar doenças renais, do fígado, osteoporose, diabetes e até infarto
  • Dietas com uma quantidade maior de carboidratos e menor de proteínas protegem mais o corpo contra doenças
  • Pessoas que não praticam atividades físicas intensas devem consumir diariamente 0,8 g de proteína por quilo de peso

Nada mais comum do que ir ao supermercado e encontrar diversas embalagens com os dizeres "alto teor de proteínas", "alimento high protein", entre outros. À mesa não é diferente: elas são colocadas à vontade no prato, enquanto o espaço para outros grupos alimentares é mínimo. O motivo? Ganhar um corpo magro e com músculos bem definidos.

No entanto, é tranquilo para quem não pratica atividade física chegar à quantidade recomendada de proteínas necessária no dia a dia. E se o objetivo é emagrecer, é importante balancear bem os nutrientes consumidos no dia. Entenda melhor por que não é necessário investir a mais em produtos com este nutriente.

Necessidade diária de consumo

Existe uma regra para quem quer ingerir a quantidade certa de proteínas. É só calcular 0,8 g por quilo de peso. Uma pessoa que pesa 60 quilos, por exemplo, deve consumir 48 g diárias do macronutriente. E não é difícil, se pensarmos que um ovo médio cozido contém 5,7 g, um bife de vaca de 100 g grelhado tem 26,4 g, e uma concha (cerca de 50 g, sem o caldo) de feijão carioca cozido, 2,4 g.

Ou seja, se você leva uma vida mais sedentária, não precisa de produtos enriquecidos de proteínas. Você pode incluir nos lanches fontes proteicas comuns, como laticínios.

Para quem pratica exercícios físicos, a quantidade de proteína a ser ingerida é diferente. A quantidade diária pode variar entre 1 e 2,4 g por quilo da pessoa, dependendo da intensidade e do objetivo dos treinos. É importante consultar um especialista da área para calcular a necessidade exata, principalmente quem também quer tomar suplementos proteicos.

Mas o que funciona mesmo é a velha fórmula da dieta balanceada. "Mesmo quem quer perder peso deve contemplar todos os grupos alimentares, para que se obtenha a quantidade necessária e indicada de vitaminas, minerais, que são importantes para o bom funcionamento do organismo", orienta Marcela Voris, coordenadora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

Os riscos do excesso

Essa popularidade das proteínas é perigosa quando acompanhada de uma redução. Não que o nutriente normalmente faça mal à saúde. Pelo contrário. Ele atua no transporte de oxigênio, na contração muscular, protegem o corpo de organismos patogênicos e são fundamentais para a formação dos hormônios, entre outras funções. O problema está no seu consumo exagerado e na baixa ingestão de outros grupos alimentares, como os carboidratos.

O maior risco do consumo excessivo de proteínas são os danos causados aos rins. Isso porque em grande quantidade, elas sobrecarregam o órgão. "Podem causar uma elevação de ácido úrico no sangue e eliminação de cristais na urina, contribuindo para o surgimento de cálculos renais", explica Voris. Principalmente em quem bebe pouca água ou tem propensão a doenças renais.

E não é só isso. Grandes quantidades de proteínas podem levar ao desenvolvimento de outras enfermidades. Entre elas a aterosclerose, doenças cardíacas, osteoporose —pois o excesso de proteína aumenta a excreção de cálcio — falência do fígado, diabetes e até infarto.

Fontes: Marcela Voris, coordenadora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Rosely Sichieri, professora de epidemiologia nutricional da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro)

Errata: este conteúdo foi atualizado
De acordo com a Taco (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos), um ovo médio cozido tem 5,7 g de proteína, não 15 g. Uma concha de feijão carioca cozido tem 2,4 g de proteína, não 24 g. As informações já foram corrigidas.