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Ambulatório do INCA para mulheres com câncer inspira novos projetos

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Imagem: macniak/iStock

Do Blog da Saúde

20/11/2019 15h47

Inaugurado em janeiro de 2017, no Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro, o primeiro ambulatório de sexualidade para pacientes com câncer ginecológico no Brasil está perto de celebrar seu terceiro ano e já se tornou, em 2019, referência nacional para o surgimento de um novo local de atendimento com este enfoque.

O atendimento em Manaus começou em abril, um projeto muito especial que teve a consultoria técnica da enfermeira Carmen Lúcia de Paula, que coordena o trabalho no INCA. Agora o Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas (HUGV), que faz parte da rede EBSERH (gerida pelo Ministério da Educação) desde 2013, também conta com seu Ambulatório de Sexualidade.

O atendimento no ambulatório no INCA teve muita repercussão e gerou interesse de profissionais de diversos locais do mundo. Ele é realizado por uma equipe formada por enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, médicos, psicólogos e assistentes sociais, que atuam de forma interdisciplinar.

O foco do ambulatório é oferecer a continuidade do cuidado a mulheres com câncer ginecológico na rede pública. Sempre atenta e sensível à fala das pacientes, a enfermeira Carmen Lúcia de Paula destaca que este atendimento especializado tem como objetivo atender à proposta do SUS no que diz respeito à "integralidade do cuidado". Atuando há mais de dez anos no ambulatório de Oncoginecologia, ela realiza consultas de acolhimento, pós-radioterapia e sexualidade.

Ao longo do período de funcionamento do Ambulatório de Sexualidade no INCA, Carmen recebeu diversos convites para levar a experiência até pessoas e universidades. O que acabou gerando frutos importantes, agora em Manaus.

"Eu sou mastologista, trabalhava com mulheres com câncer de mama e vendo suas necessidades, eu questionava como poderia melhorar os atendimentos no que diz respeito à sexualidade. Vi a notícia sobre o Ambulatório do INCA e procurei saber. A Carmen nos orientou e auxiliou muito na implantação. Como sabíamos que com relação às questões da sexualidade as mulheres precisavam de assistência, quisemos inserir este ambulatório em nosso serviço", destaca a médica Cintia Cardoso Pinheiro, que coordena o Ambulatório de Manaus.

Cintia veio ao Rio e acompanhou o atendimento no Ambulatório de Sexualidade do INCA e teve a certeza de que seria possível concretizar a ideia em Manaus. Profissionais de medicina, enfermagem, psicologia e fisioterapia atuam neste novo projeto, assistindo pacientes com câncer em acompanhamento.

Questões relacionadas à sexualidade sempre foram uma preocupação presente na vida de muitas pacientes. Mas ao receberem o diagnóstico de câncer e serem submetidas ao tratamento, essas questões se potencializam. "Quando uma mulher recebe o diagnóstico de câncer, chegam muitas informações.

Ela precisa de tempo, atenção e oportunidade para tratar e abordar assuntos como a sexualidade e encontrar atenção, proteção, atendimento integral. Precisa identificar profissionais que a vejam como um todo dentro do Sistema de Saúde", destaca Carmen Lúcia de Paula. Para ela, o tratamento de mulheres com câncer deve abordar o lado emocional e questões importantes ligadas ao cotidiano, a exemplo da sexualidade.

A ideia de expandir um serviço como este em outros hospitais também anima Cintia. "Sim, é possível e o ideal é que os serviços que tratam câncer possam oferecer este acolhimento e orientar as pacientes no que se refere à sexualidade. Foi com um simpósio em 20 de setembro, em Manaus, que pudemos debater mais amplamente sobre esta questão. É um acolhimento especializado, um trabalho importante", destaca ela.

Segundo a enfermeira Carmen Lúcia, foi importante compreender, ao longo da experiência com o ambulatório, que as necessidades das pacientes são diversas e que o atendimento integral ajuda a amparar a mulher que sofre com câncer de forma completa, tratando de questões que não devem ficar esquecidas. "No ambulatório consultamos, ouvimos de forma ativa e sensível, esclarecemos dúvidas e encaminhamos as mulheres que precisam para especialistas, oferecendo a continuidade do cuidado. Lembrando que a questão da sexualidade não é só o sexo em si", esclarece Carmen.

"Dentro de um conceito mais amplo, entendemos que o adoecimento compromete a vida e a saúde das mulheres como um todo. E o desconforto causado pelo tratamento pode ser relacional, emocional e físico. Questões como medo, ansiedade, ressecamento vaginal, estenose vaginal, isolamento social, depressão, dor, insônia, falta de conhecimento, entre outras, são identificadas e tratadas pela equipe", ressalta a enfermeira.

Para Carmen, abordar e acompanhar as mulheres no ambulatório tem feito diferença e contribuído efetivamente para a recuperação da saúde, bem-estar e sobrevida com a maior qualidade possível em suas diferentes fases. "Espero que este trabalho se multiplique", concluiu ela.

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