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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Asma: excesso de remédio ou falta de adesão prejudica controle da doença

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Imagem: agrobacter

Gabriela Ingrid

Do VivaBem, em João Pessoa*

15/08/2019 18h14

Quando se fala em asma, geralmente a "bombinha" --nome popular dado ao corticoide inalatório -- é a primeira coisa que vem à mente. Mas é preciso tomar cuidado com o uso exagerado desse tipo de medicamento.

Um dos principais problemas da asma, pelo menos no Brasil, é a falta de adesão ao tratamento ou o paciente que adere de forma errada. "As pessoas precisam entender que elas não devem usar o remédio para tratar a crise, e sim para não ter a crise. No geral elas começam fazendo o que o médico passou, acham que estão curadas e não continuam o tratamento", diz Raissa Cipriano, presidente da Asbag (Associação Brasileira de Asma Grave).

O problema é que quem não segue corretamente o que o médico diz usa a bombinha toda hora e se expõe a alguns riscos preocupantes. Apesar de parecer só uma bomba que leva ar ao pulmão, o aparelho contém corticoide, medicamento que tem ação anti-inflamatória, muito útil no controle da asma. O problema é que em doses muito elevadas, ele causa obesidade, aumenta a resistência à insulina, eleva riscos de catarata e glaucoma (em quem tem predisposição) e aumenta a perda de massa mineral óssea (que está relacionada à osteopenia e osteoporose).

"O corpo produz o cortisol, aquele hormônio do estresse, que não deixa de ser um corticoide endógeno. Quando você usa o externo (exógeno), o corpo entende que já tem corticoide lá e para de produzir. Só que ao usar com frequência exagerada o corticoesteroide exógeno, desregula o eixo do corticoide endógeno, o que pode predispor outras doenças", explica João Carlos Elias Rio, pediatra e endocrinologista pelo Hospital das Clínicas de São Paulo.

O mais importante é seguir a orientação do médico

"O asmático é como o hipertenso ou o diabético: ele começa a parar com o remédio logo que melhora", diz Roberto Stirbulov, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Para que as crises não voltem e a doença não evolua para uma forma mais grave, resistente aos tratamentos, a medicação deve ser seguida à risca, na frequência indicada pelo médico. E aderir corretamente ao tratamento é, sim, o uso continuado de medicamentos com ação anti-inflamatória, como as bombinhas, que pode ser associado a medicamentos de alívio, com efeito broncodilatador.

O SUS (Sistema Único de Saúde) fornece tratamento desde 2011 aos asmáticos. "Realmente, é difícil ter acesso às bombinhas, mesmo no SUS, porque ele demanda protocolos burocráticos. Mas o paciente deve persistir, para ter qualidade de vida", diz Cipriano.

Além disso, reduzir a exposição aos fatores de risco diminui as chances de crises.

* Repórter viajou a convite da GSK