Exercício, frio, estresse, obesidade, ansiedade: conheça gatilhos da asma
"Eu tentava respirar e o ar não vinha". Esse é o relato de uma paciente com asma, divulgado durante o Congresso Brasileiro de Asma, em João Pessoa, na Paraíba, nesta quinta-feira (15). A doença crônica, que faz parte da vida de 20 milhões de brasileiros, é genética, mas alguns fatores aumentam o risco de alguém desenvolvê-la.
Os que mais preocupam são a obesidade, que afeta 18,9% da população brasileira, de acordo com a Vigital (Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), e a rinite, que chega a atingir quase metade da população adulta no país, como informa o III Consenso Brasileiro sobre Rinite.
Estudos mostram que o ambiente e suas mudanças influenciam a forma como as doenças crônicas se manifestam, inclusive a asma. Abaixo, listamos sete gatilhos e como lidar com eles.
Exercício físico
Em algumas pessoas, a asma pode ser induzida pelo exercício físico e outras atividades extenuantes que naturalmente resultam na falta de ar, como subir escadas. A respiração pesada e a desidratação podem estreitar as vias aéreas para os pulmões, causando a chamada broncoconstrição.
Os especialistas, entretanto, alertam que isso não é argumento para o asmático não praticar exercício. Parar de se mexer com medo das crises faz o paciente perder os benefícios de saúde que a atividade pode trazer, levando inclusive à depressão, muito comum entre asmáticos.
Se o paciente trata a asma corretamente, ele pode prevenir os sintomas, mesmo durante o exercício. Além disso, o aquecimento e alongamento antes do exercício é essencial para soltar as vias aéreas e mover o muco antes e retardar a respiração gradualmente depois.
Frio
Segundo Roberto Stirbulov, pneumologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, no inverno, um a cada 20 atendimentos no centro médico da Santa Casa é causado por asma.
Quando o ar frio e seco atinge as vias aéreas, os brônquios, corredores de ar nos pulmões, se contraem, causando a falta de ar. O ar frio contém menos umidade, e respirar pode secar as vias aéreas. Isso também pode causar o espasmo das vias aéreas.
Além de usar o inalador, uma pessoa com um ataque de asma induzida pelo frio deve tentar chegar a um ambiente mais quente o mais rápido possível. Depois de respirar o ar quente por vários minutos, as vias aéreas devem começar a se abrir e os sintomas devem diminuir rapidamente.
Obesidade
A relação da obesidade com a asma pode ter dois caminhos: o paciente já é obeso e vira asmático ou ele é asmático e se torna obeso. "Para se ter ideia, 60% dos pacientes com asma grave nos Estados Unidos são obesos", diz Stirbulov. Como ambas as doenças têm ligação com a inflamação do corpo, elas estão fortemente relacionadas.
A gordura produz mediadores inflamatórios, muito agressivos, como a interleucina 6, um dos fatores que causa a tal cascata da asma (inflamação que gera a broncoconstrição). Além disso, o excesso de peso limita a expansão do pulmão, o que prejudica seu funcionamento total. Por fim, a obesidade também aumenta a resistência dos receptores de corticoide, prejudicando a eficácia do tratamento da asma.
Mas os dados não são de todo ruins. De acordo com o pneumologista, se um obeso asmático perder 5% do peso, em três meses ele melhora seu quadro, diminuindo as crises e controlando a doença.
Rinite
A asma e a rinite fazem parte do mesmo grupo genético. "Pensando na quantidade de gente que tem rinite, inclusive no Brasil, temos um dado alarmante: 35% das pessoas quem têm rinite podem ter asma", diz Stirbulov.
O componente genético em comum entre as doenças cria um ambiente no organismo favorável para ambas aparecerem. Junto a um fator externo como pólen ou ácaro, a reação imune contra os brônquios ocorre.
Estresse e ansiedade
Lembra-se da tal inflamação, que está ligada à asma e à obesidade? Bem, ela também é causada pelo estresse e pela ansiedade.
Esses transtornos mentais podem piorar a inflamação e provocar falta de ar ou dificuldades respiratórias, os quais podem exacerbar os sintomas da asma. E o contrário também ocorre. Ter uma asma mal controlada também deixa o indivíduo mais estressado, o que pode piorar o quadro.
Para evitar o problema, é essencial que a pessoa gerencie a asma e, portanto, viva com menos estresse.
Fontes: Roberto Stirbulov, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; João Carlos Elias Rio, pediatra e endocrinologista pelo Hospital das Clínicas de São Paulo; Raissa Cipriano, presidente da Asbag (Associação Brasileira de Asma Grave); Emilio Pizzichini, pneumologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e professor de medicina da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
*A jornalista viajou a convite da GSK
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