Pais e autismo: após declaração de Mion, conversamos com especialistas

Receber o diagnóstico de autismo de uma criança pode afetar os pais e as pessoas próximas a ela de formas diferentes. Medo, preocupação demais ou até mesmo a negação são alguns dos sentimentos presentes no momento da notícia, mas o preparo da família e seu papel é fundamental no tratamento.
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Em uma foto compartilhada recentemente no Instagram, Marcos Mion se declarou para seu filho Romeo, que tem TEA (Transtornos do Espectro Autista): “[...] Somos nossa melhor versão 24 horas por dia por causa deles! [...] Não precisamos de cura, mas sim de compreensão e respeito. Apenas isso!” Não é a primeira vez que o apresentador conta para seus seguidores sobre a rotina com o filho. Mion costuma alertar sobre a conscientização da doença e a dizer sobre como a convivência com Romeo mudou sua forma de enxergar as coisas.
Uma espécie de pane no desenvolvimento neurológico, o transtorno costuma ser identificado quando a criança tem cerca de 1 ano e meio, segundo Erasmo Casella, chefe da Unidade de Neurologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. “Geralmente é nessa idade que os pais reparam nos primeiros sinais, que vão desde o olhar perdido à inquietação constante ou a movimentos repetitivos, como o abanar de mãos”, diz o médico.
Mas Casella ressalta a dificuldade da família em acreditar no diagnóstico em um primeiro momento: “Uns sentem raiva do mundo outros negam a doença. Mas cada vez mais percebo uma aceitação. Acredito que isso venha do fato que as pessoas estão mais informadas e percebam que, se estimulada e bem tratada, a criança tem uma melhora significativa.”
Papel dos pais é fundamental no tratamento
O tratamento do autismo é multifuncional e precisa englobar tanto a família quanto a escola para ter maior chance de sucesso. Segundo Casella, não existe um medicamento para curar o transtorno, mas sim para alguns sintomas como agressividade e insônia. “A reabilitação, no entanto, é efetiva. Feita com terapia comportamental, que é intensa, ela pode assustar os pais no começo, mas eles têm que entender sua importância”, diz o médico.
Aos olhos dos pais e parentes, a terapia comportamental parece forçar a criança indefensável a fazer coisas que ela não quer, como se fosse um treino pesado. “Mas isso solta o autista. Não sabemos como, mas isso faz com que ele passe a entender melhor a comunicação.”
Boa parte desse tratamento se estende para a própria casa do paciente, e é aí que entra o papel dos pais. “Isso é fundamental. O tratamento dá muito certo quanto os pais estão envolvidos. É nessa hora que as crianças vão aprender a fazer tudo”, diz Casella.
Incentivá-las e ensiná-las a fazerem coisas básicas como se vestir e escovar os dentes é essencial para o desenvolvimento, mas é preciso tomar cuidado com a superproteção. “É muito importante o desenvolvimento da independência e da compreensão de limites”, afirma Ana Maria Mello, superintendente do AMA (Associação de Amigos do Autista).
A família e os amigos devem se informar
“Familiares e amigos têm que entender o que a criança tem. Convidá-los a socializar com o paciente ajuda muito. E o mesmo vale para os amigos da escola”, indica Casella. Ana também recomenda a orientação em grupos de apoio: “De maneira geral, é importante que a família se informe o máximo possível. Uma associação de pais desempenha um papel muito importante porque propicia informação, orientação e troca de experiências.”
Além disso, o afeto e a proximidade dos pais é imprescindível para a criança se sentir acolhida e segura: “A palavra-chave, para mim, é amor. Um amor tão grande que nos conduz a fazer tudo que for possível para ajudar o filho a se desenvolver, adquirir noção de limites, autocontrole e a maximizar sua capacidade de aprendizado, para que todo o potencial que ele tiver possa ser desenvolvido”, conclui Ana.
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