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Substituição de lipídios: por que é mais difícil perder peso quando envelhecemos

Redação - BBC News Mundo

12/09/2019 18h48

Muitas pessoas têm dificuldade de controlar seu peso à medida que envelhecem, mas novas pesquisas descobriram o motivo e o estudo pode ajudar a conter a epidemia de obesidade que afeta o mundo.

Acontece com quase todo mundo à medida que envelhecemos. Controlamos o que comemos, tentamos ser ativos, mas, quando chegamos à balança, o que ela mostra nos enche de decepção: ganhamos peso.

Compreender por que isso ocorre é fundamental em um mundo que está passando por uma epidemia de obesidade e as complicações de saúde que isso implica.

Agora, uma nova pesquisa descobriu por que muitos de nós carregamos mais quilos com a idade.

Isso tem a ver com o fenômeno chamado reposição lipídica, de acordo com pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia.

O que é isso?

A substituição ou reposição de lipídios é a capacidade do organismo de armazenar e eliminar lipídios para regular a massa de tecido adiposo - formado pelas células que acumulam gordura.

O excesso de massa corporal está diretamente associado a uma diminuição nas taxas de remoção de lipídios adiposos.

É isso que nos afeta, à medida que envelhecemos e acontece mais facilmente o ganho de peso, apesar das mudanças na dieta ou nos exercícios que fazemos, disseram os cientistas.

Os pesquisadores do Instituto Karolinska coletaram as alterações de peso e os processos moleculares registrados por quase 100 indivíduos (homens e mulheres) durante 13 anos.

Nesse período, todos os indivíduos, independentemente de terem ganhado ou perdido peso, demonstraram uma redução na substituição lipídica.

E a incapacidade de se ajustar ao que comeram durante esse período de 13 anos está relacionada a um aumento de 20% no peso corporal, disse Kirsty Spalding, um dos principais pesquisadores, ao site do Instituto Karolinska.

"A saúde em geral é afetada por um aumento no tamanho das células adiposas (gordura), portanto, à medida que você envelhece e come alimentos na mesma proporção, e não se ajusta ao fato de não estar queimando da mesma forma, suas células crescerão em tamanho e isso terá consequências negativas para a sua saúde", afirmou.

Melhorar o ritmo em que a gordura é queimada

Os pesquisadores também examinaram a substituição lipídica em 41 mulheres submetidas a cirurgia bariátrica, um procedimento que reduz o tamanho do estômago com um ligamento ou remove parte dele.

Eles estudaram como suas taxas de reposição lipídica afetaram sua capacidade de controlar o peso entre quatro a sete anos após a cirurgia.

Os resultados mostraram que apenas aqueles que manifestaram uma baixa taxa antes da cirurgia foram capazes de aumentar a reposição lipídica e manter a perda de peso.

A explicação, disseram os pesquisadores, é que essas pessoas tinham mais espaço para melhorar a reposição lipídica do que aquelas que já haviam mostrado altas taxas antes da cirurgia.

Os resultados são particularmente encorajadores para pacientes que inicialmente apresentam baixas taxas de reposição lipídica, porque isso significa que eles podem melhorar sua capacidade de queimar gordura.

O exercício segue sendo fundamental

Anteriormente, o exercício costumava ser associado à taxa em que os humanos queimavam gordura, mas essas descobertas apresentam novas possibilidades para intensificar esse processo.

Além de enfatizar o que já se sabe sobre os benefícios do exercício, os cientistas também sublinharam a importância de procurar novos métodos e estratégias de tratamento que possam realmente acelerar a taxa em que queimamos gordura.

"Os resultados indicam pela primeira vez que os processos em nosso tecido adiposo regulam as alterações no peso corporal durante o envelhecimento de maneira independente de outros fatores", disse Peter Arner, professor do Departamento de Medicina do Instituto Karolinska e um dos principais autores do estudo.

"Isso pode abrir novas maneiras de tratar a obesidade", acrescentou.

As complicações da obesidade e do sobrepeso atingiram níveis epidêmicos no mundo.

Estima-se que 13% da população mundial seja afetada pela obesidade, uma das principais causas de problemas cardiovasculares e metabólicos.